Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

OUÇA BEM - Texto de Rosely Sayão



Vocês devem ter reparado que eu sou leitora da Coluna da Rosely Sayão e que eu gosto muito dela e que, vira e mexe, eu posto alguma coisa que ela publicou no Encarte do Jornal "A Folha de SP" da parte Equilíbrio.


Este artigo que eu trouxe abaixo, evidentemente, que se aplica a todas as crianças. Porém, nós, pais de crianças superdotadas, sabemos que as nossas crianças costumam nos contar ou nos falar, ou nos comentar pérolas com muito mais frequência, do que as “outras crianças”. Pérolas inteligentes ; pérolas engraças. Pérolas inesquecíveis. Por isso é que eu criei, tanto na comunidade do Orkut, quanto no grupo do Facebook, que possuo “Mãe de Crianças Superdotadas”, um tópico para registrar todas estas nossas “pérolas”, chamado "Pérolas que os meus filhos soltam".


ROSELY SAYÃO


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq3008201113.htm


OUÇA BEM





Fique atento para gravar frases incríveis que as crianças dizem e ainda aprender mais sobre si mesmo



Ouvi uma avó lamentar, recentemente, o fato de não ter registrado por escrito as coisas que seus filhos, hoje adultos, falaram quando crianças.

É verdade: um bom ouvinte é capaz de reconhecer frases sensacionais criadas por crianças e histórias simplesmente encantadoras que elas nos contam.

É impressionante como elas são capazes de expressar o que sentem e pensam de maneira genial, criativa.

Devo concordar com essa avó: é uma pena termos perdido a memória de muito do que já ouvimos de filhos, alunos, netos e outras crianças com quem convivemos.

Uma professora de educação infantil tem o costume de escrever em um caderno tudo o que escuta de seus alunos e julga digno de nota. De vez em quando, ela relê esse material e se emociona com tudo o que já testemunhou.

Essa é uma dica para quem tem filhos pequenos: anotar as frases que merecem ser lembradas e, mais tarde, presentear o filho com esse caderno de registros.

Uma das histórias que essa professora me contou merece ser compartilhada com você, caro leitor. Alguns anos atrás, ela acompanhava uma classe de crianças de quatro anos. Um dos aluninhos, peralta ao extremo, costumava morder seus colegas quando esses o atrapalhavam. E isso era motivo para muitas reclamações das mães dos colegas de sala e da própria professora, que nem sempre conseguia se antecipar ao garoto para impedir a mordida.

Pois bem: um dia em que a professora estava com a paciência um pouco curta, o garoto foi lá e soltou uma bela mordida no colega que recusou a companhia dele em uma brincadeira.


A professora não teve dúvida: sentou ao lado do garoto e soltou um longo discurso a respeito do que podia e não podia acontecer na sala, de que colega precisava ser respeitado etc. e tal.


Ela só se deu conta de que a sua fala fora exagerada ao ouvir a resposta do menino: "Professora, eu mordi pouco, mas você falou muito!".

Pensando bem, um ouvinte atento não apenas grava na memória frases incríveis como essa, mas também reflete sobre o que escuta e aprende muito a respeito de si mesmo e de como se relaciona com o mundo infantil e com as próprias crianças.

Essa professora, por exemplo, disse que aprendeu a ser uma professora melhor depois de dormir muitas noites com a frase do menino na cabeça. "Falar menos e agir mais com as crianças é o que de melhor podemos fazer por elas", relatou.
Verdade, não é ?


Uma leitora escreveu uma vez para contar a dificuldade que tinha de se comunicar com o filho de modo que ele entendesse o que ela queria expressar.


É : de pouco adianta falar com a criança tendo como referência o mundo adulto e a sua linguagem. E hoje, quando a infância está desaparecendo, fica bem mais difícil para o adulto encontrar uma via de comunicação com os pequenos.


Essa leitora passeava com seu filho de cinco anos pelas ruas da cidade quando cruzaram com um grupo de anões (pessoas de baixa estatura, segundo a linguagem politicamente correta).

O garoto demonstrou perplexidade frente a essa situação por não conseguir entendê-la. Como aquela imagem não encaixava em seu referencial, ele pediu a ajuda da mãe para dar um sentido ao que via. A mãe bem que tentou, mas não conseguiu ajudar o garoto.


Foi então que ele sintetizou sua dúvida: "Mãe, eles são gente grande ou gente pequena?".

Foi dessa maneira genial que o garoto fez a mãe entender o que ele precisava saber.

Ouvir as crianças, pensar no que dizem, ficar atento à maneira como elas combinam sentimentos, imagens e pensamentos e traduzem isso em palavras é um ótimo recurso para se comunicar verdadeiramente com elas.



ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)




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