Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 25 de julho de 2012

A atenção ao aluno que se destaca por um Potencial Superior (Parte 2)


Extraído do site : http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2006/01/a4.htm



Tendências Atuais no Cenário Internacional




É importante divulgar no país o que ocorre no cenário internacional no que diz respeito à educação do aluno com altas habilidades, especialmente entre aqueles responsáveis pela implementação de políticas educacionais. Neste sentido, apresentamos as tendências atuais, identificadas com base na participação em congressos e na análise de publicações na área, incluindo livros e periódicos como Gifted Education International, Gifted Child Quarterly, Gifted and Talented International e Roeper Review :



(a) Expansão da clientela atendida. Classes e escolas especiais, programas de verão – especialmente em universidades -, nas quais são oferecidos cursos em áreas diversas, competições e olimpíadas, programas de enriquecimento sob a forma de atividades extracurriculares na escola ou fora dela, e programas para talentos específicos supervisionados por mentores são algumas das propostas educacionais, voltadas ao superdotado, em vigor em diferentes países, para crianças e jovens desde a educação infantil até o ensino superior.



(b) Investimento na formação de professores. Para atender de forma adequada o aluno com altas habilidades, além de apresentar um conjunto de atributos desejáveis ao docente como versatilidade de interesses, criatividade, entusiasmo e experiência de ensino e alto nível de preparação, também é indispensável uma formação inicial e continuada na área de superdotação.




(c) Implementação de uma confluência de abordagens que permitam uma aprendizagem acelerada e experiências de enriquecimento em áreas diversas. Entre as modalidades de programas mais utilizadas, destacam-se a aceleração e enriquecimento. A primeira caracteriza-se por possibilitar ao aluno cumprir o programa escolar em menos tempo ou iniciar mais cedo o seu programa escolar. Por outro lado, o enriquecimento pode ser implementado pela inclusão de novas unidades de estudo, investigação mais ampla e profunda a respeito dos tópicos previstos no currículo, utilizando o aluno um maior número de fontes de informação, ou desenvolvimento de projetos originais a respeito de tópicos de interesse do aluno, sob orientação do professor ou de um tutor. O enriquecimento pode ser levado a efeito tanto na própria sala de aula como por meio de atividades extracurriculares. Segundo Eyre (1997), três aspectos devem ser considerados na estruturação de estratégias educacionais para o superdotado: ritmo acelerado de aprendizagem, profundidade e amplidão no estudo de tópicos do currículo ou de interesse do aluno.



(d) Reconhecimento crescente de que as necessidades do superdotado passam pelas áreas cognitiva, afetiva e social, a serem levadas em conta nas propostas educacionais. Considera-se que, em programas para alunos superdotados, deve-se promover um ambiente que tanto favoreça o seu ajustamento emocional, como atenda as suas necessidades sociais. Observa-se que isto tem refletido nas metas propostas em vigor, cujos objetivos extrapolam a área cognitiva e acadêmica. Muitas vezes, a falta de sintonia entre as suas necessidades emocionais, sociais, cognitivas e educacionais e as condições e oportunidades oferecidas pela sociedade pode desencadear, no superdotado e talentoso, conflitos intra e interpessoais.



(e) O processo de identificação do aluno superdotado deve incluir uma multiplicidade de fontes de informação e instrumentos. Como não existe um perfil único de aluno superdotado, é necessário diversificar os procedimentos de identificação e avaliação destes alunos. Isto é especialmente importante no caso de alunos desfavorecidos socioeconomicamente ou alunos com dificuldades de aprendizagem, em que o uso exclusivo de medidas tradicionais (como, por exemplo, testes de inteligência ou rendimento escolar) pode mascarar o potencial superior destes alunos.



(f) A avaliação do aluno superdotado e talentoso é um processo contínuo, ou seja, não se restringe à sistemática de identificação do mesmo. É necessário que, após o aluno ser integrado ao programa de atendimento ao superdotado, ele seja acompanhado pelo profissional que o encaminhou, no que diz respeito à sua adaptação às práticas adotadas no programa. É importante verificar se as estratégias educacionais e atividades acadêmicas implementadas estão em sintonia com o nível de habilidade, estilo de aprendizagem, estilo de expressão e interesses do aluno.



(g) É fundamental estabelecer uma parceria entre família e escola no que diz respeito ao processo de estimulação das habilidades superiores do aluno superdotado. Não é possível ignorar a influência familiar no desenvolvimento do indivíduo. É necessário que a família seja orientada e esclarecida acerca das características e necessidades do filho superdotado, bem como de estratégias que podem ser utilizadas no contexto familiar com vistas ao desenvolvimento do seu potencial superior. Isto inclui apoiar os seus interesses, valorizar seus esforços criativos, ouvi-lo, discutir com ele estratégias de resolução de problemas, ser responsivo às suas necessidades, apoiar suas aspirações profissionais e monitorar seu progresso na escola e no programa de atendimento ao superdotado.



(h) Reconhecimento da relevância de se preparar o aluno para a definição e solução de problemas, produzindo conhecimento por meio de práticas que envolvam o pensamento crítico e criativo, paralelamente ao cultivo de um conjunto de traços de personalidade como persistência, autoconfiança e independência de pensamento, indispensáveis a uma melhor expressão do potencial superior.



É imperativo divulgar entre educadores o enorme desperdício de talento e potencial humano em nosso país, decorrente das possibilidades limitadas oferecidas ao desenvolvimento e expressão da inteligência, criatividade e talento de expressivo contingente de alunos, especialmente daqueles de família de baixo poder aquisitivo. É inegável que uma boa educação para todos não significa uma educação idêntica para todos. Por esta razão, o professor deve estar atento no sentido de propiciar uma educação de boa qualidade, levando em conta as diferenças individuais e encorajando o desenvolvimento de talentos, competências e habilidades diversas. A escritora Isabel Allende ilustra este cenário de forma cristalina ao relatar sua experiência com uma de suas professoras: “Ela me ensinou a organizar meus pensamentos, a pesquisar, a falar e a ouvir, a procurar alternativas, a resolver velhos problemas por meio de novas soluções, a discutir logicamente. Acima de tudo, ela me ensinou a não acreditar cegamente em qualquer coisa, mas a duvidar, a questionar mesmo quando parecia ser irrefutavelmente verdade”.


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Referências


ALENCAR, E. M. L. S. Brazilian policies and the education of the gifted. 1993. Trabalho apresentado na 10ª. Conferência do Conselho Mundial para Crianças Superdotadas e Talentosas, Toronto, Canadá.
ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. São Paulo: EPU, 2001.
ALENCAR, E. M. L. S.; VIRGOLIM, A. M. R. Dificuldades emocionais e sociais do superdotado. In: SOBRINHO, F.P.N.; CUNHA, A.C.B. Dos problemas disciplinares aos distúrbios de conduta. Rio de Janeiro: Dunya, 1999. p. 89-144.
BAUM, S.; Owen, S. V.; Dixon, J. To be gifted and learning disabled. Mansfield Center, CT: Creative Learning Press, 1994.
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EYRE, D. Able children in ordinary schools. Londres: David Fulton, 1997.
EYRE, D. The English model of gifted and talented education. 2004. Trabalho apresentado na 9ª. Conferência do Conselho Europeu para Alta Habilidade, Pamplona, Espanha. 
GALLAGHER, J. J. Changing paradigms for gifted education in the United States. In: K. A. HELLER, F. J. MONKS, R. J. STERNBERG & R. F. SUBOTNIK (Orgs.), 2. ed. International handbook of giftedness and talent. Oxford: Elsevier, 2000. p. 581-694.
HARTNETT, D. N.; NELSON, J. M.; RINN, A. N. Gifted or ADHD? The possibilities of misdiagnosis. Roeper Review. n. 2, p. 73-76, 2004.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes gerais para o atendimento educacional aos alunos portadores de altas habilidades/superdotação. Brasília: 1995.
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MONTGOMERY, D. Gifted and talented children with special educational needs. London: David Fullton, 2003.
PASSOW, A. H. The nature of giftedness and talent. Gifted Child Quarterly. n. 25, 5-10, 1981.
WU, W. T. (2000). Gifted policies in Taiwan. Gifted International International, n. 15, p. 59-65, 2000.
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Correspondência
Denise de Souza Fleith - SQN 202 Bloco H apt. 504 Brasília - DF 70832-080
E-mail: fleith@unb.br
Eunice M. L. Soriano de Alencar - Programa de Mestrado em Educação - Universidade Católica de Brasília - SGAN 916 Brasília - DF.
E-mail: ealencar@pos.ucb.br

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