Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Parte 4 - Talentosos e disléxicos... Alunos que a Escola Rejeita :Posição da escola


Parte 4


Talentosos e disléxicos...
 Alunos que a Escola Rejeita...


Zenita C. Guenther , Ph.D.




Posição da escola



O trabalho escolar regular utiliza intencionalmente pensamento lógico linear, atua em uma pedagogia seqüencial, introduz conceitos, idéias e fatos sob a forma de “passos” ou “estágios” em seqüência linear. Esse proceder mostra intencional preferência por dispor os ensinamentos passo a passo, e reforçar a aprendizagem pela repetição, revisão e prática com o material aprendido. Funciona em dimensão de tempo, mas não de espaço ; apóia-se amplamente na seqüência auditiva ao partilhar informações.




Por seu lado, o pensamento não linear capta conceitos em um contexto, relaciona um conceito a outros no espaço e assim cria uma imagem mental representativa do significado daquele conceito; facilmente relaciona as novas imagens com as que já possui, formando conexões permanentes, portanto, como regra geral, dispensando repetições no ensino. A pessoa com preferência por pensamento não -linear, efetivamente, “vê” imagens, ao passo que a pessoa com pensamento linear “ouve” uma corrente de palavras interconectadas ...





Portanto, pelo estilo próprio de agir, expresso pelo modo como se organiza, a escola dificulta o funcionamento do pensamento não linear, o que Temple Grandin expressa tão bem, ao lembrar que: “A minha mãe foi a minha salvação no que diz respeito à leitura. Eu nunca teria sido capaz de aprender a ler pelo método que requer a memorização de centenas de palavras.” (veja em www.grandin.com).




Um ponto que não pode ser ignorado é que essas características que dificultam a vida na escola, são precisamente as qualidades que se necessita para grandes realizações na vida. Daí o sucesso alcançado por disléxicos que possuíam também altos níveis de capacidade natural quer dizer - uma alta dotação.  Esse ponto é amplamente documentado por Larisa Shavinina, (2004), que estudando 70 Prêmios Nobel em Ciências Exatas e Saúde, portanto pessoas com reconhecida capacidade verifica :



          - Presença de processos intuitivos, orientação pessoal “pelo instinto”, o que expressam candidamente ao confessar que seguem o “próprio nariz” ;


          - Preferência por intuição à lógica, acreditando como Wilson que “... além da lógica está a intuição”, e concordando que “Imaginação é mais importante que conhecimento” (Einstein) ;



          - Sensação de direção na vida, autoconfiança e segurança pessoal ;


          - “Certeza interior”, com a sensação profunda de estar “no caminho certo”, ao perseguir interesses muitas vezes contrários à maioria dos cientistas qualificados ;


          - Respondem às próprias perguntas, sem seguir paradigmas externos, pois estando na contramão da maioria dos pares, tem por necessidade que se apoiar em si mesmos ...



Curiosamente, os estudos sobre dislexia revelam que tais alunos, pressionados por sua própria organização mental, preferem pensamento não linear, não seqüencial, e não verbal ; tem facilidade para configurações maiores, com pouca atenção a detalhes e ordenação mental do tipo começo – meio – fim ... É exatamente aí que se enraízam as dificuldades e resistências em seguir a via de aprender preferida pela escola ...  Ainda mais, segundo os estudos de Linda Silverman, (2002), é muito elevada a proporção de crianças disléxicas com orientação viso-espacial e preferência por pensamento não linearEm um breve levantamento com alunos dotados, ela encontrou indicação de que perto de três quartos dos alunos dotados preferem pensamento não linear, viso-espacial.





Portanto, uma via para começar o movimento em direção a mudar o modo como as crianças disléxicas são vistas na escola, seria enfatizando a identificação dos alunos com capacidade elevada - dotação, em algum domínio, antes que sejam marcados pela falsa sensação de fracasso em aprender.

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