sábado, 18 de janeiro de 2014

Meu filho faz chantagem: como lidar?





"Negociar" o bom comportamento dos filhos em troca de algo é prejudicial, alerta psicólogo

Foto: Thinkstock


Por MADSON MORAES

A cena é conhecida dos pais: no supermercado, a criança quer porque quer aquele produto e o escândalo é sua arma para conseguir seu objetivo. Os pais, envergonhados, prometem algo em troca daquela considerada inocente "negociação". Mas o cenário pode piorar: o próximo escândalo dos filhos acontece na frente de outras pessoas e, dessa forma, os pais mais uma vez "negociam" mundo e fundos diante de outra "chantagem". E aí o ciclo de chantagem entre pais e filhos continua.

Como lidar, então, com um filho que utiliza dessas artimanhas para conseguir o que quer?

Os pais, de acordo com psicólogos, não devem ficar reféns desse recurso, pois poderão criar uma relação sem bons resultados no futuro embora, de imediato, funcione. A psicopedagoga e vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Luciana Barros de Almeida, lembra que ceder sempre à "chantagem" dos filhos, em troca de alguma coisa, é prejudicial. Quem deve saber a hora de atender ou não a solicitação da criança são os pais e não inverso.


"Dar limites é um ato de amor e proteção porque cria anteparos para a tolerância e ajuda a lidar com frustrações e sentimentos que são enfrentados por toda pessoa. Quanto mais adiar essa experiência, mais difícil será enfrentar. O "não" estabelece o limite, mas não pode ser dito em demasia. O mesmo vale para o "sim", pois estabelece liberdade. E, se falado em excesso, fica abusivo", observa Luciana Barros.


Além disso, é importante que os pais saibam a diferença entre negociação e chantagem, como observa a psicóloga e diretora do Colégio Global, Eliana de Barros Santos. Ela explica que na negociação há um crescimento, uma evolução na relação e ambas as partes ganham. Bem diferente da chantagem, que pressupõe o prejuízo de uma das partes em prol do benefício para a outra parte. Sendo assim, essa 'tática' não deve ser considerada na educação.

"Quando a criança ou o adolescente apresenta esse tipo de comportamento, ele deve ser orientado a não repeti-lo e os pais não podem ceder, caso contrário vão reforçar esse comportamento. Em relação à educação das crianças, haja o que houver, os pais precisam dizer à criança que eles controlam o que pode e o que não pode. Além de mostrar que estão atentos, mantendo a calma e o tom de voz sereno e firme. Assim demonstram tranquilidade e segurança, o que favorece um desenvolvimento saudável e equilibrado', opina a psicóloga, Eliana.

Quando a criança começar a dizer, por exemplo, "Eu não gosto mais de você", "Todos os meus amigos têm, só eu não tenho", os pais devem ficar atentos porque a criança começa a usar esse tipo de comportamento para pedir tudo o que quer. "Pais que trabalham fora ou são separados, geralmente, se culpam pela situação e tornam-se alvo fácil de serem capturados pela criança. Isso porque eles são pequenos, mas têm perspicácia para perceber as atitudes dos adultos", aconselha Luciana.


A psicóloga Eliana de Barros, lembra que, muitas vezes são os próprios pais que incentivam essa troca nada benéfica com os filhos. 'Criança vê, criança faz! Cabe aos pais o cuidado de não utilizar a chantagem como forma de obter vantagens. Os filhos repetem o comportamento observado nos pais. Então, se você for um bom negociador, não terá dificuldades para lidar com a chantagem', adverte.

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