Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PALMAS MAIS UMA VEZ, PARA O GOVERNO DO PARANÁ, QUE DESTA VEZ ESTÁ INCENTIVANDO O TALENTO CINESTÉSICO-CORPORAL



Eu não podia, desta vez, simplesmente publicar o artigo, sem dar o meu comentário, e a minha experiência pessoal e profissional, em torno deste tema. Para quem não sabe, eu fui ginasta, há 24 anos (usava o nome Claudia Muszkat, meu nome de solteira, o Hakim veio depois, quando me casei e retirei o Muszkat), era integrante da Seleção Brasileira, fui campeã brasileira, várias vezes nas paralelas assimétricas, no salto sobre o cavalo, por equipe (representando o Clube Pinheiros), várias vezes campeã paulista no individual geral, por aparelhos, por equipe, etc ... Representei o Brasil em campeonatos Mundiais, competições internacionais, etc.. Mas, na época em que eu treinava (o que tomou a minha infância e a minha adolescência inteira), o Brasil não tinha apoio de absolutamente ninguém.


Lembro-me de ir com o meu pai, aos 12 anos, em algumas empresas de conhecidos dele, em busca de patrocínio, para que eu pudesse ter melhores condições de treinamento, aparelhos, verbas para viajar, representando o Brasil, verba para treinar, comprar os equipamentos e acessórios que nós usávamos, etc, mas, como na época a ginástica olímpica não tinha esta visibilidade que tem hoje (aliás, não tinha nenhuma visibilidade), ninguém se interessava em nos patrocinar. A solução, quando dava, era obter um paitrocínio”, como chamávamos, naquela época.. kkkkk


Às vezes, eu tinha um paitrocínio, mas, tinha vezes, que o paitrocínio não rolava .. Lembro-me quando eu tinha 12 anos e ganhei o meu primeiro campeonato brasileiro (que foi realizado em Porto Alegre), aonde eu fui premiada nas paralelas, no salto sobre o cavalo, segundo lugar individual geral e primeiro por equipe. Tinham nos prometido (e agora não me lembrou de quem partiu esta promessa) que as sete primeiras ginastas do Brasil formariam a seleção brasileira, que representaria o Brasil, no Campeonato Sul Americano de Ginástica Olímpica (na minha época, esta modalidade esportiva chamava-se olímpica e não artística, como é hoje...). Imaginem a minha felicidade, eu, com 12 anos, tinha sido a segunda melhor ginasta do Brasil, campeã brasileira nas paralelas e no salto sobre o cavalo, e tinha sido classificada para representar o Brasil, no Campeonato Sul Americano ??? Fiquei em êxtase !! Mas, a alegria não durou muito, pois logo me informaram (provavelmente, a mesma pessoa que me prometeu que eu iria.. he he) que o Brasil não tinha verbas para levar seus ginastas no Sul Americano, que ficava logo ali, na nossa esquina (na Argentina). Ao mesmo tempo em que eu aprendi a conviver com as minhas euforias, realizações, e destaques, eu também fui obrigada a conviver com A FRUSTRAÇÃO DE MORAR NUM PAIS POBRE, SUBDESENVOLVIDO, QUE NÃO DAVA APOIO PARA OUTRO ESPORTE, QUE NÃO FOSSE O FUTEBOL !!!


Tudo bem, eu pensei, não vão faltar oportunidades ... Mas, o fato é que as oportunidades faltaram ; as minhas conquistas, muitas vezes, vinham acompanhadas destas frustrações, pois isto se repetiu num Campeonato Pan Americano, que seria em Cuba, e num Mundial, a esta altura, já nem me lembro aonde seria e que nós não pudemos ir ... E, a desculpa era sempre a mesma : “O Brasil não tem verbas, para mandar os nossos atletas para esta competição”.


Aprendi desde cedo, o significado do que era “não ter verbas”, o que, de uma certa forma, desestimulava, muito, o nosso treinamento diário. De que nos adiantava treinar 4, 5 horas por dia, abrir mão da nossa infância, do brincar na casa do amigo, de tarde, de poder investir mais em estudar na escola (uma das minhas grandes frustrações ....), se na hora H, não podíamos representar o nosso país, saber como nos sairíamos, porque “ O Brasil não tinha verbas” (para investir naquele esporte, diga-se de passagem) ???


Por isso é que, quando leio uma notícia destas em que o Governo do Paraná, unido com um grupo de empresários resolvem investir naquele esporte que foi a fonte de tanta realização, mas de tanta frustração, durante a minha infância e adolescência, eu fico feliz. Feliz, porque estas atletas que hoje formam a nossa seleção brasileira e as atletas que estão por vir (e que serão mais facilmente identificadas através desta iniciativa, como aborda a reportagem abaixo) não vão precisar treinar, treinar e treinar, abrir mão de muitas coisas da sua vida, da sua infância e da sua adolescência, ouvindo a frase mais frustrante da minha carreira de atleta .... Que venham os novos talentos e parabéns, mais uma vez, ao Governo do Paraná (e também a este grupo de empresários) que, mais uma vez, sabe como incentivar os nossos talentos !!!






Matéria publica no Jornal “ A Folha de SP”, de 28/09/2.011, na Seção Esporte e no site : http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2809201118.htm

Oleg volta ao país com novo chefe


GINÁSTICA
Grupo de empresários contrata técnico ucraniano para dirigir projeto no Paraná



FERNANDO ITOKAZU

DE SÃO PAULO



Depois de três anos, o técnico que ajudou a impulsionar a ginástica artística no Brasil está de volta ao país.

O ucraniano Oleg Ostapenko treinou a equipe feminina do Brasil de 2002 a 2008 e ajudou o país a ganhar seu primeiro ouro em Mundiais e a alcançar finais olímpicas.

Era bancado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), com ajuda do Solidariedade Olímpica, programa de desenvolvimento do COI (Comitê Olímpico Internacional).
Ostapenko retorna ao país convidado por uma parceria firmada entre a Federação Paranaense de Ginástica e o Movimento LiveWright, um grupo de empresários, com apoio do governo paranaense.

Citado várias vezes como o "melhor técnico de ginástica do mundo" e sem recusar o rótulo, Ostapenko afirmou que agora será mais fácil conseguir resultados no Brasil.

"Com toda a estrutura criada, o nível das ginastas de 12 anos é muito melhor do que oito anos atrás", afirmou Ostapenko, cujo português "enferrujou" nos últimos anos.
Sua mulher, a treinadora de coreografia Nadia Ostapenko, serviu como intérprete do treinador durante a apresentação do projeto.
Nadia, porém, afirmou que o marido comandou um treino anteontem e não teve problemas em se comunicar com as ginastas em Curitiba.
"Como são usados muitos termos técnicos, ele falava até sem gaguejar", declarou ela.

Com orçamento de R$ 3,5 milhões no primeiro ano, a ideia é que o projeto conte com 32 centros espalhados pelo Paraná até 2015.
"Queremos ter cerca de 20 mil crianças praticando ginástica até lá", afirmou a secretária-geral da federação e coordenadora técnica do programa, Eliane Martins.

Para o alto nível, o projeto planeja realizar peneiras, com cerca de 13 mil meninas, para tentar detectar cerca de 1% de crianças talentosas.
"Para termos uma campeã mundial ou olímpica, é preciso que a criança tenha o dom da ginástica. Por isso, vamos fazer essa seleção", disse a cartola da federação.

Além de Ostapenko, o programa também investiu para contratar Nellie Kim, do Comitê Técnico da Federação Internacional de Ginástica.
"Ela vai ser uma conselheira internacional", declarou Luis Resende, executivo do LiveWright. "Além de visitar o projeto duas ou três vezes por ano, ela também vai nos ajudar com contatos."








Confederação e COB não fazem parte de iniciativa


DE SÃO PAULO


Formado por empresários, o Movimento LiveWright pretende não somente investir recursos em projetos esportivos de alto rendimento, mas também participar de suas gestões.
"Como vamos aportar recursos, vamos buscar a melhor gestão possível", afirmou Roberto Klabin, membro do conselho executivo.
"Não há a intenção de confrontar ninguém", disse. "Mas, talvez por isso, alguns não vão participar."

Com conselho fiscal e auditoria externa, a LiveWright funciona como uma sociedade anônima, segundo os envolvidos. "Temos metas a serem atingidas ano a ano", disse Luis Resende, executivo da LiveWright.
"Um dos nossos princípios é a independência", afirmou o presidente do conselho executivo do LiveWright, João Paulo Diniz.

A Confederação Brasileira de Ginástica e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) não participam no projeto.
"A relação sempre existirá pois as competições internacionais são via CBG e COB", disse Eliane Martins, coordenadora da iniciativa e ex-dirigente da CBG na gestão anterior. "Mas eles não conhecem o projeto."
As ginastas do LiveWright, movimento inspirado no empresário e investidor Roger Wright (morto em 2009), usarão logomarca dos patrocinadores, ainda não anunciados.
(FI)



2 comentários:

  1. Com certeza, vai aparecer aleatoriamente vários novos talentos na GINÁSTICA OLÍMPICA brasileira. É questão de tempo. Deus sabe o que faz.

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  2. Com certesa, vai aparecer aleatoriamente vários novos talentos na GINÁSTICA OLÍMPICA brasileira. É questão de tempo. Deus sabe o que faz.

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