Aceleração de série sob a ótica da Apostila "Um olhar para as Altas Habilidades" - Construindo caminhos, (que vocês podem acessar, gratuitamente através do site : http://www.christinacupertino.com.br/arquivos/Altas_habilidades.pdf e que foi organizada
para a Secretária da Educação em 2.008, pela Dra. Christina Cupertino, que é a
coordenadora do Núcleo Paulista de Atenção à Superdotação (NPAS) do qual eu sou
assessora jurídica.
Altas Habilidades : Construindo Caminhos
A aceleração é mais uma forma de flexibilizar sistemas
educacionais muito cristalizados, desta vez por permitir ao aluno que pule
etapas da formação regulamentar. Pode se dar de maneiras diferentes : pela
entrada precoce na escola, pela dispensa
de cursos, ou pelo estabelecimento de programas de estudos acelerados, flexíveis no ritmo,
tarefas e/ou áreas de conhecimento.
Um programa que inclua flexibilização/aceleração
deve proporcionar ao aluno experiências de aprendizagem usualmente oferecidas a
crianças mais velhas que ele, que pode vir a cumprir o programa escolar em
menor tempo ou até saltar séries.
Como vantagens da aceleração, podemos apontar o fato
de poder usar recursos e professores já existentes na instituição de ensino. Essa prática também
corresponde à resposta mais rápida que se pode dar diante da constatação da
necessidade de atenção diferenciada a alguém com altas habilidades. O
aluno mantém-se motivado diante dos estudos, por poder seguir no seu próprio
ritmo.
Estudo de caso :
A equipe escolar pensou em reclassificação quando ele
freqüentava a 2a série (2a para 3a série), mas não foi reclassificado, porque a
equipe sentiu-se insegura em relação a essa tomada de decisão, pois o aluno
poderia ser prejudicado em sua aprendizagem.
Entre as desvantagens pode estar, novamente, o
sentimento de isolamento. Para preveni-lo é
importante tomar alguns cuidados na avaliação, evitando privilegiar um aspecto
do desenvolvimento em detrimento.
O que é aceleração ?
Diferentes formas de aceleração, segundo Freeman e
Guenther (2000):
Entrada mais cedo na fase seguinte do processo
educativo – desde o nível da Educação Infantil e daí para a frente.
Saltar séries escolares – promoção acima dos pares
etários, um ou mais anos.
Aceleração por disciplina – freqüentar séries mais
adiantadas em determinadas disciplinas.
Classes mistas – com ampla variedade de idades e
séries, de modo que os mais novos possam trabalhar com os mais velhos, e mais
avançados.
Estudos paralelos – uma criança freqüentando o Ensino
Fundamental ao mesmo tempo que o Ensino Médio, e assim por diante.
Estudos compactados – quando o currículo normal é
completado em metade ou terça parte do tempo previsto.
Planos de estudo auto-organizados – que os alunos desenvolvem
enquanto esperam o resto da classe completar o que eles já fizeram ou
aprenderam.
Além da avaliação pedagógica, para saber se o aluno já
domina o conhecimento exigido para a série que vai saltar, é necessário
considerar aspectos afetivos como a segurança, a auto-estima, ou o fato de ter
ou não amigos, por exemplo. Nesse caso podemos analisar duas alternativas como
exemplos. Numa delas, a criança é sociável e, mesmo que perca os
amigos da série que está deixando, sabemos que manterá os vínculos quando
possível, e que fará uma boa adaptação no novo grupo. Ou, ao contrário, ela é
reservada, e não terá muitos relacionamentos em nenhum dos grupos. Nos dois
casos a aceleração pode ser feita. Se nenhuma das alternativas anteriores se
aplica, é preciso dar atenção especial ao processo de adaptação, analisando
cuidadosamente onde se localiza a maior insatisfação, privilegiando-a.
Às vezes o ganho em estímulos e desafios
intelectuais compensa a perda dos relacionamentos sociais, mas às vezes pode
gerar insegurança. E sempre há a alternativa de oferecer cuidado psicológico à
criança e à família, quando ocorrerem estranhamentos nessa passagem.
Um último cuidado deve ser tomado para que a promoção
não resulte em uma pressão excessiva por resultados, o que pode gerar estresse.
Em resumo: como vem sendo dito até agora, temos que
estar atentos para o fato de que o desenvolvimento de uma pessoa não é
homogêneo, e que aptidões intelectuais, afetivas e motoras não se desenvolvem
igualmente.
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