Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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terça-feira, 5 de junho de 2012

Parte 3 do artigo da Dra. Zenita Guenther sobre dislexia e superdotação -Os principais Domínios de Capacidade



Parte 3


Talentosos e disléxicos...
 Alunos que a Escola Rejeita...


Zenita C. Guenther , Ph.D.

 


Os principais Domínios de Capacidade são : Inteligência poder para ação intelectual, enraizada na função cognitiva do cérebro, localizada no córtex frontal ; Criatividade -  enraizada na função intuitiva provavelmente ao córtex pré-frontal, diferenciando-se de outras funções cerebrais  por ser “fora da razão”, sem ser propriamente “emoção” ; Domínio Sócio-afetivo Capacidade sócio-emocional enraíza-se na função afetiva localizada à base primitiva do cérebro, principalmente, amídala, tálamo e sistema linfático ; Domínio Físico-  função física do cérebro, com duas vias de capacidade específica : percepção sensorial, conectada ao aparelho sensorial, e capacidade motora. Capacidade perceptual constitui um domínio de transição entre capacidade essencialmente física e essencialmente mental (Gagné 2008).




Pensamento espacial não linear e pensamento seqüencial linear



Pensamento espacial e pensamento seqüencial são organizações mentais diferentes que afetam a maneira como as pessoas vêem o mundo” (St. Clair, 2006).




Estudos em pessoas que sofreram lesões no cérebro indicam que os processos necessários ao pensamento visual (por imagens), e verbal, (por palavras) se remetem a sistemas neurológicos distintos : no processo de pensar por “visualizar”, o fluxo sanguíneo aumenta na região do córtex visual, e uma lesão por exemplo ao hemisfério esquerdo posterior barraria a geração de imagens visuais, ao passo que a linguagem e memória verbal não seriam prejudicadas. Por outro lado, o exercício constante de habilidades visuais expande o mapa motor do cérebro, como indicam estudos recentes feitos com taxistas. Ou seja, prática e exercício continuado, que efetivamente melhoram o desempenho, indicam modificações naquela região cerebral.




Já Francis Galton sugeria que existem diferentes padrões de pensamento isto é, algumas pessoas de fato guardam imagens mentais vívidas, que podem ser “vistas”, enquanto outras têm memórias representadas por símbolos mentais de fatos e idéias. Padrões de pensamento espacial visual podem começar por detalhes específicos, mas caminham para associações gerais em padrões não seqüenciais.




O pensamento linear, como o nome indica, move-se em direção seqüencial em uma dimensão de tempo, progredindo disciplinadamente passo a passo ; mostra preferência auditiva ao captar informações, uma vez que o sentido da audição é vinculado à dimensão de tempo : cada palavra, fato ou informação segue-se um ao outro, em ordem seqüencial captável. Por essas características, essa organização do pensar privilegia a análise em progressão do próximo ao distante, do simples ao complexo, de partes ao todo, em um caminho onde começo- meio- e final estão referenciados, uma organização que, por sua vez, é apropriada ao raciocínio dedutivo. Assim pode-se facilmente compreender a razão porque é um modo de pensar influenciado pela audição, linguagem e consciência de tempo, pois o tempo caminha em direção conhecida e continua...




 O pensamento não linear desenvolve-se em uma configuração espacial em campo não delimitado, e as informações são interconectadas no espaço de modo holístico, global. Mostra preferência visual na captação de informações, o que se expressa na maneira como é algumas vezes identificado : pensamento visual. Por ter disponível todo o conjunto de informações de uma vez, esse modo de pensar não necessita estabelecer passos na captação de dados, assim organiza as noções e informações de maneira assistemática, complexa, intuitiva. Processa simultaneamente os conceitos privilegiando o raciocínio indutivo (todo a partes) e usa imaginação, geração de idéias e relações originais. Como pensamento visual espacial, é essencialmente um processo mental sem linearidade, em que uma configuração com todos os dados e detalhes é disponível à pessoa de modo a permitir que sistemas de relações complexas possam ser captados, o que não é possível acontecer somente através da linguagem, que depende diretamente da ordem seqüencial de cada palavra para veicular significado.




Por ser desenvolvido como um todo influenciado pela visualização de imagens, o pensamento não linear dispensa a consciência de tempo, que substitui por consciência de espaço, no dizer de Albert Einstein: “Não penso no futuro...ele chegará em seu momento.”. Temple Grandin, nosso exemplo atual, diz claramente: “...Palavras são como uma segunda língua para mim. Quando alguém fala comigo suas palavras são imediatamente traduzidas em imagens e figuras...”. Mas, essa mesma fascinante personalidade confessa também que “...Não tinha a menor idéia que meu processo de pensar era diferente... Não compreendi a extensão dessa diferença, até recentemente... Comecei a perguntar aos outros como tinham acesso a informações que estavam na memória, e pelas respostas vi que minha capacidade de visualizar era muito superior à da maioria”.



Pensar com palavras envolve categorização das informações em uma linha vinculada à dimensão do tempo. Pensar com imagens envolve categorização paralela de muitas informações simultaneamente consideradas. Muito do pensar em crianças no estágio pré-operacional, de Piaget é visual, não linear.




O pensamento não linear é uma organização mental geralmente associada ao hemisfério direito do cérebro, que lida com percepção de configurações inteiras, ao passo que o hemisfério esquerdo é seqüencial e analítico. O lado direito é mais capaz para manejar melhor o pensamento concreto e processamento global de padrões viso-espaciais, literalmente como informações topográficas. O lado esquerdo, por sua vez, é superior em lidar com pensamento lógico, processamento de detalhes, raciocínio linear analítico, e padrões fono-auditivos. 

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