Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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segunda-feira, 4 de junho de 2012

Parte 2 - Como são as crianças disléxicas na escola ?



Parte 2


Talentosos e disléxicos...
 Alunos que a Escola Rejeita...


Zenita C. Guenther , Ph.D.








Como são as crianças disléxicas na escola ?



De inicio, não trazem ao ambiente escolar qualquer “aviso” sinalizando dificuldade de aprender. Na fase da educação infantil elas aprendem tudo o que se lhes ensina, vivem com alegria e intensidade as experiências de sala de aula, e desempenham as atividades costumeiras com bons resultados, principalmente em artes, comunicação expressiva, desenhos, construções. Ao começar a primeira série, com marcada ênfase no ensino da leitura e escrita, notoriamente alardeada como “trabalho sério”, essas crianças já não conseguem aprender tão bem, e começam a dar sinais mais ou menos preocupantes. Pelo segundo ano as dificuldades são claras, elas não sentem prazer em ir à escola, o que vai se agravando nas séries seqüentes: expressam queixas sobre “não ser inteligente”, não ter “cabeça” para aprender... não “conseguir” fazer o que a professora manda.




Ora, essa é uma novidade para os pais e professores, que seguros da facilidade que a criança mostra em aprender outras coisas, fora da sala de aula, acham que ela não se esforça, que precisa estudar e dedicar mais tempo ao trabalho escolar... Na maioria dos casos isso não resolve... as dificuldades em aprender não são vencidas, esses alunos passam pela fase de escolaridade aos trancos, com muitas e variadas experiências de fracasso, a ponto de chegarem a excluir a escola da sua vida... E quando se recuperam da sensação de fracasso, a vida lá fora é fértil de aventuras, de realizações... de sucesso !



  
Em todas as áreas de atividade humana há pessoas que na infância foram marcadas por problemas de dislexia, cognominadas genericamente dificuldades de aprendizagem: entre inventores e cientistas, (Albert Einstein, Thomas Edison, Graham Bell, Temple Grandin); artistas plásticos, (da Vinci, Walt Disney); estrategistas, (Winston Churchill, Woodrow Wilson); artistas cênicos (Cher, Tom Cruise, Danny Glover); atletas (Greg Louganis;  Bruce Jenner;  Jackie Stewart)... E tantos outros, sem dúvida reconhecidos por seu talento!



Presença de Talento



Já sabemos que à base de um talento constatado existe inegavelmente um nível elevado de capacidade natural, (Gagné, 2005), acima da média da população. Capacidade indica essencialmente “poder de aprender”, ou seja de utilizar configurações neuro-físico-mentais anteriormente formadas, para visualizar perspectivas de ação na situação presente (Combs, 1977; Guenther, 2009). Gagné (2008) define Dotação como um construto que designa posse e uso de notável capacidade natural, ao passo que Talento se refere a desempenho superior, mestria, conhecimento, habilidades desenvolvidas, implicando alto nível de realização em alguma área. Assim considerado, essa questão torna-se de fato relevante, e não mais um sinal: se essas pessoas desenvolveram um talento ao nível de desempenho superior em alguma área, é porque possuem em sua constituição alta Capacidade natural, ou seja, alto poder de aprender... Então porque não aprendiam bem na escola como aprendem depois, na vida ?



Os estudos sobre pensamento não linear, capacidade intelectual espacial, e pensamento visual apontam em uma direção plausível : uma organização mental diferenciada. Enquanto a cultura ocidental, com suas instituições, orientação e preferências privilegia o modo de pensar linear, seqüencial, temporal, essas mentes desenvolvem processos cognitivos apoiados em uma forma de pensar qualitativamente diferente, não linear, visual, espacial. Esse tipo de pensamento sem linearidade lida com as informações pela situação e colocação no espaço, em configurações gerais, e não por palavras alinhadas seqüencialmente; utiliza mais o hemisfério direito do cérebro, (imaginativo, holístico), que o esquerdo, (racional, linear), orienta-se menos pela dimensão de “tempo”, que é linear, e mais pela de “espaço”, que é holística.




No dizer de Albert Einstein, pensador visual reprovado no segundo ano do ensino básico, precisamente em "Linguagem": “Raramente penso em palavras, o pensamento vem e posso tratar de expressá-lo em palavras depois...”. Também Temple Grandin, recentemente sinalizada como uma das personagens notáveis em 2009, Ph.D em Animal Science, diagnosticada autista na infância, e considerada pela escola com “pouca capacidade para aprender” explica: “Penso não com palavras, mas com imagens, criando um processo intelectual não com frases, mas com figuras, com representação, como se a mente montasse um cineminha da realidade” (Grandin apud Hallahan, 2006, p. 396). Esses dois exemplos são ambos pessoas excepcionalmente dotadas, e que apesar da resistência a pouca ajuda da escola, conseguiram desenvolver notáveis talentos.




Reiterando, dotação, designa posse e uso de elevada capacidade natural, em pelo menos um domínio de capacidade humana, em uma analogia ao dote (em inglês gift): dote é o presente dado aos noivos para o casamento, a dotação representa um dom dado ao individuo para a vida. Talento designa desempenho superior, mestria, conhecimento aprendido, habilidades sistematicamente desenvolvidas... Implica em alto nível de realização em alguma área de atividade humana (Gagné, 2008).


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