Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sábado, 31 de dezembro de 2011

Relato de uma mãe de crianças superdotadas que sofreu nas mãos da diretoria de ensino





Aqui, reproduzo as palavras de uma cliente minha, que chamou o seu texto de “Retrospectiva 2011”, aonde ela relata a sua ótica acerca dos problemas jurídicos que ela teve com a aceleração de série de seus dois filhos, e que eu estou resolvendo, juridicamente, através da intentação de um mandado de segurança. 


As duas crianças foram aceleradas de série e, quando já estavam aceleradas (uma há dois anos e a outra há um ano), a escola em que estudam recebeu a visita de uma supervisora da Diretoria de Ensino, da qual a escola das crianças está subordinada, que, sem conhecer ou se interessar pela vida acadêmica, social ou emocional destas crianças, determinou que elas retrocedessem, imediatamente, às suas séries “originais”, de acordo com as suas idades, sem levar em conta as características de superdotação destas crianças e suas necessidades emocionais e o histórico escolar delas. 



Um verdadeiro show de horrores, que, por ora, encontra-se garantido, por força de uma medida liminar, que eu obtive, em mandado de segurança, que impetrei para regularizar a situação escolar destas crianças e permitir que frequentem, façam provas, tenham direito à emissão de boletim, relatórios escolares e a todos os documentos a que elas têm direito, em suas séries que hoje cursam, aceleradas.



Por sorte e por minha dedicação, envolvimento, encontramos um juiz sensato, que entendeu bem os meus argumentos fáticos e jurídicos e se posicionou pelo bem estar e a favor das crianças.



Abaixo, segue o depoimento da mãe, sobre esta triste e trágica história, envolvendo crianças superdotadas, que foram aceleradas de série :



“Minha retrospectiva do ano de 2011 para a superdotação, engloba tanto as dificuldades enfrentadas como algumas vitórias, ainda que tímidas.


Iniciamos o ano letivo com uma tranquilidade que há muito não tínhamos. Nossos filhos adequados pedagógica e socialmente.


E neste “bom fluir” veio o mês de maio e com ele uma supervisora de ensino que nega a superdotação e determina que nossos filhos retornem à série correspondente à idade cronológica deles, uma vez que ambos passaram pelo processo de aceleração de série.


A sensação foi de termos adentrado dentro de um turbilhão. Uma situação improvável acontecia conosco.


Situação esta que veio a se resolver ( de maneira provisória ) através da concessão de uma liminar judicial, o que garantiu o curso normal das crianças nas séries em que estavam.


Obtivemos uma vitória através do Judiciário. O que para mim e meu marido é uma vitória “lamentável”, pois ela descortinou uma realidade que nós, pais de superdotados, queríamos acreditar que não existia para os nossos filhos: o descaso do nosso País para com a educação.


Durante esse tempo entre laudos, documentos, pressão, fomos vendo que especialmente aqui em São Paulo, não existe apoio à criança superdotada.


A autoridade de ensino, que deveria conhecer leis, aspectos emocionais, pedagógicos relacionados ao tema, simplesmente os negou.


Nesta semana em que escrevo, uma revista de grande circulação nacional traz reportagem falando do investimento que o gigante asiático está fazendo em educação. E nós retrocedendo...


Ao mesmo tempo um passo a frente, talvez ainda um engatinhar: um espaço na mídia através do programa Papo de MãeDescrição: http://www.previewshots.com/images/v1.3/t.gif abordou o assunto de maneira séria.


Conversando com amigos que assistiram ao programa e são leigos quanto ao tema, acharam que faltou esclarecimento, que ficou a desejar.


Sim, eu concordo que é um campo vasto a ser debatido, com muitos aspectos a serem explorados, mas foi sim um bom começo, uma vitória tímida.


Também nesta semana falei por telefone com um repórter de um jornal que pretende fazer uma matéria falando justamente das dificuldades encontradas aqui em São Paulo para que estas crianças e adolescentes sejam atendidos em suas necessidades especiais. Não tenho ainda a data que sairá.



Para o próximo ano, meu filho mais velho inicia um outro ciclo em sua vida escolar: O Fundamental II. O que será que vem por aí ?


Bom, mas este é um papo só para próximo ano !”


Só espero que relatos como este, sejam, num futuro bem próximo, somente lembranças de uma época em que o Brasil agia com descaso com os superdotados e que sentimentos iguais aos relatados, pela mãe, acima, não se repitam por muitas vezes .... Este é um dos meus desejos para as crianças superdotadas em 2.012 ... A garantia de uma educação especializada melhor para as crianças superdotadas (e também para todas aquelas que necessitam de uma educação especial !)



Feliz 2.012, leitores e, muito obrigada pela atenção de vocês, e interesse pelo assunto, ao longo deste ano !!!


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