PARTE 8
GUENTHER, Z. (2009) Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar - desenvolvendo o
talento acadêmico, Rev. Educação Especial, vol 22, 35, p.281-298
Aceleração,
ritmo de produção e trajetória escolar:
Desenvolvendo
o talento acadêmico
Zenita C Guenther, Ph.D
PARTE 8
Em nossos meios tanto educacionais como jornalísticos,
descrever crianças dotadas, (eles dizem superdotadas),
por atributos e características não
levanta grandes controvérsias, pois se limita a listar traços qualificativos e descrições
que “se aplicam a uns mas não a outros
alunos”, como dizem candidamente os próprios autores das listas.
Entretanto, interpretar atributos (traços atribuíveis) em termos de situações
concretas observáveis, produção mental, comportamentos e atitudes, não é uma
temática pacífica, e exige extremo cuidado na comunicação, interpretação e adaptações.
3.4
- O fator “pessoal”
Muitos estudos demonstram que alunos mais capazes
desenvolvendo o mesmo currículo que seus pares de capacidade média ficam entediados,
e perdem o gosto por aprender (Templeton Report, 2004). Mas, a “vontade de
aprender” através do estudo persistente e concentrado, tem que ser uma
expressão de sentimentos e ação do próprio aluno, e não de observadores
externos.
Em algumas modalidades a aceleração é essencialmente uma
medida escolar voltada para interferir no ritmo de ensino dos conteúdos
curriculares, mas, mesmo assim pode ter outras
implicações na vida pessoal e esfera psicológica interna. Por
essa e outras razões, a medida exige que o foco de atenção esteja na vida
pessoal do aluno, em todas as dimensões e interações, e não só no que ele
demonstra “saber” ou “fazer” na escola. Cada
decisão deve ser abalizada por um estudo do aluno, tão completo quanto
possível, abrangendo vários aspectos de sua vida e personalidade, e
circunstâncias em que a aceleração pode ser aconselhada.
Alem do nível de desenvolvimento superior, no
próprio grupo etário, Feldhusen (2002) indica outros aspectos a serem
considerados na decisão sobre acelerar um aluno :
- desenvolvimento geral acima da média do
grupo para o qual será acelerado;
- habilidades escolares acima da média
do grupo ao qual irá pertencer ;
- ausência de problemas sérios de
ajustamento emocional e social;
- maturidade e capacidade para trabalho
independente;
- capacidade de avaliar a própria
produção de maneira realista;
- livre de indevida pressão para avançar ;
- livre de sofrer sensação de fracasso, se não
for acelerado ;
- boa expressão
natural de sentimentos, inclusive quando concorda ou discorda;
- capacidade para trabalhar sozinho, com
responsabilidade e compromisso;
- boas relações com adultos e crianças
mais velhas.
Freeman, (1998), acrescenta certos
cuidados referentes à situação e contexto:
- Não deve existir qualquer pressão para
acelerar ;
- O aluno demonstra estar entre os 5%
extremos em inteligência ;
- O professor que recebe o aluno
sente-se bem sobre o processo ;
- Os pais sentem-se bem sobre a
orientação geral do processo;
- O aluno é efetivamente avançado no
conteúdo curricular ;
- O aluno é emocionalmente estável ;
- O aluno entende o que está acontecendo
;
- O aluno efetivamente quer ser acelerado.
Para alunos corretamente
identificados, a aceleração tem efeitos benéficos que perduram no tempo, tanto
na esfera escolar como social, e trazem imediata satisfação pessoal. Crianças intelectualmente dotadas tendem a ser social e
emocionalmente mais maturas que seus pares etários, e sentem-se bem quando a
aceleração provê convivência com colegas que já têm um maior grau de maturidade.
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