Indivíduos com Altas Habilidades/Superdotação : Clarificando Conceitos, Desfazendo Idéias Errôneas.
É o objetivo principal deste capítulo discutir concepções relativas ao indivíduo com altas habilidades/superdotação, no sentido de clarificar alguns conceitos e desfazer idéias errôneas que se encontram fortemente enraizadas no pensamento popular. Entretanto, como ponto de partida, é relevante apontar o reconhecimento
crescente de que uma boa educação para todos não significa uma educação idêntica para todos. Em função deste reconhecimento, tem sido salientada a necessidade de o professor estar equipado para propiciar uma educação de boa qualidade, levando em conta as diferenças individuais e encorajando o desenvolvimento de talentos, competências e habilidades diversas. Os alunos com altas habilidades/superdotação, em especial, vêm mobilizando o interesse de educadores de diferentes países, nos quais propostas educacionais vêm sendo implementadas, promovendo-se melhores condições para identificação, desenvolvimento e expressão desses alunos. As propostas, na prática, refletem políticas educacionais que oferecem orientações para a ação, proporcionando o apoio à educação do superdotado, necessário para que o seu potencial possa se desenvolver de forma o mais plena possível.
Entre os fatores que têm contribuindo para uma atenção crescente ao aluno que se destaca por um potencial superior poder-se-ia citar o reconhecimento, que vem ocorrendo em distintos países, das vantagens para a sociedade que possibilita aos estudantes mais talentosos a realização de suas potencialidades. Wu (2000), por exemplo, destaca que o interesse por esta área, em Taiwan, surgiu da consciência de que uma ilha, com poucos recursos naturais como é o caso daquele país, necessitava desenvolver de forma intensa os seus recursos humanos e, entre estes, deveriam receber uma atenção diferenciada aqueles alunos que se sobressaiam pelo potencial intelectual superior, com maiores chances de contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico daquele país. Também Gallagher (2000), ao justificar o interesse continuado pela educação do superdotado nos Estados Unidos, faz referência a um documento do Departamento de Educação desse país – America 2000 – no qual é apontada a necessidade de um largo contingente de indivíduos altamente talentosos para que os Estados Unidos possam manter a sua liderança na indústria, na educação superior, nas ciências, entre outras áreas, no presente século. De forma similar, em documento do governo inglês é ressaltado que “os alunos superdotados têm muito a contribuir para o futuro bem-estar da sociedade, desde que seus talentos sejam desenvolvidos plenamente durante sua educação formal. Há uma necessidade premente de desenvolver os recursos do país em sua extensão máxima e um dos recursos mais preciosos são as habilidades e criatividade de todas as crianças”(Koshy & Casey, 2005, p. 293).
Um outro fator, que também tem contribuído para ampliar o interesse pelos alunos com altas habilidades, está relacionado à emergência de um novo conceito de riqueza. Nota-se que ao longo das últimas décadas, os recursos naturais e o próprio capital financeiro vêm perdendo valor em relação aos recursos humanos. Especialmente os produtos de alta tecnologia tornaram-se fator importante na geração de riquezas. Esta nova fonte de riqueza depende diretamente do capital intelectual de mais elevado nível, que tem sido considerado, na atual sociedade do conhecimento, como o maior recurso a ser cultivado e aproveitado em favor da humanidade.
Desfazendo Idéias Errôneas a Respeito do Indivíduo com Altas Habilidades / Superdotação
Quando se aborda a questão do indivíduo com altas habilidades/superdotação, observa-se que muitas são as idéias que este termo sugere: para algumas pessoas, o superdotado seria o gênio, aquele indivíduo que apresenta um desempenho extraordinário e ímpar em uma determinada área do conhecimento, reconhecida como de alto valor pela sociedade ; para outros, seria um jovem inventor que surpreende pelo registro de novas patentes; para outros ainda, seria aquele aluno que é o melhor da classe ao longo de sua formação acadêmica, ou a criança precoce, que aprende a ler sem ajuda e que surpreende os pais por seus interesses e indagações próprias de uma criança mais velha. O termo superdotado sugere ainda a presença de um talento, seja na área musical, literária ou de artes plásticas. O denominador comum nessas diversas conotações do termo é a presença de um notável desempenho, talento, habilidades ou aptidões superiores. No Brasil, superdotação é ainda vista como um fenômeno raro e prova disso é o espanto e curiosidade diante de uma criança ou adolescente que tenha sido diagnosticado como superdotado.
Observa-se que muitas são as idéias errôneas a seu respeito presentes no pensamento popular. Ignorância, preconceito e tradição mantêm viva uma série de idéias que interferem e dificultam uma educação que promova um melhor desenvolvimento do aluno com altas habilidades. Rutter (1976), ao comentar a respeito do conhecimento, afirma que não temos o hábito de examinar criticamente os fatos a respeito de determinadas questões, antes de se chegar a conclusões a respeito delas. Segundo ele, é o nosso fracasso em reconhecer a nossa ignorância, e não a nossa ignorância propriamente dita, que é mais prejudicial ao conhecimento. O nosso “saber” a respeito
de tantas coisas que não são verdadeiras é que realmente constitui um entrave a um conhecimento maior. As palavras de Rutter aplicam-se integralmente ao conhecimento a respeito do indivíduo com altas habilidades/superdotação em nosso meio. Várias são as idéias errôneas sobre o superdotado, que necessitam ser esclarecidas. Entre elas,
destacam-se:
SUPERDOTADO E GÊNIO COMO SINÔNIMOS
Temos constatado, com freqüência, a utilização dos termos “superdotado” e gênio” como sinônimos. Assim, é comum acreditar que, para ser considerado superdotado, o indivíduo necessariamente deverá apresentar um desempenho surpreendentemente significativo e superior desde a mais tenra idade ou dado contribuições originais na área científica ou artística, reconhecidas como de inestimável valor para a sociedade.
Os exemplos, muitas vezes lembrados, são os de Mozart, que aos cinco compunha sonatas, aos oito produziu uma sinfonia e aos 16 já havia composto 135 obras de distintos gêneros musicais; o de Leonardo da Vinci, que elaborou esboços, ainda na Idade Média, de um helicóptero e de um submarino; Picasso, pela sua produção artística excepcional ; ou Einstein, que revolucionou a Física Moderna. Devido a esta
concepção do superdotado como um gênio, não é raro a família questionar e mesmo negar que o seu filho se qualifique como tal, quando, por exemplo, é informada pela escola que ele foi selecionado para participar de um programa de atendimento a alunos com altas habilidades.
Com relação a essa idéia do superdotado como gênio, é interessante salientar que os primeiros estudos na área da inteligência superior foram direcionados para a investigação das características do gênio e seus antecedentes. “Gênio” foi também o termo utilizado pelos primeiros pesquisadores da superdotação, como Terman, que deu início, nos anos de 1920, a um estudo longitudinal com aproximadamente 1500 crianças, identificadas como superdotadas com base em testes de inteligência. Era esperança desse pesquisador que essas crianças quando adultas se transformassem
em gênios, apresentando uma produção excepcional, o que não aconteceu (Simonton, 2000). Tem sido recomendado que o termo “gênio” seja reservado para descrever apenas os indivíduos que deixaram um legado à humanidade, pelas suas contribuições originais e de grande valor. O que tem sido apontado pelos estudiosos das altas habilidades/ superdotação é a idéia de que existe um contínuo em termos de habilidades, seja, por exemplo, na área intelectual ou artística, apresentando o superdotado uma ou mais habilidades significativamente superiores quando comparado à população em geral.
Além do “gênio”, há também outros grupos de indivíduos, que se distinguem por habilidades superiores e que, por suas características especiais, têm uma terminologia própria (ver no Quadro 1 - Crianças Prodígio e Savants -, dois desses grupos que vêm sendo objeto de pesquisas).
Muitos deles, em função de características pessoais aliadas às do seu contexto familiar, educacional e social, apresentam apenas um baixo desempenho e, mesmo, abaixo da
média. Neste sentido, é necessário salientar a importância de se propiciar um ambiente favorável ao desenvolvimento do aluno com altas habilidades, a par de atender às suas necessidades educacionais.
Especialmente relevante é a promoção de uma variedade de experiências de aprendizagem enriquecedoras, que estimulem o seu desenvolvimento e favoreçam a realização de seu potencial. Também necessário é que se respeite o seu ritmo de aprendizagem.
Observa-se ainda que o ensino regular é direcionado para o aluno médio e abaixo da média, e o superdotado, além de ser deixado de lado neste sistema, é visto com temor por professores que se sentem ameaçados diante do aluno que muitas vezes os questiona, pressionando-os com suas perguntas, comentários e mesmo críticas. É interessante lembrar que, ao perguntarmos a professores como se sentiam quando tomavam conhecimento que tinham alunos superdotados em sua classe, alguns respondiam que se sentiam inseguros por desconhecer como conduzir o processo de ensino/aprendizagem junto a esses alunos, além de salientar que preferiam não tê-los em sala, uma vez que os superdotados podem constituir um problema em classe. Tal dado sugere a falta de preparação do professor para atender adequadamente ao aluno
com altas habilidades/superdotação, bem como as vantagens de um programa complementar fora da sala de aula.
Os superdotados estão por aí fazendo sucesso... Pelé, Ronaldinho, Maradona, Cruyff, Luan Santana, João Paulo II, Erwin Rommel, Bernard Montgomery, etc, etc, etc, e por aí vai... O país deve dar valor para os superdotados, pois eles representam o desenvolvimento e o progresso da nação como um todo... Eles são provas clars da existência da reencarnação, que é muito citada na Bíblia como ressurreição no Antigo e no Novo Testamento !!!!!!!
ResponderExcluirTenho tido grandes dificuldades com o meu filho, timido, entediado,com diculdades para escrever, desenvolvimento motor limitado, muitas vezes tem crises que me deprimem pela tristeza que diz sentir porque percebe que algo dentro dele nõ está no lugar.Um grande desajuste.E vem muitas vezes na contramão com teorias que me intrigam,argumentos que me constrangem,aprendizados rapidos e com concentração que parece mentira para um menino de 7 anos que parece ter 4 em alguns momentos.Superdotação não é sempre lindo,nem facil, nem garantia de felicidade, ainda mais quando vem acompanhado de desenvolvimento assincronico.
ResponderExcluirDesabafo: a falta de preparo dos profissionais que lidam com crianças quando se deparam com um caso desses poe em risco o futuro da felicidade delas, por favor ,se liguem , voces vivem na era da informação, troca e comunicação.
Venha participar do nosso grupo, no facebook, que leva o mesmo nome do meu blog. Ali, vc verá que não está sozinha nesta luta, nestes dilemas que vc mencionou, que são típicos destas crianças e cada uma vivencia esta experiência de outra forma. Me procure no facebook, que eu te adiciono no grupo. Identifique-se, ok ?
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