Tenho reparado,
tanto no meu grupo do Facebook, Mãe de Crianças Superdotadas : https://www.facebook.com/groups/213399982041957/,
que hoje conta com mais de 3.500 membros, um número, cada vez mais crescente, de
crianças com altas habilidades também com Asperger.
Convém esclarecer que não
somente os alunos com altas habilidades/superdotação têm direito à educação
especial e programas para alunos superdotados, mas, também os alunos com
Asperger com inteligência superior possuem este direito.
Quando me refiro ao atendimento educacional especial em relação às altas habilidades, estou me
referindo à inteligência como sendo uma capacidade mental muito geral que
permite raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de maneira abstrata,
compreender idéias complexas e aprender (Roberto Colom, em Introdução à Psicologia
das Diferenças Individuais, Carmem Flores-Mendonza e Roberto Colom, Ed. Artmed).
Os escores
alcançados pelas pessoas nos testes de inteligência predizem as diferenças no
desempenho escolar.
A característica
clássica que define um aluno com superdotação (inteligência acima da média) do
tipo acadêmico é que, além da habilidade acima da média, o envolvimento com a
tarefa e a criatividade (conceito de Renzulli), verifica-se, também, a
prevalência, nestas crianças de um QI superior (para fins de superdotação acadêmica
este QI tem que ser acima de 130).
Verificamos
na população de crianças com Asperger que elas também podem apresentar QI acima
da média (nesses casos o QI
verbal é mais alto que QI executivo, frequentemente 20% mais alto).
Muitas crianças Asperger apresentam PRECOCIDADE NA LEITURA E FIXAÇÃO PRECOCE POR LETRAS E NÚMEROS, o que é chamado de hiperlexia. Na hiperlexia a criança apresenta alta capacidade de leitura e uma espécie de obsessão por letras e números, porém acompanhada de uma espécie de defasagens em outras áreas do desenvolvimento. Essa síndrome pode ser entendida a partir de três características principais : capacidade precoce de leitura, dificuldade em lidar com a linguagem oral e uma inadaptação social dos comportamentos. Por isso que, quando os pais nos procuram no meu grupo Mãe de Crianças Superdotadas, manifestando que seus filhos apresentam interesse precoce por letras, números, leitura, etc, precisamos saber, exatamente, se este interesse é decorrente de uma superdotação pura e simples, de hiperlexia ou Asperger. Ou seja, nem sempre o interesse precoce por letras e números representa superdotação. Por isso que o olhar atento dos pais, sobre a criança que apresenta este interesse, fixação ou fascínio precoce por letras e números deve ser redobrado e também cogitar se a criança pode ou não estar dentro do espectro.
Muitas crianças Asperger apresentam PRECOCIDADE NA LEITURA E FIXAÇÃO PRECOCE POR LETRAS E NÚMEROS, o que é chamado de hiperlexia. Na hiperlexia a criança apresenta alta capacidade de leitura e uma espécie de obsessão por letras e números, porém acompanhada de uma espécie de defasagens em outras áreas do desenvolvimento. Essa síndrome pode ser entendida a partir de três características principais : capacidade precoce de leitura, dificuldade em lidar com a linguagem oral e uma inadaptação social dos comportamentos. Por isso que, quando os pais nos procuram no meu grupo Mãe de Crianças Superdotadas, manifestando que seus filhos apresentam interesse precoce por letras, números, leitura, etc, precisamos saber, exatamente, se este interesse é decorrente de uma superdotação pura e simples, de hiperlexia ou Asperger. Ou seja, nem sempre o interesse precoce por letras e números representa superdotação. Por isso que o olhar atento dos pais, sobre a criança que apresenta este interesse, fixação ou fascínio precoce por letras e números deve ser redobrado e também cogitar se a criança pode ou não estar dentro do espectro.
O conceito de
superdotação atribuído pelo World Council for Gifted and Talented Children
e adotado pelo MEC é o de que : "São
consideradas crianças superdotadas e talentosas as que apresentam notável desempenho
e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou
combinados:
. capacidade intelectual superior;. aptidão acadêmica específica ;
pensamento criador ou produtivo ;
capacidade
de liderança;
talento especial para artes visuais, artes
dramáticas e música e capacidade
psicomotora”.
As características
do aluno Superdotado do tipo acadêmico (Renzulli & Reis, 1997) são:
Tira boas notas na
escola ;
Apresenta grande
vocabulário ;
Gosta de fazer
perguntas ;
Aprende com rapidez
;
Apresenta longos
períodos de concentração ;
Tem boa memória ;
É perseverante ;
Apresenta excelente
raciocínio verbal e/ou numérico ;
Tem paixão em
aprender ;
Superdotado
Acadêmico : Notável desempenho acadêmico, aprende rapidamente, apresenta um nível de
compreensão mais elevado, é mais facilmente identificado nos testes de QI.
Crianças com Asperger e com inteligência superior, que apresentem estas
mesmas características também têm direito a se beneficiar dos programas desenvolvidos
para alunos com altas habilidades / superdotação.
A pessoa afetada pela Síndrome de Asperger está em
nosso mundo, porém vivendo em sua estrita forma de ser. Apresentam interesses
peculiares, tais como astronomia, física quântica, química, dinossauros,
geologia, etc. A criança Asperger dá a impressão de ser um “adulto no corpo de uma criança” e/ou
de aparentar ter superdotação intelectual, apresenta interesses
extracurriculares específicos e transitórios. Mas, além disso, apresentam
prejuízos sociais, têm poucos ou nenhum amigo e dificuldade de se relacionar.
Os superdotados intelectualmente, sem TEA (Transtorno do Espectro do Autismo/
Asperger), por sua vez, não apresentam prejuízos sociais, em si, mas
BAIXA TOLERANCIA À LIMITAÇÃO GLOBAL DAS PESSOAS
“COMUNS”. Possuem uma verdadeira
erudição e conseguem generalizar os conhecimentos, utilizando-os para seus interesses,
que não são restritos. Não há prejuízo na prosódia e entendem precisamente
os conceitos das palavras e termos que usam, o que os diferencia da hiperlexia
clássica. Essa entidade deve ser considerada como Diagnóstico Diferencial para
suspeita de Síndrome de Asperger. (Síndrome de Asperger e
outros Transtornos do Espectro do Autismo de Alto Funcionamento : da avaliação
ao tratamento”, Autor : Walter Camargos Jr. E colaboradores. Editora ArteSÁ,
Belo Horizonte – 2013)
De tudo o que se lê, até agora, é fácil constatar que um
limiar muito tênue entre os superdotados e os Aspergeres. O fato é que ambos
têm direito à Educação Especial, no que diz respeito às altas habilidades,
segundo as diretrizes estabelecidas pelo MEC e a legislação educacional a este
respeito. E
não podemos nos esquecer, neste momento, de que o aluno com Asperger, que apresenta
inteligência superior também deve se beneficiar dos programas especiais para
alunos com altas habilidades/superdotação.
Há necessidade desses alunos (seja o meramente superdotado ou
o Asperger com altas habilidades) serem identificadas o quanto antes e que
um atendimento diferenciado é essencial a esses indivíduos para que os talentos
não sejam desperdiçados e para favorecer não só o pleno desenvolvimento dos
talentos em questão, mas, também, o pleno desenvolvimento emocional e
psicológico dessas crianças, futuros adultos (Alencar, 2007; Antipoff, 1992;
Freeman & Guenther, 2000; Guenther & Freeman, 2000; Maia-Pinto &
Fleith, 2002).
A inclusão escolar é
uma política que busca perceber e atender às necessidades educativas especiais
de todos os alunos, em salas de aulas comuns, em um sistema regular de ensino,
de forma a promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos.
O Parecer nº 17 de
2001 do CNE/MEC CO assim considera: “ 2. Educandos que apresentam necessidades
educacionais especiais são aqueles que, durante o processo educacional,
demonstram :
(...)
2.3. altas habilidades/superdotação, grande
facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente os conceitos, os
procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar
e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em
classe comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas
de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa escolar.
Este
Parecer prevê como forma de atendimento educacional flexibilizações e
adaptações curriculares, que considerem o significado prático e instrumental
dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos
diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos
que apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com o
projeto pedagógico da escola, respeitada a freqüência obrigatória; serviços
de apoio pedagógico especializado, realizado: na classe comum,
mediante atuação de professor da educação especial, de professores intérpretes
das linguagens e códigos aplicáveis, como a língua de sinais e o sistema
Braille, e de outros profissionais, como psicólogos e fonoaudiólogos, por
exemplo; itinerância intra e interinstitucional e outros apoios necessários
à aprendizagem, à locomoção e à comunicação; em salas de recursos, nas
quais o professor da educação especial realiza a complementação e/ou
suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais específicos.
A Resolução nº 4, de 2 de
outubro de 2009 - MEC – CNE prevê a possibilidade de enriquecimento curricular para alunos com
altas habilidades/superdotação desenvolvidas no âmbito de escolas públicas
de ensino regular em interface com os núcleos de atividades para
altas habilidades/superdotação e com as instituições de ensino superior e
institutos voltados ao desenvolvimento e promoção da pesquisa, das artes e dos
esportes. Convém frisar que estas medidas também devem ser aplicadas aos alunos
com Asperger e altas habilidades.
O DECRETO N.º 7.611/11 dispõe que
“a educação especial deve contemplar os estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, e
prevê que “o conjunto de atividades, recursos de
acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente devem
constar da proposta pedagógica da escola”.
“Art.
59. Os sistemas de ensino assegurarão aos
educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;
II - (...) aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar para os superdotados;
Cada vez
mais, tenho notado que o número de aluno com altas habilidades com direito à
educação especial vem crescendo, porque além daqueles alunos meramente
superdotados, também encontramos, em número cada vez maior, os alunos com
Asperger e que também apresentam altas habilidades. As altas habilidades,
no que dizem respeito ao atendimento educacional, devem ser atendidas nas
crianças com Asperger (quando estas apresentam altas habilidades) da mesma
forma que deve se verificar com os alunos superdotados.
Já a questão
da dificuldade na socialização e na forma da criança se relacionar com seus
pares, o hiperfoco, as manias, a hipersensibilidade sensorial, a dificuldade em
lidar com a frustração, presentes em crianças com Asperger (e também caso estes
traços isolados apareçam nas crianças meramente superdotadas - desde que não se
refiram á dificuldade de se socializar, pois, neste caso, estaremos diante de
um quadro de Asperger e não de mera superdotação) serão tratados por psicólogos
e terapeutas específicos, quando estes traços e características estiverem
prejudicando o desenvolvimento da criança.
O
objetivo deste artigo é deixar claro que, quando falamos em atendimento
educacional ao aluno com altas habilidades / superdotação, não podemos
desconsiderar este público que está cada vez mais significativo formado pelos
alunos com Asperger e que também apresentam altas habilidades.
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