PARTE 4
GUENTHER, Z. (2009) Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar- desenvolvendo o
talento acadêmico, Rev. Educação Especial, vol 22, 35, p.281-298
Aceleração,
ritmo de produção e trajetória escolar:
Desenvolvendo
o talento acadêmico
Zenita C Guenther, Ph.D
A visão contrária à aceleração de série da Dra. Joan Freeman :
Joan Freeman
(Inglaterra) coloca-se em posição radicalmente contrária a qualquer tipo de
aceleração, a que denomina uma medida própria de “mercadores apressados”. Em mensagem pessoal à autora (2009), onde
cita sua própria pesquisa, diz literalmente:
“Para mim, sacrificar a infância preciosa por
resultados de exames não é uma boa barganha. Posso dizer em minha longa
pesquisa no Reino Unido, incluindo 17 alunos acelerados, que os resultados após
34 anos indicam restos de mal estar, e raiva. Felice Kaufman demonstrou que as
crianças prodígio da América nunca conseguem levar uma vida normal. Eles sentem
que precisam estar sempre provando que são mais inteligentes que os outros. Pelos
meus estudos ao redor do mundo, - pode chamar de ‘Fórmula Freeman’, - quanto
piores as provisões educacionais mais aceleração é preciso para os alunos
dotados. Mas países com melhores sistemas de educação, como a Escandinávia, não
aceleram nunca!”. (Freeman
2009; Mensagem pessoal à autora)”.
Pode-se suspeitar
que a opinião sensata de Freeman é baseada no conceito cultural de “infância”
vivida em país rico, quando diz: “Não
quero ver as crianças dobradas sobre os livros enquanto o mundo está lá fora...
Quero que descubram a vida interagindo, experimentado, sonhando, brincando, fazendo
amigos, ousando, errando... e muito mais.”, no que sem dúvida, concordamos... Mas em ambientes de privação
econômica e cultural as crianças descobrem a vida de maneiras muito
diferentes...
Southern et al.
(1993), estudando a resistência à aceleração, aponta que há efetivamente alguns
riscos, porem devido a planejamento sem visão de longo prazo, em que os
professores aprendem pouco sobre os estudos que investigaram preocupações com
possíveis conseqüências futuras. O
maior problema ainda é não haver provisões de longo prazo para alunos
excepcionalmente dotados. Por
exemplo, uma criança que avançou consideravelmente em ciência nos anos
iniciais, encorajado a ampliar e aprofundar os estudos, se mesmo acelerado
freqüenta uma escola onde os laboratórios são limitados, ou não há suporte para
expandir seu aprendizado, pode enfrentar um hiato no desenvolvimento enquanto
espera por níveis mais elevados.
1.1
- Em
síntese
Examinando posições pró e contra
aceleração, expressa por pesquisadores que se debruçaram sobre o tema, e
resultados dos estudos mais abrangentes até agora realizados, pode-se afirmar
que há ampla gama de vantagens à adoção da aceleração para alunos mais capazes,
tanto como medida pedagógica conduzida pela própria escola, como medida administrativa
introduzida no sistema educacional.
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