Extraído do site : http://blog.educacional.com.br/altas_habileduc/2010/01/22/transtorno-do-deficit-de-atencao-e-a-superdotacao/
Um
blog a serviço da educação
Denise Maria de Matos Pereira de Lima
Esse tema é polêmico e gera dúvidas para quem tem pouca informação sobre
ele. É comum encontrarmos crianças superdotadas com diagnóstico de Transtorno
do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDA/H). Mas por que isso
ocorre? Existe alguma relação entre Superdotação e TDA/H ? Vamos tentar
elucidar algumas questões que envolvem essa temática.
Alta habilidade/superdotação trata-se de uma condição humana, expressa por
meio do elevado potencial do indivíduo para pensar e agir sobre determinados
conhecimentos e comportamentos, com criatividade, motivação intensa e
habilidade acima da média, ao ser comparado a outros da mesma faixa etária. Não
encontraremos nenhum conceito de superdotação que determine alguma diferença
anatômica no cérebro ou anomalia em seu funcionamento.
A superdotação não é uma síndrome, não é uma deficiência, nem mesmo uma
doença. Por essa razão, não existe tratamento médico ou medicamentoso que promova
sua cura. A superdotação, como já dissemos, é uma condição humana. Poderíamos
dizer que se trata de um cérebro com funcionamento privilegiado, pois ele
apresenta condições orgânicas de realizar aprendizagens mais rápidas e de
estabelecer relações entre as informações de maneira mais elaborada e em menor
tempo, além de possuir uma memória fabulosa.
É natural, portanto, que uma pessoa que tem grande facilidade em reter
informações, estabelecer relações muito rapidamente e chegar a conclusões sobre
vários assuntos, consiga se destacar. A ânsia por aprender sempre mais
poderá tornar o superdotado uma pessoa inquieta, extremamente ansiosa por novos
conhecimentos. Além disso, o grande desejo por novas aprendizagens poderá torná-lo
insatisfeito e desmotivado quando espera algo novo e depara-se com ações
pedagógicas lentas e sem progresso. Nesse caso, é comum encontrarmos crianças e
jovens superdotados apresentando comportamento acentuado de desatenção na
escola.
A respeito do
TDA/H, na história da medicina existem relatos sobre o médico inglês, George
Still, que, em 1902, registrou alterações comportamentais em crianças. Por
volta de 1927, o interesse por esses quadros comportamentais se intensificou.
Na década de 30, drogas psicoestimulantes (como o metilfenidato, mais conhecido como ritalina)
começaram a ser administradas em crianças e adolescentes para conter os
sintomas decorrentes dessas alterações de comportamento, que, desde então,
receberam diversos nomes : lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, síndrome
da criança hiperativa, distúrbio primário da atenção e distúrbio do déficit de
atenção com ou sem hiperatividade.
Mas o que é o TDA/H ? É um transtorno neurológico que atinge principalmente
duas áreas importantes do cérebro : área motora e a pré-frontal. Essas áreas
atuam, principalmente, no controle dos movimentos e na tomada de decisão. É por
esse motivo que a pessoa com TDA/H é inquieta e possui dificuldade de
concentração, agindo impulsivamente, sem critérios mais precisos para tomada de
decisões.
Alguns comportamentos do superdotado e do hiperativo podem se assemelhar : a ansiedade e a
agitação quando a criança vivencia uma situação estimulante e de aprendizagem,
assim como a falta de atenção e a desmotivação quando o assunto não a
interessa. A desatenção, a ansiedade e a agitação do hiperativo são comportamentos
permanentes devido à alteração neurológica que se dá na área motora.
A hiperatividade deve ser diagnosticada e tratada por um neurologista. Em muitos casos, há
indicação de medicamento para minimizar os sintomas, além de acompanhamento
psicológico e utilização de estratégias pedagógicas adequadas.
Os comportamentos de superdotação podem ser identificados pelo professor. No entanto, o profissional
habilitado para fornecer um laudo de superdotação é o psicólogo. Em alguns casos, pode haver indicação de atendimento
terapêutico, mas as necessidades do superdotado estão voltadas para área
pedagógica, portanto, a escola deve promover o enriquecimento curricular.
Apesar de terem alguns comportamentos semelhantes, o TDA/H e a alta
habilidade/superdotação são quadros distintos. Quando crianças e
jovens apresentam esses quadros associados, é indicado o acompanhamento neurológico,
psicológico e pedagógico para que eles atinjam um melhor desempenho acadêmico e para que seu
desenvolvimento emocional e cognitivo se dê com maior qualidade.
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