PARTE 3
GUENTHER, Z. (2009) Aceleração, ritmo de produção e trajetória escolar- desenvolvendo o
talento acadêmico, Rev. Educação Especial, vol 22, 35, p.281-298
Aceleração,
ritmo de produção e trajetória escolar:
Desenvolvendo
o talento acadêmico
Zenita C Guenther, Ph.D
1.1
- Referencial e Bases teóricas
O
crescente corpo de pesquisa sobre Aceleração vem se acumulando há mais de
oitenta anos, desde os estudos de Terman, em 1925, aos atuais autores como
Miraca Gross, (Austrália) Camile Benbaw e Nick Colangelo, (Estados Unidos), entre
muitos outros em vários lugares do mundo, com revisões para organizar o
conhecimento acumulado e sínteses compreensivas da literatura básica.
Sistematicamente circulam análises do corpo de pesquisa científica, examinando
estudos e resultados, isoladamente ou comparados entre si, empregando
metodologias sofisticadas, como meta-análise,
para descrever e inter-relacionar suas características e implicações (Kulic and
Kulic, 1984; 2004).
O
mais recente, e provavelmente mais divulgado trabalho acadêmico sobre
aceleração é o Templeton National Report on Acceleration, de Nicholas Colangelo, Susan Assouline e Miraca Gross, denominado:
“Uma Nação Enganada: Como a América
reprime seus estudantes mais brilhantes”, Volumes 1 e 2, (2004),
disponibilizado sem custos na Internet em várias línguas, inclusive Espanhol.
O ponto em comum agregando esses
estudos científicos, documentado por progressiva revisão da literatura, é a
consistência com que demonstram que Aceleração é a prática mais bem sucedida de
que se dispõe para atender alunos de alta capacidade intelectual expressa em
talento acadêmico, apropriadamente identificados.
Contudo permanece uma incompreensível barreira de resistência a essa prática
nos meios educacionais (Borland, 2004). Já
desde 1979 Stephen Daurio trazia evidência de que
“...todas as indicações
apontam para profissionais excessivamente preocupados com o desajustamento
sócio-emocional que poderia vir a ser instalado entre os jovens precoces
acelerados na escola, e nenhuma preocupação com a probabilidade de efeitos
emocionais negativos resultados de pouca estimulação mental e desafio intelectual
inadequado. Nenhum
estudo mostrou que enriquecimento traz resultados melhores que aceleração. Quando muito o
Enriquecimento diminui o tédio escolar dos alunos.” (Daurio, 1979).
O autor conclui que a resistência à aceleração
não se baseia em evidência científica, mas é devida a noções preconceituosas
e não racionais dos profissionais da Educação.
1.2
- Algumas
razões indicadas ...
Em nossos meios, no arcabouço confuso desenhado
pela situação legal discutida, as razões apresentadas pelos sistemas escolares e órgãos normativos para
permitir a um aluno mais novo adiantar o currículo, ou saltar séries – o que só é feito
em casos muitíssimo raros - não
apontam necessidades geradas pelo ritmo de aprendizagem e produção mental, mas
situações emocionais que, por si mesmas, não justificariam aceleração. Entre as
razões comuns estão : exagerado tédio, retraimento, introversão acentuada, ou
comportamento inaceitável, especialmente nos meninos. Outra vez a escola está “enxergando
melhor” os alunos pelas dificuldades e problemas, principalmente quando os
adultos sentem-se incomodados.
Para negar
aceleração- acontecendo rotineiramente- os pareceres oficiais apresentam razões vagas,
subjetivas, e não pedagógicas, tais como “deslocamento de grupo etário”, apoiadas
não no conhecimento existente, mas em conceitos relativamente nebulosos de
“imaturidade emocional” e “queima de etapas”... Todavia
a Aceleração como medida educacional, não tem como variável central a idade
cronológica do aluno, mas seu
ritmo de produção mental, e
domínios de capacidade natural identificada.
James Kulic (2004) em Uma
nação enganada – Volume 2, afirma que não há nenhuma estratégia para
atender às necessidades de alunos intelectualmente dotados que dê resultados
tão bons quanto a aceleração ; que
alunos acelerados, mais freqüentemente que outros alunos de igual capacidade,
aspiram a estudos acadêmicos avançados ; e que a aceleração mostra-se muito mais efetiva em melhorar
o desempenho escolar dos alunos mais inteligentes que qualquer modelo de
reforma educacional já experimentado. Acrescenta-se
ainda que há evidência de que a retenção do aluno em um nível escolar, devido a
pouca idade, pode ser negativa ao ajustamento sócio-emocional e bem estar de
crianças e jovens excepcionalmente dotadas em inteligência. Estudando esses casos na Austrália, Miraca Gross
afirma que os que
não foram acelerados “experimentavam
extrema dificuldade em estabelecer relações sociais positivas com seus colegas
de turma...” .
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