segunda-feira, 27 de outubro de 2025

O maior obstáculo dos alunos com superdotação começa nas normas das Secretarias de Educação

 Os alunos com altas habilidades/superdotação (AH/SD) enfrentam uma série de desafios para que seus direitos educacionais sejam garantidos.

Eu advogada Cláudia Hakim, especialista em Direito Educacional há 19 anos e com mais de 30 anos de experiência jurídica, o maior obstáculo não está apenas nas escolas — mas nas próprias normas que regulamentam o atendimento desses alunos.


As normas que definem (ou limitam) direitos

Cada estado e município do Brasil possui regras próprias que tratam da educação especial, inclusive do atendimento aos alunos com altas habilidades/superdotação.
Essas regras aparecem em pareceres, deliberações, resoluções, portarias e instruções normativas, criadas por:

  • Secretarias de Educação;

  • Conselhos Estaduais e Municipais de Educação;

  • ou outros órgãos administrativos locais.

Embora existam diretrizes gerais criadas pelo Ministério da Educação (MEC), a regulamentação prática varia em cada localidade.
E é justamente aí que surgem os problemas: as normas estaduais e municipais podem criar exigências ou critérios tão rígidos que acabam inviabilizando os direitos dos alunos superdotados.



Onde está o problema?

Em muitos estados, a burocracia e a falta de clareza das resoluções educacionais dificultam o reconhecimento e o atendimento adequado dos alunos com altas habilidades.
Isso impacta diretamente o acesso às formas de atendimento previstas em lei — como a aceleração de série, o enriquecimento curricular e outras estratégias de ampliação do potencial desses estudantes.

Segundo Cláudia Hakim, “o problema começa nas normas que regulamentam o direito desses alunos. Cada estado cria exigências diferentes para reconhecer o aluno superdotado e permitir o atendimento especializado. Isso faz com que o direito muitas vezes não saia do papel.”


🚀 Aceleração de série: direito, não privilégio

Um dos pontos mais sensíveis é a aceleração de série, uma das modalidades de atendimento previstas para alunos com altas habilidades.
No entanto, cada estado tem critérios diferentes — e em alguns casos, tão complexos que acabam desestimulando as famílias e as próprias escolas.

É importante lembrar que a aceleração não é a única forma de atendimento, nem é adequada a todos os perfis de superdotação.
A legislação educacional brasileira prevê outras formas igualmente importantes, como:

  • Enriquecimento curricular;

  • Agrupamento de alunos com altas habilidades;

  • Salas de recurso e programas complementares;

  • Parcerias com instituições de ensino superior ou centros especializados.

Essas estratégias podem (e devem) ser combinadas, de acordo com as características e necessidades individuais de cada estudante.


💡 O que as famílias e escolas precisam saber

Os alunos com altas habilidades/superdotação têm direito a atendimento educacional especializado (AEE), previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e na Política Nacional de Educação Especial.
Esse direito não é opcional — é uma obrigação do Estado e das redes de ensino.

No entanto, para que isso aconteça na prática, é necessário:

  1. Que as Secretarias de Educação adotem normas mais claras e acessíveis;

  2. Que as escolas estejam preparadas para identificar corretamente esses alunos;

  3. Que os profissionais sejam capacitados para desenvolver estratégias de enriquecimento e acompanhamento;

  4. Que as famílias conheçam a legislação e saibam como reivindicar os direitos de seus filhos.


🧠 Superdotação e diversidade: nem todo aluno é igual

Outro ponto essencial é compreender que a superdotação não tem um único perfil.
Existem alunos com habilidades acadêmicas, artísticas, psicomotoras, científicas, de liderança ou criativas — e cada tipo de talento exige uma abordagem educacional diferente.

A aceleração de série pode ser adequada em alguns casos, mas não é a única nem a principal estratégia.
O foco deve estar no desenvolvimento integral, respeitando o ritmo, o interesse e as potencialidades de cada estudante.


📣 Conclusão: o desafio é transformar o direito em prática

O direito à educação especial e ao atendimento diferenciado já existe em lei.
O problema está na forma como ele é regulamentado e implementado.

Como afirma Cláudia Hakim,

“As normas deveriam garantir o direito, mas em muitos casos acabam criando barreiras. É preciso que as Secretarias de Educação e os Conselhos revisem suas regulamentações, para que os alunos com altas habilidades/superdotação possam realmente desenvolver seu potencial.”

Garantir o direito à educação inclusiva é mais do que uma questão legal — é um compromisso ético e social com o futuro de estudantes que têm muito a oferecer, mas ainda encontram portas fechadas por falta de informação, preparo e sensibilidade institucional.


👩‍⚖️ Por Cláudia Hakim — Advogada especialista em Direito Educacional, com 31 anos de atuação jurídica e 19 anos dedicados à defesa dos direitos educacionais de alunos da Educação Especial.

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