Quando, no ano passado, ouvi de uma cliente minha, em meu
escritório, que, ao tentar dialogar com a supervisora de ensino o quanto ela
fora maltratada e desrespeitada por ela, achei que se tratava de um caso
pessoal. Que havia uma questão pessoal envolvendo a aludida supervisora de
ensino contra a diretora da escola aonde os filhos da minha cliente estudavam,
ou contra a própria mãe.
No caso daquela minha cliente, ela foi “tentar” conversar
com a supervisora de ensino, que havia determinado o retrocesso de série dos
dois filhos dela, que são superdotados academicamente comprovados, e que, por
recomendação da escola e de especialistas, foram avançadas (aceleradas) de
série. A tal supervisora, determinou que os alunos voltassem um ano de série
(já quase no final do ano letivo !), sem dar uma justificativa, um fundamento
legal, e ... o pior de tudo, sem conhecer as crianças, analisar o boletim
delas, as notas boas que eles vinham apresentando, desde eu foram acelerados de
série, de poder acompanhar o bem estar emocional e social destas crianças,
simplesmente porque .. assim ela queria !!!
Pois bem ... , quando ouvi isto, na primeira vez, de uma
cliente minha, fiquei chocada ! Fiquei imaginando o que a tal mãe não podia ter
falado para a supervisora de ensino, que pudesse ter gerado tanta raiva da
parte dela ! A supervisora de ensino chamou a minha cliente de “louca”, por “
ela “ (e não a escola), ter pulado os filhos dela de série. Que a minha cliente
não sabia o mal que estava fazendo aos filhos dela, (superdotados acadêmicos) e
que iria chamar o Conselho Tutelar, para tirar a guarda dos filhos dela, caso
os filhos dela não voltassem de ano.
Obviamente, que consegui reverter esta decisão maluca e
arbitrária da diretoria de ensino, através da impetração de um mandado
de segurança e os meus clientes tiveram seus direitos educacionais (entre
outros) preservados, e continuam cursando felizes e com êxito a série além de
seus pares etários (acelerados).
Mas.. infelizmente, eu mesma tive esta infeliz
experiência, quando foi a minha vez, da Secretaria da Educação não aceitar
regularizar a aceleração de série do meu filho mais velho e determinar, assim
como aconteceu com aquela minha cliente, que ele voltasse de série. A
explicação dada, desta vez por outra supervisora de ensino, de outra diretoria
de ensino, também não foi convincente e baseou-se no “porque tem que ser
assim e pronto !”. Assim como aconteceu àquela minha cliente, também
sem a supervisora de ensino conhecer o meu filho, as suas notas, seu desempenho
acadêmico, a sua curiosidade em aprender, o seu entrosamento social, o seu bem
estar ou o que dizia as suas avaliações que atestaram que ele se tratava de um
aluno superdotado acadêmico que precisava ser acelerado de série, para que as
suas necessidades intelectuais e sociais fossem atendidas.
Acho que as diretorias de ensino, daqui de São Paulo,
ainda não entenderam que os alunos superdotados acadêmicos têm direito à
inclusão escolar e têm direitos expressos previstos, tanto na Lei de Diretrizes
Básicas da Educação, quanto na Constituição Federal, quanto no Estatuto da
Criança e do Adolescente, na Convenção de Salamanca e nas Deliberações do
Conselho Nacional e Estadual de Educação.
Ontem mesmo, fui atender a diretora e coordenadora de uma
grande escola, daqui de São Paulo, e elas me contaram, que ficaram
estarrecidas, e choraram compulsivamente, depois que ouviram da supervisora de
ensino, aos gritos, que elas teriam que retornar as
10 (dez) crianças que estavam frequentando com êxito o Jardim II (série
equivalente ao Pré Primário) e o Primeiro ano do Ensino Fundamental, sem dar
alguma explicação jurídica, sem conhecer o desenvolvimento psico pedagógico
daquelas crianças, simplesmente, porque a Secretaria da Educação não aceita
inserir no sistema do GDAE a matrícula daquelas crianças, que nasceram antes de
30 de Junho !!!
As supervisoras de ensino têm demonstrado um grande
despreparo profissional e até mesmo humano em lidar com os diretores,
coordenadores, secretárias e pais envolvidos nesta questão da idade do corte ou
da aceleração de série. Na maioria das vezes, tenho ouvido das diretoras de
escolas que as supervisoras de ensino têm ameaçado as escolas, aos gritos, de
abrir uma sindicância, ou de praticar algum outro tipo de represália, para garantir
que aquilo o que foi instituído pelo Conselho de Educação seja realizado. Mesmo que aquilo vá
contra os direitos previstos em nossa Constituição Federal, Estatuto da Criança
e do Adolescente ou da nossa Lei de Diretrizes Básicas da Educação !
Eu já entre com representação criminal contra supervisora
de ensino que, no meu entender, agiu com abandono intelectual de menor, ao
determinar o retrocesso de série de crianças superdotadas acadêmicas, que tinha
sido aceleradas de série, mas, que foram obrigadas a retroceder de série, pela
diretoria de ensino. Não aceitei a determinação dela e enxerguei como um crime
o que aquela supervisora estava fazendo contra as crianças.
Será que as supervisoras de ensino, realmente, acreditam
que o melhor para aquelas crianças, cujas escolas optaram por adiantá-las,
avançá-las, ou progredi-las de série seria que elas voltasse de ano ...
retrocedessem de série ??? Tenho como convicção que não ! Que elas também devem
questionar e não concordar com a imposição determinada pelo Conselho de
Educação de São Paulo em relação à idade de corte (31/03 ou 30/06) ou na
questão da aceleração de série (garantido, por lei, no artigo 59 da Lei de
Diretrizes Básicas da Educação). Senão .. que outra justificativa
encontraríamos para tamanho despreparo profissional e desrespeito humano ?
Mas, infelizmente, (novamente eu lanço mão de me utilizar
deste advérbio) constatei que os maus tratos por parte dos supervisores
de ensino virou um fenômeno de âmbito paulista ! Já perdi as contas de
quantas vezes eu ouvi, por parte de diretores, coordenadores e pais o quanto
foram maltratados pelos supervisores de ensino, por agirem de acordo com aquilo
que acreditam ser o melhor para o bem estar emocional, social e pedagógico da
criança, e com o que a nossa lei garante.
Será que não existe outra forma, destes supervisores de
ensino, fazerem cumprir aquilo que entendem como “obrigatório” (notem que não
estou nem entrando no mérito do certo ou do errado), senão no grito, na chantagem,
ou, costumamos dizer “na porrada” ???
Afinal de contas .... os supervisores de ensino não
deveriam ser os primeiros a olhar e a zelar pelo bem estar das crianças ???
Olá
ResponderExcluirEstou no 3º ano de pedagogia e concordo plenamente com sua argumentação, a supervisora no mínimo deveria analisar o histórico de cada criança e analisar todos os aspectos positivos e negativos que esta aceleração pode causar,como educadora, percebo que alguns pais de crianças superdotadas sobrecarregam demais os filhos, não estou dizendo que seja o caso dos exemplos que citou, mas para que o desenvolvimento de uma criança seja tranquilo e sem traumas, e fundamental que se sinta bem na nova turma, ter entrosamento com os colegas mesmo de idades diferenciadas, tudo deve ser analisado, não só o ensino sistemático proposto, mas também os aspectos sociais, jamais a criança deve ser sobrecarregada, pois ao invés de interpretar suas habilidades como uma dádiva poderá interpretá-las como um fardo.
Como estudante de pedagogia posso afirmar que os cursos NÃO PREPARAM PEDAGOGOS PARA LIDAR COM CRIANÇAS COM ALTAS HABILIDADES COMO DEVERIA, logo a formação deficiente ocasiona problemas como os que foram descritos na postagem.
Lamento que existam profissionais despreparados na rede pública, mas lamento ainda mais que estes alcancem cargos de responsabilidade como o de educadores e de gestores, estas supervisoras deixaram a desejar tanto na sua formação, quanto no trato com o público, ao menos o respeito com os pais e outros educadores deve existir.
De minha parte posso garantir que me dedicarei cada vez mais para não cometer injustiças como estas e para garantir sempre o que for melhor para os alunos, mesmo que para isso tenha que descontentar quem quer que seja.
Parabéns pelo blog,muito bom mesmo, e continue expondo este lado triste da educação, pois somente denunciando abusos e informando é que poderemos garantir uma educação mais igualitária e de qualidade.
Obrigada, Larissa, pelo seu comentário !
ResponderExcluirConcordo com o seu posicionamento.
Gostaria de lhe convidar a participar do meu grupo no facebook, que leva o mesmo nome que o meu blog, Mãe de Crianças Superdotadas, aonde participam dele pais de crianças superdotadas, especialistas e pessoas que têm afinidade com o tema. Ali, promovemos debates, e estudo de artigos sobre o tema da Educação das Crianças Superdotadas.
Abraços,
Claudia Hakim