http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saber/sb2507201101.htm
Além da polêmica sobre a abolição da letra cursiva, que está pesando sobre a nossa Educação, estes últimos dias, agora, o que se está em discussão, também, é a extinção dos livros didáticos. Desta vez, o jornalista Gilberto Dimenstein deu a sua opinião a respeito. Leiam, reflitam e firme o seu convencimento acerca de mais esta questão, envolvendo a educação de nossos filhos :
Matéria extraída da Folha de São Paulo, Caderno Saber, de 25/07/2.011
Dois pesos, uma medida
Com a vantagem da redução do peso transportado pelos estudantes e a promessa de interatividade, tablets ganham espaço nas escolas nos EUA
GILBERTO DIMENSTEIN
COLUNISTA DA FOLHA
Edison, uma pequena cidade americana de 98 mil habitantes em Nova Jersey, prepara-se para se transformar num laboratório educacional a partir de setembro.
Os alunos de suas escolas públicas vão aprender álgebra, nos próximos 12 meses, sem usar lápis, papel e livro. Eles vão usar apenas um aplicativo para o tablet.
A cidade aceitou fazer a experiência para ver se o novo recurso funciona ou se é mais um modismo tecnológico. Metade dos alunos vai usar o aplicativo de álgebra, a outra ficará com o livro tradicional. Ao fim do ano letivo, vão avaliar se houve diferenças de aprendizado.
"Nossa aposta é que o professor vai ter mais facilidade de ensinar com um suporte interativo nas mãos", afirma Richard O'Malley, responsável pelo ensino público do município. Para ele, esse tipo de experiência ajudará a definir se ou até quando o livro ainda será usado na escola.
A predisposição a essa novidade é ainda maior quando ouve-se o governo da Coreia do Sul anunciar que o país vai aposentar o uso do livro em sala de aula -e trocar pelos tablets- em todas as escolas do país, até 2015.
Cresce a aposta de que, em pouco tempo, pelo menos em países ricos, o livro didático será tão inútil quanto as aulas de letra cursiva - que já não são obrigatórias em nenhum Estado americano.
Experimentos como o de Edison, que são acompanhados por centros de pesquisa, atraem a atenção. Sempre na condição de projetos-piloto, outras centenas de cidades nos EUA estão usando tablets combinados com livros em suas salas de aula.
A Prefeitura de Nova York comprou 2.000 aparelhos e colocou-os em escolas na periferia. Lá, por exemplo, alunos usam um aplicativo para inserir e tirar cores das imagens de pinturas -uma ferramenta para tornar as aulas de história da arte mais interativas e mais atraentes.
"É um caso que mostra o uso correto da tecnologia, que vai além do livro", diz Fernando Reimers, professor de educação de Harvard e especialista em inovação.
PESO MENOR
Por enquanto, professores, pais e estudantes veem na substituição dos livros uma simples (mas real) vantagem anatômica. Os tablets tiraram literalmente um peso das costas dos alunos, esvaziando a mochila do papel e até do computador portátil.
Docentes elogiam o fato de que, diferentemente do modelo "um laptop para cada aluno", o estudante não se esconde mais atrás da tela.
"Os alunos dizem que a vida ficou mais leve", afirma Nick Bilton, professor do Programa de Interação em Telecomunicação da Universidade de Nova York. "Acredito que cada vez vai ficar mais clara a vantagem dos conteúdos eletrônicos."
Ele dá o exemplo de uma empresa, a Inkling, que ganhou mercado nas universidades, especialmente nas escolas de medicina. Um de seus produtos de sucesso é um livro de biologia -que tinha uma edição impressa de quase mil páginas- que foi recheado com material em 3-D em sua versão eletrônica.
Além das facilidades de manipulação, o aluno pode comprar um capítulo de cada vez e tem espaço para escrever e compartilhar comentários, em rede social, num aprendizado coletivo.
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