O conceito de superdotação e a sua definição é
muito polêmico e complexo. Alguns teóricos que seguem a linha da psicometria (que é a área da Psicologia
que estuda a mensuração da inteligência) consideram como superdotados somente as pessoas que apresentam QI total avaliado no teste WISC e agora no SON R e o Wais, escala de inteligência para adultos, acima de 130. Psicólogos da área da
psicometria, seguindo os passos de Lewis
Terman, em 1916, associavam superdotação
a Q.I’s elevados. Até hoje, a superdotação e Q.I elevado continuam, por
muitos teóricos e profissionais, a ser sinônimo
Os alunos que apresentam QI acima de 130 nos testes
psicológicos (de inteligência) acima mencionados são os candidatos à aceleração
de série, quando apresentam interesse acadêmico, facilidade de aprendizagem e
maturidade para tanto. Note que não basta ter um QI acima de 130 para ser
acelerado.
Diferentes Teorias surgiram para explicar o
conceito de superdotação : Teoria Triárquica
da Inteligência (STERNBERG, 2000), Modelo
Diferenciado de Superdotação e Talento (GAGNÉ, 2000), à Teoria das Inteligências Múltiplas (GARDNER,
1983), a Teoria dos Três Anéis
(RENZULLI, 1986).
Teóricos como Renzulli, (1986) e Garner (1.983) consideram
como superdotados aqueles que apresentam uma habilidade acima da média em
quaisquer uma das áreas do saber ou do conhecimento, com envolvimento com a
tarefa e criatividade. O maior defensor desta teoria é o Renzulli (1.983).
Definição de
Renzulli (1986), “Teoria dos três anéis": Superdotação é o resultado da interação entre três fatores
(três anéis): habilidade acima da média + motivação (alto nível de
produtividade ) + criatividade.
Para Renzulli (1.986) existem 2 tipos de
superdotação : A ACADÊMICA E A PRODUTIVO/CRIATIVA
SUPERDOTADO
ACADÊMICO (Renzulli&Reis, 1997) : Notável desempenho acadêmico, aprende
rapidamente. Mais facilmente identificado nos testes de QI. Indivíduos
tradicionalmente selecionados para participar de programas especiais.
SUPERDOTAÇÃO
PRODUTIVA-CRIATIVA : implica o desenvolvimento de materiais e
produtos originais. Não necessariamente tem um QI superior. Pensa por
analogias.
Segundo a Cartilha elaborada e organizado pela
Secretaria da Educação de São Paulo, “Um olhar para as altas habilidades” :
“Superdotado é o indivíduo que
demonstra desempenho superior ao de seus pares em uma ou mais das seguintes
áreas : habilidade acadêmica, motora ou artística, criatividade, liderança”.
O Conselho Mundial de Superdotação incorporou o
conceito de superdotação de Renzulli e também o de Howard Garnder sobre as
múltiplas inteligências, para definição do superdotado. E nossa legislação
também seguiu este conceito, ao considerar como superdotado aquele que : (...) III – Alunos com altas
habilidades/superdotação : aqueles que apresentam um potencial elevado e grande
envolvimento com as áreas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, liderança, psicomotora, artes
e criatividade. (Res. 4/2009 do CNE).
Já
o Parecer 17/2001 do CNE vai ainda mais longe, ao definir não somente quem é o
aluno superdotado acadêmico e como ele deve ser atendido, em sala de aula,
vejamos : “ (...) 2.3. altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que
os leve a dominar rapidamente os
conceitos, os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber desafios suplementares em
classe comum, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas
de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a série ou etapa escolar.
Como se vê, tanto o Conselho Mundial de
Superdotação quanto o MEC adotaram a teoria e conceito de Renzulli, na medida em que considera como
público alvo do atendimento educacional especializado não somente os
superdotados acadêmicos, mas também aqueles
que apresentam altas habilidades nas seguintes áreas : intelectual,
liderança, psicomotora (esporte), artes (visuais ou dramáticas) e criatividade.
Da maneira como nossa legislação adotou o termo,
para se referir a este público alvo da educação especial, como sendo alunos com
altas habilidades/superdotação, podemos até considerar que estas duas
características : superdotação e altas habilidades sejam sinônimos, mas não são. Muitas pessoas apresentam
altas habilidades em determinada área, mas não necessariamente têm um QI acima
de 130 (psicometria) ou não necessariamente são criativos, mas, mesmo assim,
têm direito ao atendimento educacional especializado, se for comprovada ou
caracterizada suas altas habilidades. Este atendimento se dará, em sala de aula
regular, mediante enriquecimento curricular ou aceleração de série (para os
alunos com superdotação acadêmica e aqui implica em ou excelente desempenho
verificado pela escola através de provas e avaliações ou mediante laudo que
ateste o QI acima de 130 e excelente desempenho acadêmico e maturidade para ser
acelerado de série), ou então, em salas de recursos ou NAAH´s, nos locais em
que estes existirem (aonde os alunos com altas habilidades em artes, música,
esportes poderão ser atendidos, cada um em sua especificidade e forma).
Muitas pessoas com autismo ou também aqueles que
somente apresentam altas habilidades numa determinada área, e não necessariamente
possuem um QI acima de 130, poderão ser atendidos no ensino regular ou em salas
de recursos ou nos Naah´s nas áreas em que
concentram as suas altas habilidades, por exemplo : um aluno que tenha muita
facilidade em história ou na matemática. Nem sempre o aluno com altas
habilidades apresenta um QI acima de 130, mas pode demonstrar altas habilidades
numa determinada área e repito ; isto é
muito comum dentre as pessoas que apresentam o transtorno do espectro do
autismo e que possuem hiperfoco em
determina área de seu interesse (específico e restrito). Estes alunos
também merecem atendimento educacional especializado, mesmo não sendo
superdotados, na visão da psicometria.
Por fim, inteligência
superior é diferente de inteligência muito superior (superdotação). As
tabelas de interpretação e classificação de escores dos testes de inteligência do tipo WISC ou SON R para crianças e o Wais, escala de inteligência para adultos, consideram
como inteligência superior as
pessoas que apresentam um QI entre 121 a 129 (pela classificação de escores propostas por Wechsler - Sattler, 1992) ou com altas habilidades, as pessoas que pontuem como QI total entre 121 a 130 (pela classificação de escores proposta por Struiksma & Geelhoed, 1996). Já, as
pessoas que atingem um QI total no
teste WISC ou SON R acima de 130 são
consideradas como portadoras de uma inteligência
muito superior, e, portanto, superdotadas,
na visão da psicometria.
Portanto, inteligência
superior (que se situa entre 120 a 129 - aonde encontramos como resultado “altas
habilidades”) é diferente de inteligência muito superior (que se situa acima de
130 pontos no QI geral).
Como vocês puderam perceber, este assunto sobre
altas habilidades / superdotação / inteligência superior é bem complexo e
polêmico. E você... qual é a sua interpretação e definição de superdotação diante
disso tudo ?
Texto de autoria de Claudia Hakim. É proibida a veiculação deste texto ou a sua reprodução sem dar os devidos créditos à esta autora.
Claudia muito obrigada pela partilha. O texto é excelente e muito esclarecedor.
ResponderExcluirEduarda
Grata! Foi um prazer!
ExcluirEntendo que o governo deveria levar esses testes até as escolas. Há muitas crianças a serem descobertas que estão perdendo interesse no ensino por não serem "diagnosticadas". As escolas também não estão preparadas o que também piora.
ResponderExcluirEntendo que o governo deveria levar esses testes até as escolas. Há muitas crianças a serem descobertas que estão perdendo interesse no ensino por não serem "diagnosticadas". As escolas também não estão preparadas o que também piora.
ResponderExcluirConcordo ! Ainda temos muito a conquistar em favor destas crianças!
ExcluirObrigada !
ResponderExcluirTambém concordo com serem feitos os testes em escolas, a identificação. Mas com muito cuidado e planejamento! Simplesmente fazer os testes resultaria numa marcação pura, o que pode ser prejudicial para o convívio social dos superdotados, que já têm, muitas vezes, dificuldades de socialização. Testes só devem ser feitos quando já existe um propósito claro, bem definido.
ResponderExcluirConcordo, Bruno,que a identificação só tem validade, quando a escola tem um programa para atendimento ao aluno superdotado ou a cidade conta com salas de recursos ou Naahs que os atendam.Ou se a família puder atender de outra forma, com atividades extra curriculares ou de iniciativa da própria família. Porém, ressalvo que não são muitos superdotados que têm dificuldade em se relacionar. O que pode acontecer é que, dentre os superdotados podem existir muitos autistas de alto funcionamento ou Asperger e estes sim tem dificuldades de se relacionar. E a identificação destes alunos, com suas dificuldades, é imprescindível para os devidos tratamentos (terapia, medicação quando necessário, terapia ocupacionaL e fono, quando houver indicacao neste sentido) e, nos casos dos transtornos do espectro do aúltimo, quanto mais cedo são feitas as intervenções, melhor ser o prognóstico e desenvolvimento da criança. Por fim, ressalto que uma coisa é identificar o potencial cognitivo da criança com testes de inteligência e outra, que eu recomendo como sendo o melhor tipo de avaliação, é uma avaliação neuropsicologica, com não somente aplicação de testes de QI , mas com a aplicação de outros testes neuropsicologicos que poderão apurar outras condições além da eventual Superdotação, tais como o Tdah,os TEA (transtorno do espectro do autismo, entre os quais a Sindrome de Asperger se insere, dislexia, TDO, etc.
Excluirerrata : TEA = transtornos do espectro do autismo
Excluirerrata : TEA = transtornos do espectro do autismo
ExcluirConcordo, Bruno,que a identificação só tem validade, quando a escola tem um programa para atendimento ao aluno superdotado ou a cidade conta com salas de recursos ou Naahs que os atendam.Ou se a família puder atender de outra forma, com atividades extra curriculares ou de iniciativa da própria família. Porém, ressalvo que não são muitos superdotados que têm dificuldade em se relacionar. O que pode acontecer é que, dentre os superdotados podem existir muitos autistas de alto funcionamento ou Asperger e estes sim tem dificuldades de se relacionar. E a identificação destes alunos, com suas dificuldades, é imprescindível para os devidos tratamentos (terapia, medicação quando necessário, terapia ocupacionaL e fono, quando houver indicacao neste sentido) e, nos casos dos transtornos do espectro do aúltimo, quanto mais cedo são feitas as intervenções, melhor ser o prognóstico e desenvolvimento da criança. Por fim, ressalto que uma coisa é identificar o potencial cognitivo da criança com testes de inteligência e outra, que eu recomendo como sendo o melhor tipo de avaliação, é uma avaliação neuropsicologica, com não somente aplicação de testes de QI , mas com a aplicação de outros testes neuropsicologicos que poderão apurar outras condições além da eventual Superdotação, tais como o Tdah,os TEA (transtorno do espectro do autismo, entre os quais a Sindrome de Asperger se insere, dislexia, TDO, etc.
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