quarta-feira, 23 de maio de 2012

PARTE 3 GUENTHER, Z. (2009) Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar- desenvolvendo o talento acadêmico, Rev. Educação Especial, vol 22, 35, p.281-298


PARTE 3



GUENTHER, Z. (2009) Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar- desenvolvendo o talento acadêmico, Rev. Educação Especial, vol 22, 35, p.281-298





Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar:
Desenvolvendo o talento acadêmico




 Zenita C Guenther, Ph.D



1.1            - Referencial e Bases teóricas




O crescente corpo de pesquisa sobre Aceleração vem se acumulando há mais de oitenta anos, desde os estudos de Terman, em 1925, aos atuais autores como Miraca Gross, (Austrália) Camile Benbaw e Nick Colangelo, (Estados Unidos), entre muitos outros em vários lugares do mundo, com revisões para organizar o conhecimento acumulado e sínteses compreensivas da literatura básica. Sistematicamente circulam análises do corpo de pesquisa científica, examinando estudos e resultados, isoladamente ou comparados entre si, empregando metodologias sofisticadas, como meta-análise, para descrever e inter-relacionar suas características e implicações (Kulic and Kulic, 1984; 2004).  




O mais recente, e provavelmente mais divulgado trabalho acadêmico sobre aceleração é o Templeton National Report on Acceleration, de Nicholas Colangelo, Susan Assouline e Miraca Gross, denominado: “Uma Nação Enganada: Como a América reprime seus estudantes mais brilhantes”, Volumes 1 e 2, (2004), disponibilizado sem custos na Internet em várias línguas, inclusive Espanhol.




O ponto em comum agregando esses estudos científicos, documentado por progressiva revisão da literatura, é a consistência com que demonstram que Aceleração é a prática mais bem sucedida de que se dispõe para atender alunos de alta capacidade intelectual expressa em talento acadêmico, apropriadamente identificados. Contudo permanece uma incompreensível barreira de resistência a essa prática nos meios educacionais (Borland, 2004).  Já desde 1979 Stephen Daurio trazia evidência de que



“...todas as indicações apontam para profissionais excessivamente preocupados com o desajustamento sócio-emocional que poderia vir a ser instalado entre os jovens precoces acelerados na escola, e nenhuma preocupação com a probabilidade de efeitos emocionais negativos resultados de pouca estimulação mental e desafio intelectual inadequado. Nenhum estudo mostrou que enriquecimento traz resultados melhores que aceleração. Quando muito o Enriquecimento diminui o tédio escolar dos alunos.” (Daurio, 1979). 




O autor conclui que a resistência à aceleração não se baseia em evidência científica, mas é devida a noções preconceituosas e não racionais dos profissionais da Educação.




1.2           - Algumas razões indicadas ...




Em nossos meios, no arcabouço confuso desenhado pela situação legal discutida, as razões apresentadas pelos sistemas escolares e órgãos normativos para permitir a um aluno mais novo adiantar o currículo, ou saltar sérieso que só é feito em casos muitíssimo raros - não apontam necessidades geradas pelo ritmo de aprendizagem e produção mental, mas situações emocionais que, por si mesmas, não justificariam aceleração. Entre as razões comuns estão : exagerado tédio, retraimento, introversão acentuada, ou comportamento inaceitável, especialmente nos meninos. Outra vez a escola está “enxergando melhor” os alunos pelas dificuldades e problemas, principalmente quando os adultos sentem-se incomodados.  




Para negar aceleração- acontecendo rotineiramente- os pareceres oficiais apresentam razões vagas, subjetivas, e não pedagógicas, tais como “deslocamento de grupo etário”, apoiadas não no conhecimento existente, mas em conceitos relativamente nebulosos de “imaturidade emocional” e “queima de etapas”... Todavia a Aceleração como medida educacional, não tem como variável central a idade cronológica do aluno, mas seu ritmo de produção mental, e domínios de capacidade natural identificada.




James Kulic (2004) em Uma nação enganada – Volume 2, afirma que não há nenhuma estratégia para atender às necessidades de alunos intelectualmente dotados que dê resultados tão bons quanto a aceleração ; que alunos acelerados, mais freqüentemente que outros alunos de igual capacidade, aspiram a estudos acadêmicos avançados ; e que a aceleração mostra-se muito mais efetiva em melhorar o desempenho escolar dos alunos mais inteligentes que qualquer modelo de reforma educacional já experimentado. Acrescenta-se ainda que há evidência de que a retenção do aluno em um nível escolar, devido a pouca idade, pode ser negativa ao ajustamento sócio-emocional e bem estar de crianças e jovens excepcionalmente dotadas em inteligência. Estudando esses casos na Austrália, Miraca Gross afirma que os que não foram acelerados “experimentavam extrema dificuldade em estabelecer relações sociais positivas com seus colegas de turma...” .

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