Extraído
do site : http://www.psicologiasandplay.com.br/wp-content/uploads/2010/04/a_crianca_superdotada.pdf
Autora
: Renata Whitaker Horschutz
Ser um
superdotado significa situar-se acima da média das outras pessoas em relação a
alguma habilidade relevante.
Porém,
não necessariamente têm um desempenho escolar exemplar em todas as disciplinas, ou são brilhantes em
tudo o que fazem, podendo até ter
desenvolvimento abaixo da média em algumas matérias, ou não se sentirem estimulados com o
ensino convencional.
Mas
podem apresentar habilidade surpreendente em áreas específicas.
A
diferença entre o superdotado e o gênio é que este muda a concepção do mundo em
sua época, com propostas inusitadas, antecipatórias. Já o superdotado faz
propostas criativas, reformula soluções. Portanto, todo gênio é superdotado,
mas nem todo superdotado será um gênio.
Os
superdotados são criativos e se interessam muito pelas tarefas que escolhem.
TRAÇOS COMUNS AOS SUPERDOTADOS :
•
Rapidez e facilidade de aprender, abstrair ou fazer associações;
•
Criatividade;
•
Capacidade de analisar e resolver problemas;
•
Independência de pensamento;
•
Habilidade excepcional para alguma atividade: arte, música, informática,
ciência, cálculo, ou outros talentos;
•
Curiosidade e senso crítico exagerados;
• Senso
de humor;
•
Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;
•
Liderança;
•
Aborrecimento com a rotina;
•
Dificuldade com regras;
•
Hipersensibilidade;
•
Impulsividade;
• Poder
de persuasão;
•
Concentração em áreas de interesse;
• Bom
vocabulário;
•
Observador;
• Boa
memória;
•
Persistente no empenho em satisfazer os seus interesses e questões;
•
Crítico em relação a si mesmo e aos outros;
• Não é
propenso a aceitar afirmações, respostas ou avaliações superficiais;
• É
sensível a injustiças, tanto no nível pessoal como no social;
• Gosta
de investigar, faz muitas perguntas; tem grande imaginação e fantasia;
• Vê
relação entre objetos;
• Tem
sempre muitas idéias;
Apesar
de todos estes talentos, nem sempre é fácil ser superdotado. Alguns destes indivíduos
passam por dificuldades de relacionamento social. Muitas vezes procuram a companhia
de pessoas mais velhas, na tentativa de encontrar um interlocutor com o mesmo nível
intelectual ou com o mesmo nível de interesse.
Algumas
crianças superdotadas manifestam o desejo de ficarem sozinhas com mais freqüência
do que outras, para satisfazerem seus interesses pessoais. Os pais e
professores devem respeitar tal necessidade, embora devam se manter atentos
para que ela não se transforme num total
isolamento.
Segundo
o psicólogo Bruno Campello, a hipersensibilidade, que muitos superdotados possuem,
pode ser exemplificada por meio de um poema da escritora Pearl Buck:
“... um toque é um golpe,
um som é um barulho,
um azar é uma tragédia
uma alegria é um deleite,
um amigo é um amante,
um amante é um Deus
e o fracasso é a morte.”
Os
superdotados olham o mundo através de lentes de aumento e, por serem diferentes
da maioria, enfrentam dificuldades em se
adaptar a um mundo que não foi feito para pessoas como eles. No caso do
Brasil, a situação agrava-se pela falta de oportunidades para o desenvolvimento
de talentos.
As crianças superdotadas em geral são
emocionalmente diferentes, pois suas aptidões intelectuais e criativas
desenvolvem-se em um ritmo mais elevado que suas outras capacidades,
que evoluem com normalidade. Sendo mais sensíveis
que as outras crianças, fazem-se mais perguntas de cunho existencial, para
as quais não conseguem encontrar resposta sem ajuda externa, o que as deixa
emocionalmente vulneráveis. A
resistência em aceitar regras é comum entre os superdotados, pois muitas vezes
eles não as consideram justas nem necessárias. Os pais e a escola devem
analisar os limites que estão impondo e explicar à criança os motivos dessa
conduta. Outra dificuldade a enfrentar é
a falta de tolerância que o superdotado tem para com os outros. Para que isto
melhore é preciso ajudá-lo em seu processo de auto-conhecimento, fazendo-o
perceber que a convivência em sociedade exige esforço e compreensão.
Tanto a família como a escola podem
favorecer o processo de enriquecimento, fornecendo material que ajude
a matar a curiosidade da criança, realizando atividades especiais, valorizando sua curiosidade,
ajudando-a a encontrar livros, sites e estudos interessantes sobre diversos
temas por ela escolhidos.
Tendo
os superdotados necessidade de cuidados e estímulos para canalizarem todo o potencial
de suas habilidades de forma positiva, devem ser monitorados por especialistas.
Sem acompanhamento adequado, eles podem
querer se igualar à média, atrofiando-se para tal. Podem se
rebelar e usar seu potencial contra si mesmos ou contra o grupo social de que fazem
parte.
Como já
mencionado, os superdotados nem sempre
têm desempenho brilhante na escola, e por vezes são alunos indisciplinados ou muito agitados.
Se seus professores não lidarem com este
tipo de comportamento de forma paciente, a situação tenderá a piorar e a
tornar-se repetitiva.
Assim, quando um assunto não
é de interesse do aluno,o professor precisa saber mostrar-lhe a utilidade
daquele aprendizado, para que ele se interesse. Como o superdotado assimila muito mais
rápido que a média dos alunos, ele distrai-se facilmente, devido ao tempo que passa
ocioso, passando igualmente a distrair o resto da classe, pois a aula passa
a se tornar repetitiva. O próprio
superdotado muitas vezes prejudica-se com isto, porque o professor aborrece-se
e o retira da aula, ou ele fica dispersivo no decorrer da aula, enquanto a
matéria avança, e não se dá conta
disto, o que vem a refletir-se em seu desempenho nos métodos
de
avaliação. Porém, muitos superdotados,
principalmente os mais criativos, não se importam com as notas. Com estes,
receber punição não os motiva a melhorar seu comportamento. Crianças
criativas rebelam-se perante uma abordagem rígida, na qual se diz a elas o que
devem aprender e o que devem considerar como verdadeiro.
Nestes casos, a melhor conduta para o
professor é aliar-se a elas, dando-lhes atividades que as mantenham ocupadas,
para que não perturbem o andamento da classe, como pedir-lhes que
ajudem colegas com dificuldades. Desta forma, elas se sentirão úteis e contribuirão
para o bom andamento das aulas.
Embora
os superdotados sejam alunos difíceis, que exigem paciência e dedicação, mantendo
com eles um diálogo aberto, franco e afetivo, o professor terá neles aliados, alunos
calmos, muito interessantes e de convívio prazeroso.
Os superdotados precisam de estímulos e atenção
extra, mas não devem ser segregados.
A escola é a área onde podem
apresentar melhor ajuste ou pior desajuste, tanto acadêmico como social.
Precisam de orientação, principalmente no campo emocional. Estas crianças precisam das mesmas coisas que as outras, às vezes em
maior quantidade: acolhimento, compreensão,
sentimento de pertencer ao grupo, o que nem sempre ocorre, em primeiro lugar
por serem diferentes do grupo, fato rapidamente percebido; e esta percepção
pode provocar desconforto nas pessoas que com eles se relacionam.
Se estas dificuldades não são contornadas,
estas crianças tornar-se-ão adultos que desperdiçam seu potencial intelectual,
por dificuldade de se relacionar com o mundo exterior.
Alguns superdotados passam
por dificuldades nos relacionamentos sociais devido a sua falta de paciência e
de tolerância. É
preciso ensiná-los a ter empatia pelo outro, a se colocar no lugar do outro,
ensiná-los a não dizer o que lhes vem à mente, a perceber quando o seu assunto
não está agradando, a aprender a ouvir e a
respeitar o outro, não o humilhando ou envergonhando, a mostrar-se
interessado nos assuntos e nas brincadeiras das outras crianças, a saber quando
não interromper, não fazer comentários irrelevantes ou inconvenientes, não
falar de assuntos totalmente contrários ao que está sendo falado no grupo. Estas
falhas sociais acontecem com os superdotados devido à rápida velocidade de seu
pensamento e raciocínio, e à grande quantidade de conexões e informações que se
dão em seu cérebro. Precisam aprender a parar, pensar e agir, sabendo que suas
ações têm conseqüências tanto para si como para os outros.
Os superdotados normalmente apresentam uma
reação excessiva à frustração ou à provocação, faltando-lhes sutileza na hora
de responder. Podem carecer de autocontrole suficiente para
modelar o nível de suas respostas, apresentando uma fúria incontrolável, que pode
lhes causar dissabores pois, quando vem o arrependimento, percebem que é tarde demais.
A
criança deve ser encorajada a desenvolver o autocontrole contando até dez,
respirando profundamente, tentando manter-se calma. Deve-se ensinar-lhe
técnicas de relaxamento.
É importante
também que aprenda alternativas ao “responder atacando”, quando briga com algum
colega. A criança deve ser estimulada a usar palavras e não ações para
expressar sua ira, ou a pedir à outra pessoa que a deixe sozinha, ou ainda ir
em busca de um adulto, para que este aja como árbitro.
O nível
de stress da criança pode ir aumentando paulatinamente por outras questões, e
um determinado incidente pode se tornar um “detonador” dos sentimentos
reprimidos durante algum tempo. Neste caso, o episódio de ira atua para ela
como “alívio”. Porém, esta conduta se reforça negativamente, contribuindo para
que a criança acabe com um sentimento negativo de culpa e baixa auto-estima.
As
conseqüências dos atos dos superdotados são temas de discussão, porque sua
alta inteligência não pode ser uma licença para comportar-se
irresponsavelmente, mas é importante que tanto a família como a escola tenham
toda a informação e perspectivas disponíveis antes de tomarem as providências com
relação a suas atitudes, para que estas sejam o mais apropriadas possível.
As
crianças superdotadas são um desafio. Os professores e os pais precisam
desenvolver a calma e serem previsíveis em suas reações emocionais, devem ser
flexíveis com o desempenho seu escolar e aprender a vislumbrar seu lado
positivo. Um senso de humor desenvolvido ajuda.
Há
professores que conseguem lidar muito bem com estas crianças e elas se
desenvolvem bastante, tornando-se cooperativas. Porém, há casos em que a convivência se torna um “desastre” e grande
fonte de stress para todos. Se o professor e a criança são compatíveis, isto se refletirá nas atitudes das outras
crianças da classe também. O professor é um exemplo e a forma como ele
trata o aluno superdotado (ou não) será também a forma como os demais alunos
aprenderão a tratá-lo.
Também
é importante que o professor tenha o apoio emocional e prático de outros
colegas professores e da administração da escola, porque cabe também a esta
proporcionar à criança algumas premissas especiais, tais como ouvir seus
interesses, motivá-la nem que seja fora da aula, valorizar suas idéias,
ajudá-la a explicar ao grupo quando este não a entender, perceber se há algumas
regras em relação às matérias que estão sendo ensinadas que podem ser
flexibilizadas, como solicitar a demonstração de como o aluno chegou a um
resultado de certa conta, quando o professor souber que o aluno é capaz de resolver o
problema de cabeça, pois isto para um superdotado é entendido como um trabalho
supérfluo. Então, caso julgue
necessário, o professor precisa explicar por qual motivo ele precisa demonstrar
como chegou ao resultado.
O professor de uma criança superdotada
precisa ser alguém que compreenda e conheça suas peculiaridades, deve ser um
orientador com o amadurecimento necessário para ajudar e estimular a criança a
conseguir metas. Não pode ser somente um transmissor de conhecimentos, mas
sim uma pessoa inovadora e criativa. As crianças superdotadas desejam
aprender e descobrir por si próprias, mas precisam de orientação.
O superdotado é considerado uma criança
sensivelmente desafiante e emocionalmente impulsiva, por isso é
importante que a direção da escola informe todos os professores sobre as
singularidades do tipo de criança com quem irão lidar, dando-lhes orientação
sobre como devem agir.
Tanto os pais como os professores precisam
ser claros com a criança, explicando-lhe que ela tem um talento especial, que é
muito inteligente, que aprende muito rápido, mas não é melhor que os outros. É importante ressaltar que, no grupo
social, é a diversidade de talentos que traz a diversão e o desenvolvimento, e
que cada pessoa tem uma contribuição valiosa a dar.
Ela
precisa ter a certeza de que seus pais e a escola a compreendem e de que poderá
falar sobre suas dificuldades sempre que necessitar. Dessa forma, tanto a
escola como a família a ajudarão, para que desenvolva uma boa auto-estima.
É dever dos professores e dos
pais estimular a convivência da criança superdotada com outras crianças,
ajudando-a a encontrar amigos capazes de desenvolver e compartilhar determinadas
atividades e descobrir os talentos complementares dos outros.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
www.mensa.org.br
wikipédia,
a enciclopédia livre
Bruno
Campello: http://www2.vol.com.br/jc/sites/limites/texto/texto_video_entrevistahtml
http://www.altashabilidades.com.br
Gostei muito, Cláudia! Obrigada por sua dedicação. Artigos como este aumentam minha confiança e otimismo, especialmente para conversar com professores e orientadores educacionais.
ResponderExcluirComo a valeria comentou,esse artigo é otimo .
ResponderExcluirEngraçado lidar c/ um superdotado é como lidar uma caixinha de surpresa ,só depende de todos nos trasformar essa surpresa em algo muito bom,estou aprendendo muito sobre o assunto estou adorando .Não entendo como não a interesse dos professores sobre tal assunto ,é uma pena .
Minha vida, meus amores.. Venha participar do meu Grupo do Facebook ; Mãe de Crianças Superdotadas".. me chame no face.. se identifique.. diga quem vc é e que quer entrar no grupo, que vc vai adorar, ainda mais, sobre este tema, discussão entre pais, enriquecedoras, por sinal, artigos, etc.. o grupo é composto de pais, especialistas, superdotados e pessoas interessadas no tema !
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirMuito bom!
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