DESCRIÇÃO DA IMAGEM: a foto mostra Maria Clara, que é uma mulher branca, de cabelo curto e de óculos, sentada à mesa tomando um café. Ela veste uma camisa azul de listras brancas e tem um casaco azul escuro nas costas. No fundo, uma parede de tijolinhos.
Qual a importância de
identificarmos a inteligência precoce das crianças? Toda criança
inteligentíssima é superdotada? Estimular a criança precocemente tira dela o
tempo livre do brincar? Essas foram algumas das perguntas que a pedagoga Maria
Clara Sodré respondeu à jornalista Ciça Melo, do Paratodos. O bate-papo faz
parte de um ciclo de encontros sobre inclusão realizado pelo Paratodos em parceria
com a livraria Blooks, em Botafogo. Na edição anterior, a convidada foi a
artista Olivia Byington, que veio falar do livro ‘O que é que ele tem’ e
conversar com o público sobre inclusão.
Ao contrário do que
indica o senso comum, os alunos com superdotação também são alunos em situação
de inclusão. Isso porque, como em outros casos mais clássicos de inclusão, é
preciso tornar o conteúdo escolar mais estimulante para esses estudantes – que,
muitas vezes, podem concentrar sua atenção para algumas disciplinas específicas
ou temas que lhe agucem ou provoquem. Sem uma adaptação, nesse caso também,
pode haver desinteresse pelo ensino, perda do prazer em aprender e
comportamentos inadequados em sala de aula. Eles são mais uma amostra de que os
padrões de ensino universais não atendem a todos os alunos de uma mesma turma.
Maria Clara
Doutora em Educação de
Superdotados, Maria Clara respondeu por quase uma década pelo programa de
atendimento de alunos superdotados na Escola Americana do Rio de Janeiro,
implantou e dirigiu por cinco anos o programa de atendimento de alunos
superdotados de baixa renda do Instituto Social Maria Telles (Ismart) e esteve
à frente, por 15 anos, do Projeto Futura, um programa de educação infantil para
crianças de baixa renda que, entre outras coisas, visava a identificar e
atender alunos precoces na pré-escola. No Instituto Lecca, organização sem fins
lucrativos, dirige programas educacionais, buscando identificar crianças
superdotadas de famílias de baixa renda e prepará-las para a entrada em escolas
públicas de excelência.
– Visitei e estudei
várias escolas no mundo. Então, posso dizer que é preciso trabalhar de forma
individualizada, mesmo olhando para a turma toda. É possível – disse ela.
Maria Clara ressalta a
importância de a família não ignorar os sinais de precocidade que algumas
crianças dão, ainda pequenas. Como ler aos três anos, fazer cálculos mentais
aos 4, ou ainda se interessar por assuntos que geralmente não despertam o
interesse de crianças de sua idade, tais como
reconhecer as bandeiras dos países com apenas 2 anos. É preciso prestar
atenção quando a criança interessa-se mais por aprender do que por jogar bola
ou brincar com brinquedos que ocupam seus pares em idade.
– Sem um diagnóstico da
superdotação e as devidas adaptações educacionais, muitas vezes o que se
observa é que a criança não desenvolve toda a sua potencialidade. A primeira
característica a destacar é a precocidade. São crianças mais curiosas,
concentradas e obstinadas em acertar, compreender aquilo de seu interesse. Não
estou falando de indivíduos raros. Os superdotados representam 5% da população.
Segundo a especialista,
um dos danos de não se diagnosticar a superdotação e, em consequência, não
estimular as suas potencialidades, recai, muitas vezes, sobre o desenvolvimento
emocional dos alunos.
– Uma característica dos
alunos superdotados não atendidos é achar a escola insuportável, podendo levar
à depressão ou mesmo a “tocar o terror” na escola – comentou Maria Clara. – A
maior tragédia que pode acontecer é um aluno aprender que a escola não é local
para aprender. Isso vale para todos, claro.
Diante da relevância do
tema e da importância de mostrarmos as diversas possibilidades de inclusão e
diferenças nas crianças, o Paratodos vai
publicar em breve uma entrevista com Maria Clara. Quer participar? Envie suas
perguntas para paratodos@paratodos.net.br.
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