Apesar do meu
nicho ser o das crianças superdotadas e a superdotação como um todo, aqui no
meu blog, também tem espaço para falar sobre alguns transtornos de
aprendizagem. Nada impede que uma criança disléxica também seja superdotada. A
dislexia, aliás, não é nenhum sinal de burrice. Conheço um caso de uma criança
que estuda na escola da minha filha que tem dislexia em grau alto e também tem
superdotação.
Mas,
deixando, por ora, a superdotação de lado, acho interessante trazer para os
meus leitores a informação sobre dislexia.
Paulo Breinis
A dislexia é a capacidade reduzida de compreensão da leitura e da escrita,
resultante de um provável deficit fonológico. As pessoas que a possuem vão ter
dificuldade de compreender a leitura e, geralmente, apresentam erros
ortográficos e escrita inadequada, que podem ocasionar inúmeros problemas a
nível escolar e social.
As crianças com dislexia têm dificuldade de identificar o som das letras,
das sílabas, de palavras e frases. Por esse motivo, a alfabetização, leitura e
escrita ocorrem mais tardiamente. O distúrbio permanece por toda a vida e
adultos que não sentem prazer na leitura podem ser portadores de dislexia não
diagnosticada na infância.
Estima-se que a doença acometa entre 5% e 17% da população e possua causas
genéticas. Há muitos famosos disléxicos, de Charles Darwin a Tom Cruise,
passando por Albert Einstein, Walt Disney, Whoopi Goldberg e Leonardo da Vinci.
Analisando a carreira de cada um deles, fica mais claro entender que, apesar de
a patologia não ter cura, não impede que a pessoa alcance suas metas e
objetivos na infância e na idade adulta.
Em contraponto, a criança que não recebe orientações e tratamentos
adequados pode ser quase que certamente vítima de bullying, ansiedade,
depressão e até rejeitar a escola, ficando totalmente desmotivada.
Os pais devem estar alertas aos filhos na fase pré-escolar, quando há o
primeiro contato com a alfabetização. O baixo rendimento geralmente é o
primeiro ‘sintoma’, embora a parte cognitiva esteja absolutamente normal. Se o
filho parece compreender o conteúdo escolar, respondendo a todas as questões
oralmente, mas os resultados das avaliações escritas são negativos, vale
levantar essa hipótese.
O diagnóstico é feito por uma equipe multidisciplinar composta por
psicólogos, fonoaudiólogos e neuropediatras, geralmente realizado na faixa
etária entre 9 e 10 anos. Os testes são feitos ao término desta fase,
permitindo ao médico descartar outras doenças (diagnóstico de exclusão), como
problemas de audição e visão, entre outros.
Não existe nenhum exame complementar que permita o diagnóstico. O
tratamento não é medicamentoso e sim com terapia de fonoaudiologia e
psicopedagogia. Somente em casos de comorbidades, onde o paciente apresenta,
por exemplo, deficit de atenção simultâneo à dislexia, é que recorremos aos
medicamentos.
O mais importante é respeitar as limitações de cada um. A criança e o
adolescente disléxicos têm o direito preservado por lei de serem avaliados de
maneira diferenciada.
Paulo Breinis
é neuropediatria do Hospital Brasil, médico chefe do setor de Neurologia
Infantil do Hospital São Luis, do Hospital da Criança e do Hospital Santa
Isabel. Foi Professor do Departamento de Pediatria e Chefe do Pronto-Socorro
Infantil da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo por 14 anos.
Fones: (11) 3151.5883 / 3237.261
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Consultório : Avenida Angélica, 1761 - São Paulo,
01227-200
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