Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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quinta-feira, 19 de abril de 2012

O QUE ACONTECE QUANDO VOCÊ FICA ELOGIANDO A INTELIGÊNCIA DE UMA CRIANÇA







 





Gabriel é um menino esperto.



Cresceu ouvindo isso.



Andou, leu e escreveu cedo.


Vai bem nos esportes.


É popular na escola e as provas confirmam, numericamente e por escrito, sua capacidade.


Esse menino é inteligente demais”, repetem orgulhosos os pais, parentes e professores. Tudo é fácil pra esse malandrinho”.


Porém, ao contrário do que poderíamos esperar, essa consciência da própria inteligência não tem ajudado muito o Gabriel nas lições de casa.


- “Ah, eu não sou bom para soletrar, vou fazer o próximo exercício”.


Rapidamente Gabriel está aprendendo a dividir o mundo em coisas em que ele é bom, e coisas em que ele não é bom.


A estratégia (esperta, obviamente) é a base do comportamento humano: buscar prazer e evitar a dor. No caso, evitar e desmerecer as tarefas em que não é um sucesso e colocar toda a energia naquelas que já domina com facilidade.



Mas, como infelizmente a lição de casa precisa ser feita por inteiro, inclusive a soletração, de repente a auto-estima do pequeno Gabriel faz um… crack.


Acreditar cegamente na sua inteligência à prova de balas, provocou um efeito colateral inesperado: uma desconfiança de suas reais habilidades.




Inconscientemente ele se assusta com a possibilidade de ser uma fraude, e para protegê-lo dessa conclusão precipitada, seu cérebro cria uma medida evasiva de emergência : coloca o rótulo dourado no colo, subestima a importância do esforço e superestima a necessidade de ajuda dos pais.



A imagem do “Gabriel que faz tudo com facilidade”, a do “Gabriel inteligente” (misturada com carinho), precisa ser protegida de qualquer maneira.


Gabriel não está sozinho. São muitos os prodígios, vítimas de suas próprias habilidades de infância e dos bem intencionados e sinceros elogios dos adultos.



Nos últimos 10 anos foram publicados diversos estudos sobre os efeitos de elogios em crianças.


Um teste, realizado nos Estados Unidos com mais de 400 crianças da quinta série (Carol S. Dweck / Ph.D. Social and Developmental Psychology / Mindset: The New Psychology of Success), desafiava meninos e meninas a fazer um quebra-cabeças, relativamente fácil.


Quando acabavam, alguns eram elogiados pela sua inteligência (“você foi bem esperto, hein!) e outros, pelo seu esforço (“puxa, você se empenhou pra valer hein!”).


Em uma segunda rodada, mais difícil, os alunos podiam escolher entre um novo desafio semelhante ou diferente.


A maioria dos que foram elogiados como “inteligentes” escolheu o desafio semelhante.


A maioria dos que foram elogiados como “esforçados” escolheu o desafio diferente.


Influenciados por apenas UMA frase.


O diagrama abaixo mostra bem as diferenças de mentalidade e o que pode acontecer na vida adulta.




O Malcom Gladwell tem um ótimo livro sobre a superestimação do talento, chamado “Fora de Série” (“outliers”). Lá aprendi sobre a lei das 10 mil horas, tempo necessário para se ficar bom em alguma coisa e que já ensinei pro meu filho.


Se você tem um filho, um sobrinho, ou um amigo pequeno, não diga que ele é inteligente. Diga que ele é esforçado, aventureiro, descobridor, fuçador, persistente.



Celebre o sucesso, mas não esqueça de comemorar também o fracasso seguido de nova tentativa.




COMENTÁRIOS DA PESSOA QUE TROUXE O TEXTO PARA O ARTIGO ACIMA CITADO :


01. Não, eu não estou dizendo para não elogiar as crianças. E não, também não estou dizendo para você nunca dizer para o seu filho que ele é inteligente. É apenas uma questão de evitar o RÓTULO.


02. Evidentemente não sou o autor dessa tese/teoria, muito menos desse estudo citado no post. Escrevi justamente SOBRE essa linha de pensamento. Quem escreveu essa teoria foi Carol S. Dweck / Ph.D. Social and Developmental Psychology / Mindset: The New Psychology of Success(http://news.stanford.edu/news/2007/february7/dweck-020707.html) como foi citado acima e nos comentários também.
03. Gostaria de aproveitar o update e agradecer pelos inúmeros comentários e likes, o que prova o quanto esse assunto é fascinante. Obrigado!



MEUS COMENTÁRIOS :


 Muito interessante este seu artigo. Eu já tinha publicado, a algum tempo, algum artigo nessa linha de pesquisas que compraram um grupo de crianças inteligentes com um grupo de crianças esforçadas e a conclusão era a mesma que esta reportagem trouxe. As crianças esforçadas podem vir a se dar melhor na vida do que as inteligentes, que por serem sempre elogiadas por sua inteligência, quando se deparam com algo que não sabem, travam, não tentam desafiar o desconhecido, por medo de errar e não saber lidar com o fato de serem os "sabe-tudos", mas desta vez, não souberam.


Eu tb discordo da frase do autor do texto de que : “Se você tem um filho, um sobrinho, ou um amigo pequeno, não diga que ele é inteligente. Diga que ele é esforçado, aventureiro, descobridor, fuçador, persistente”.


Eu acho que não devemos negar o fato de que eles são, mesmo, muito inteligentes. Só não devemos ficar evidenciando isto toda hora. Quando for o caso, deles tirarem uma nota boa, acho, sim que devemos elogiar o resultado. Mas, tb devemos incentivar os desafios e mostrar que é normal eles não saberem alguma coisa, ou terem algum tipo de dificuldade em alguma área. Isto mostra prá eles, que eles não são perfeitos.

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