Acho a idéia do Ziraldo (que, diga-se de passagem, já que o tema do meu blog é este, que ele é um grande superdotado da nossa história brasileira) interessante e com uma certa lógica. Muito legal o ponto de vista dele, exposto abaixo, de que, a pessoa, de uma forma ou de outra, acabará desenvolvendo algum tipo de inteligência, que não necessariamente a acadêmica, para sobreviver. Porém .... eu não aplicaria com os meus filhos ! ..rs.. Ainda prefiro investir no modelo tradicional acadêmico. Mas, apreciei, muito, a dia dele de investir em leitura, e para não deixar que os nossos filhos se fixem somente no computador, pois este apresenta uma visão meio limitada para as crianças.
Não estou fazendo nenhuma apologia ao fato de que as crianças não devem estudar, ou seguir uma vida acadêmica com disciplina. Mas, achei interessante a visão e a expectativa do Ziraldo, em torno da vida acadêmica de seus filhos, respeitando a individualidade dele, em seus próprios ritmos de desenvolvimento, e, no caso dele, deu muito certo ! Valeu pelas dicas, pelos toques e ... vou levar os meus filhos, com certeza, para assistir a este filme !!!
ENTREVISTA ZIRALDO
Não tem que angustiar a criança com prova na aula
PARA ESCRITOR DE LIVROS INFANTIS, AS FÉRIAS SÃO PARA CURTIR, NÃO PARA TER REFORÇO, E BULLYNG É "INVENÇÃO AMERICANA"
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Cena do filme ‘Uma Professora Muito Maluquinha’
MORRIS KACHANI
DE SÃO PAULO
Uma escola em que não há provas, nem deveres de casa. Em que ler gibi é estudar. Onde um tribunal composto pelos próprios alunos julga os mais indisciplinados.
Por trás do filme "Uma Professora Muito Maluquinha", inspirado em livro homônimo de Ziraldo e que estreou na sexta, esconde-se a visão do autor sobre o que seria uma escola mais adequada.
Ziraldo se diz o leigo mais entendido em ensino fundamental no país. Entre "O Menino Maluquinho", "Uma Professora Muito Maluquinha" e "Flicts", vendeu mais de 7 milhões de livros infantis e percorreu escolas dando palestras para professores de norte a sul do país nos últimos 30 anos.
O filme volta à década de 40 no interior de Minas Gerais e é uma espécie de memória da infância de Ziraldo. A professora em questão, interpretada por Paola Oliveira e inspirada em personagem verídica, encanta os alunos e os moços da cidade (e também o padre...) com seu jeito brejeiro e nada convencional de ser.
Ela entra em choque com a direção do colégio e só leciona por um ano, mas os alunos nunca a esquecerão.
Segundo conta Ziraldo, a turma que teve aulas com ela foi a mais brilhante da história de Caratinga, sua cidade natal -dali saíram deputados, advogados, escritores.
Segundo conta Ziraldo, a turma que teve aulas com ela foi a mais brilhante da história de Caratinga, sua cidade natal -dali saíram deputados, advogados, escritores.
"Com ela aprendemos a ler e a escrever e não sabíamos nada além. Mas nisso éramos melhores que os alunos mais velhos. Quando ela saiu, todos tomamos bomba. Foi só no primeiro ano, depois a gente voou, porque tudo era mais fácil para nós."
Nesta entrevista Ziraldo propõe um método de ensino em que a individualidade de cada aluno é estimulada a todo custo. Provoca com a proposta de o Enem avaliar os professores, não os alunos. Diz que bullying é invenção americana.
E para defender suas ideias, cita a própria família. Dois de seus três filhos não concluíram os estudos escolares. Hoje são bilíngues e bem-sucedidos em suas carreiras (Antonio Pinto como compositor de trilhas e Fabrizia como diretora de cinema; a outra filha é a diretora e cenógrafa Daniela Thomas).
Folha - O que acha da situação educacional brasileira ?
Ziraldo - O Brasil não tem 10% de analfabetos, tem 90%. Quem não lê jornal é analfabeto funcional, não está interessado em nada, é incapaz de se expressar pela escrita e entender o que está lendo. O pessoal está chegando ao vestibular analfabeto.
E as escolas ?
A escola de antigamente não era risonha e franca como se diz por aí, isso é balela. A escola educava para a escola. Agora busca educar para a vida. A gente avançou. Mas há grandes equívocos. A principal prioridade, que é ensinar a ler, a escrever e a contar, foi esquecida.
E os professores ?
O que salva é o heroísmo de alguns. Mas uma educação que precisa de heróis está perdida. E não é só salário. A classe é muito mal assistida pelo governo. Não há congresso ou incentivo para reciclar o conhecimento. O Enem deveria avaliar o professor, não o aluno.
E os pais dos alunos ?
Para poder fazer uma criança leitora, o lar é muito importante. Os pais têm que encher a casa de livros. E ficarem atentos para não deixar a criança chegar à internet sem passar pelo livro. A internet é a maior dádiva do ser humano, quem sabe mais importante até do que Gutemberg. Mas estimula uma curiosidade mais superficial.
O que propõe ?
Eu acho que a lição de casa deveria ser a de escrever um diário. Escrever sobre si, pensar. Este é um projeto meu que será encampado pelas escolas das secretarias estaduais de Educação de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Que acha do bullying ?
Isso é importação dos americanos. A sociedade brasileira não tem esse tipo de intolerância racial. E você demonizar o cara que fica gozando do outro também não é bom, fica aquele negócio da autoridade defendendo o cagão.
Todas as pessoas que conheci de muito sucesso foram molestadas na escola - Caetano Veloso, Lobão, todo mundo. Você vai arrumar proteção pro cara que se deixa ser sacaneado? Deixa ele se virar!
Como foi a educação de seus filhos ?
Os três aprenderam a ler em casa. Era cheia de livros, para todos os lados, e instrumentos musicais. O Antonio era pilhado, não conseguíamos controlar ele e quando decidiu abandonar a escola, deixamos. Foi o mesmo com Fabrizia. Mas eles se viraram, desenvolveram outro tipo de inteligência.
Qual é o legado da professora maluquinha ?
Tem que inventar. Quando ela passa o exercício de encontrar um país que não existe, assim os alunos descobrem 500 países. Outra questão que aparece no filme: não tem que angustiar a criança com prova.
Mas como avaliar se aprendeu ?
Se não aprender o que deve na escola, o aluno vai ficar emperrado, ele próprio vai criar a condição de se melhorar. Aliás, não pode dar aula de reforço nas férias. As férias são para curtir.
FRASES
"Se não aprender na escola, o aluno fica emperrado, ele vai criar a condição de se melhorar"
"Se não aprender na escola, o aluno fica emperrado, ele vai criar a condição de se melhorar"
"O que salva é o heroísmo de alguns. Mas uma educação que precisa de heróis está perdida. A classe é muito mal assistida pelo governo. O Enem deveria avaliar o professor, não o aluno"
"Para poder fazer uma criança leitora, o lar é muito importante. Os pais têm que encher a casa de livros"
ZIRALDO
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