Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Alta habilidade x desenvolvimento emocional



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15 de março de 2009

“As crianças e adolescentes inteligentes são aquelas que enfrentam situações que poderão ter um impacto negativo no seu desenvolvimento sócio emocional mas, na maioria das vezes, obtêm sucesso.” A definição é da psicopedagoga Patrícia Volpato, especializada em atender crianças com nível de inteligência acima da média em Joinville.


Ela cita a reconhecida pesquisadora no assunto Erika Landau, para explicar que a criança superdotada se parece com o atleta que corre longas distâncias. “Ela está à frente de outras crianças. No entanto, apenas intelectualmente ou em campos específicos. Se não nos mantivermos a seu lado para ensiná-la a vencer o intervalo entre o desenvolvimento emocional, cronológico e o intelectual, que está mais adiantado, ela se sentirá dividida, solitária e usará toda a sua energia para tentar equilibrar esses extremos da sua personalidade.”


A psicopedagoga acredita que a avaliação não deve apenas concentrar-se no QI da criança e precisa servir como auxílio e não apenas como rótulo. “A avaliação consiste na entrevista com os pais, sessões com a criança ou adolescente, observação, jogos e aplicação de testes, e entrevista com o professor.”


Patrícia explica que, hoje em dia, o teste para diagnosticar a alta habilidade é chamado de Escala de Inteligência Wechesler para Crianças (WISC-III).

É composto por 13 subtestes que avaliam questões verbais, não-verbais, compreensão verbal, organização perceptual, velocidade de processamento e resistência à distração”, diz. Ela enfatiza que é muito importante reforçar a ideia de avaliação qualitativa, para saber quais as habilidades que a criança tem preservadas ou muito desenvolvidas e quais precisam ser estimuladas. Assim, fica mais fácil compreender o funcionamento cerebral da criança. A questão emocional, leitura, escrita, aritmética e compreensão textual, quando a criança já é alfabetizada, também são avaliadas.


“Quando falamos em pessoas com altas habilidades, precisamos de um cuidado maior por causa dos diferentes ritmos de desenvolvimento que podem ser observados entre as áreas intelectual, psicomotora, linguística e afetivo-emocional. Um superdotado aprendeu a ler facilmente em uma idade precoce, mas pode encontrar dificuldades na área da escrita. Ou, pode ter uma habilidade matemática excepcional, e não ter o mesmo desempenho em ortografia e escrita”, exemplifica Patrícia.


A avaliação, é o primeiro passo para encontrar um caminho que auxilie a criança com altas habilidades.
O perfeccionismo, a autocrítica e a sensibilidade exageradas podem ser apresentados por crianças com altas habilidades e podem ser grandes geradores de estresse. “O perfeccionismo é saudável quando é uma influência positiva para a pessoa e pode ser não-saudável quando ela não se sente satisfeita com seu próprio desempenho. Assim, pode gerar ansiedade, preocupação e insegurança.”


A psicopedagoga lembra que uma pesquisa da Secretaria de Educação do Distrito Federal, em 2005, uma das poucas realizadas no País, indicou que dos 51 estudantes superdotados que participaram do estudo, 34 foram classificados como perfeccionistas saudáveis e dez como perfeccionistas não-saudáveis. Os resultados somados aos realizados em outros países deixam claro que existe um número significativo de alunos superdotados que necessitam de assistência para buscar uma vida diária equilibrada e saudável emocionalmente.


Em 2005, o Ministério da Educação criou o Núcleo de Atendimento a Altas Habilidades/Superdotação (NAS), órgão que funciona em cada Estado do País e articula políticas públicas para capacitar professores, além de oferecer atendimento aos superdotados. Ele é estruturado em três vias : atendimento ao professor, ao aluno e à família.


Ao professor são dadas orientações tanto para a identificação dos estudantes quanto para melhor inserção deles em sala de aula. Já à família são dadas instruções para que não haja a construção de expectativas que, a longo prazo, comprometam o desenvolvimento emocional das crianças.
Não cabe apenas ao professor a capacitação, mas o apoio de toda a estrutura pedagógica da escola para que a criança com altas habilidades possa se desenvolver com equilíbrio.


No Núcleo de Altas Habilidades da Fundação Catarinense de Educação Especial, em Florianópolis, existem 25 alunos superdotados de escolas públicas e particulares do Estado. Como o núcleo existe há pouco tempo – foi criado em 2007 – não há pesquisas e dados consolidados sobre o tema em Santa Catarina.


O trabalho do núcleo depende dos professores que convivem diariamente com os estudantes. São eles que vão identificar os supostos superdotados. Assim que o aluno é encaminhado para o núcleo é feito o diagnóstico. Se o resultado for um QI acima de 130, o estudante é direcionado para a educação especial voltada para as altas habilidades.


Na opinião da psicopedagoga Patrícia Volpato, quando um estudante com alta habilidade é identificado, a equipe pedagógica da escola, juntamente com o psicólogo, deve propor novas atividades sem tirar o aluno do convívio com os colegas,
porque nem sempre a aceleração é recomendada.


Segundo ela, um ambiente escolar pouco estimulante, com procedimentos rígidos, acreditando que todos devem aprender no mesmo ritmo, pode provocar baixo rendimento dos alunos com altas habilidades.
“Todo o trabalho deve ser voltado a ajudar a criança desenvolver seu potencial, sentindo- se compreendida e aceita”, ressalta.


O Censo Escolar 2006, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), aponta 2.553 meninos e meninas com essas características no Brasil. Mas o número pode estar muito aquém da realidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a proporção de pessoas com altas habilidades varia entre 1% a 3% da população de um País.



No Brasil, como existem 49.581.066 crianças e adolescentes matriculados desde a Educação Infantil até o Ensino Médio (Censo Escolar 2006), aplicando-se o cálculo da OMS, a estimativa é que possa existir até 1.487.431 jovens de 6 a 17 anos com perfil de altas habilidades. Em Joinville, por exemplo, não existe nenhum tipo de levantamento ou estratégia definida para indentificar e lidar com crianças e adolescentes com altas habilidades.


A pedagoga Carmen Eloah Boff, que tem uma vasta experiência como educadora em Joinville e já lidou com crianças com altas habilidades, diz que a superdotação é uma questão bastante polêmica, que merece discussão para ajustar alguns conceitos. “Há 20 anos, uma pessoa superdotada era aquela cujo QI avaliava a habilidade lógica, matemática, espacial e verbal, entre outros.


Hoje, com o conceito de múltiplas inteligências, esse campo se alargou e outras habilidades também precisam ser consideradas”, diz. Mas, para ela, não basta ter sucesso cognitivo. É essencial ter inteligência emocional, o que significa estabelecer boas relações. “Nesse sentido, o superdotado de ontem será o mesmo de hoje?”, questiona.


Existirão realmente gênios ? Carmen acredita que sim, mas em determinadas áreas. “Um músico pode ter uma capacidade excepcional para compor ou reger, mas será um bom marido, pai, filho, amigo, bom provedor e administrador familiar ? Infelizmente, a maioria das escolas ainda está apegada ao conceito de sucesso cognitivo em que ser inteligente é sinônimo de boas notas”, diz.


Ela crê que ser estudioso é louvável e desejável, desde que venha, de brinde, o dom de estabelecer bons e duradouros relacionamentos, de administrar frustrações e insucessos sem ataques de violência. “Todas as pessoas têm grandes potencialidades, mas pergunto : todas serão superdotadas ? Esse conceito precisaria ser revisto.”


A pedagoga acredita que Leonardo da Vinci era brilhante na sua inteligência espacial, visual, criativa e inventiva. “Mas como será que eram seus relacionamentos interpessoais ? É disso que estamos falando. Existe até um preconceito quando a pessoa é difícil de lidar. Ela é taxada de excêntrica ou ‘artista”.


Carmen considera temerário esse rótulo. Afinal, todos tentam superar dificuldades e limites e sorrir ao mesmo tempo, sem prepotência ou orgulho. “Conviver com esse rótulo pode ser doloroso, pois a cobrança social é enorme. Devemos ter cuidado com essas afirmações. É um assunto que merece mais e mais estudos detalhados”, conclui.



A TEMÁTICA DA SUPERDOTAÇÃO NAS TELAS

AMADEUS

O filme mostra a história real da vida e obra de Mozart. Contextualizado no século 18, na Áustria, relata as peripécias da vida de um dos mais grandiosos músicos vistos até hoje, o grande gênio e habilidoso pianista e compositor Wolfgang Amadeus Mozart.

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

Recém-formada no FBI, Clarice Starling (Jodie Foster) se envolve no caso do desaparecimento de uma garota, sequestrada por um psicopata (interpretado por Anthony Hopkins), que está preso, mas devido a sua inteligência superior, ajuda a desvendar o crime.

GÊNIO INDOMÁVEL

Will Hunting (Matt Damon) é um jovem com uma inteligência espetacular para resolver equações e problemas matemáticos complexos, mas que, por ser rebelde, tem passagens pela polícia. Ele é encaminhado para o terapeuta Sean (Robin Williams), que vai tentar ajudá-lo a resolver seus problemas emocionais.

UMA MENTE BRILHANTE

O filme é inspirado na história real do matemático John Nash, interpretado por Russell Crowe. Ele fascinou o mundo intelectual com a descoberta da “teoria do jogo” e tornou-se o astro da matemática. Mas sua ascensão mudou de rumo drasticamente quando seu brilhantismo intuitivo foi afetado pela esquizofrenia.

DEXTER

O desenho animado Dexter Laboratory fala sobre um menino-gênio que possui um laboratório secreto conectado a seu quarto. O garoto está constantemente em conflito com sua endiabrada irmã mais velha, Dee Dee, que parece ter neurônios a menos. Dexter tem um arqui-inimigo chamado Mandark, outra criança superdotada e que tem uma gargalhada muito peculiar. Quase sempre, Mandark, por meio de métodos fraudulentos ou por pura coincidência, assume o mérito das conquistas de Dexter. Mandark sempre inventa planos para poder destruir Dexter e seu laboratório.

THE BIG BANG THEORY

O seriado conta a história de Leonard e Sheldon, dois gênios em física que conhecem fórmulas indecifráveis. Mas ter QI acima de 180 em nada os ajuda a interagir com as pessoas, principalmente as mulheres. Só que tudo muda quando chega uma nova vizinha, que é bonita, mas não acompanha o quociente intelectual dos rapazes. As trapalhadas ficam completas quando eles se juntam aos amigos Raj, que trabalha no departamento de física da universidade, e Howard, o único dos quatro amigos que não é físico nem tem doutorado, sendo constantemente alvo de piadas por isso.


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