domingo, 6 de novembro de 2011

Quais métodos os psicólogos contemporâneos usam para identificar crianças superdotadas? Como ocorre o desenvolvimento emocional desses pequenos? Veja


Mentes brilhantes

Quais métodos os psicólogos contemporâneos usam para identificar crianças superdotadas? Como ocorre o desenvolvimento emocional desses pequenos? Veja o que existe de novo nesse campo e o que dizem os pesquisadores sobre os famosos testes de QI




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Talentos desabrochados precocemente, como uma boa desenvoltura com artes e pinturas, devem ser analisados por profissionais, pois são indicações de que a criança é superdotada



Por Roberta de Medeiros



Mãe de três filhos talentosos, a psicóloga Ângela Virgolim, professora da UnB (Universidade de Brasília), também não vê com bons olhos o uso dos testes, embora admita que eles são úteis para avaliar uma criança com notas baixas na escola, por exemplo, por causa de desmotivação ou problemas emocionais. "As pessoas nos procuram para fazer um teste de QI ou para 'diagnosticar' um filho que pode ser ou não superdotado. Mas temos que fugir destas armadilhas. O importante, tanto para a escola, quanto para a família, não é classificar ou rotular, e sim criar formas mais adequadas da criança ou do jovem desenvolver seu potencial", completa Ângela, que estudou com a equipe de Renzulli durante a defesa do seu doutorado pela Universidade de Connecticut.



Não há consenso entre os especialistas. O fato é que a ciência ainda não encontrou uma fórmula para medir com precisão quem é superdotado. "Se o conceito de inteligência se basear numa noção estática, será usado um ponto de corte nos resultados do teste para selecionar quem deve entrar no programa e quem deve ficar de fora. Renzulli, por exemplo, acredita que a superdotação poderá aparecer em um momento e desaparecer em outro, fruto do contexto em que a criança vivencia. "Assim, ela precisa ser sempre avaliada para ver se o programa está realmente desenvolvendo seu potencial", diz Ângela.



Caprichos da Genética



Uma das questões sobre a natureza humana que mais intrigam os cientistas é o que faz uma pessoa ser mais inteligente do que outra. Já se sabe que a genética e a experiência ao longo da vida são importantes. Mas ainda não se sabe qual é o peso de cada um. Depois de estudar por mais de 20 anos gênios e prodígios, o psicólogo Anders Ericsson, da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, defende que não existem capacidades herdadas. O ingrediente-chave é a persistência em querer aumentar o desempenho. Na contramão, Paul Thompson, da Universidade da Califórnia, insiste que todas as capacidades intelectuais de uma pessoa são determinadas no berçário, e a genética molecular seria uma poderosa arma para identificar os traços de superdotação.



A resposta estaria escrita no genoma, a sequência de códigos químicos que tornam cada pessoa tão única.


Geneticistas da UNESP (Univesidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho), compartilham da segunda opinião e pretendem um passo adiante na compreensão da inteligência humana. Desconfiados de que a superdotação seja fruto de uma mutação genética, eles iniciaram testes neuropsicológicos em crianças e adolescentes com desajuste escolar, entre eles, superdotados, atendidos pelo Ambulatório de Desvios de Aprendizagem. E estão dispostos a descobrir se existe uma relação dos polimorfismos do gene SNAP-25 em superdotados. Os estudos recentes sugeriram uma participação possível desse gene na aprendizagem e na memória, ambos são componentes da inteligência humana.



Os cientistas partem do princípio de que ninguém nasce sabendo, mas algumas pessoas podem ganhar um empurrão da natureza. É o caso de Albert Einstein, o pai da teoria da relatividade. O patologista americano Thomas Harvey foi o primeiro a abrir o crânio de seu "paciente" mais ilustre para descobrir a receita de tanta inteligência e divulgá-la ao mundo. Por falta de uma base para comparação, não chegou a nenhuma conclusão. Em 1999, a pesquisadora Sandra Witelson, da McMaster University, no Canadá, comparou medidas do cérebro do gênio com aquelas de cérebros de 35 homens e 50 mulheres com inteligência normal. O cérebro era semelhante ao dos demais, com exceção de uma área chamada parietal, que era 15% mais larga. A cognição visuoespacial, o pensamento matemático e as imagens de movimento são fortemente dependentes dessa região. Além disso, o cérebro do físico não tinha os sulcos que separam as duas porções dessa região, o que facilitaria a comunicação entre os neurônios. Os cientistas ainda encontraram uma porcentagem maior de células gliais, que suportam e nutrem a rede de neurônios.




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