Extraído do site : http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/4686/1/2009_GirleneRibeirodeJesus.pdf
Tese
(doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Psicfono Patricia Lucileia
Denize Roberta, 2009.
Normatização e Validação
do Teste Não verbal de inteligência SON-R, 2 anos e meio a 7 anos
Os objetivos principais da
presente tese foram estabelecer normas brasileiras para o teste não-verbal de
inteligência SON-R 2½-7[a], originalmente desenvolvido na Holanda, e obter
evidências sobre sua validade no Brasil. Para tanto, foi realizado inicialmente
um estudo de validação de conteúdo de quatro subtestes (Mosaicos, Categorias,
Situações e Padrões) do SON-R 2½-7, que avalia raciocínio abstrato, concreto e
espacial. Esse estudo resultou em algumas mudanças, implementadas no subteste
Categorias.
A seguir foi realizado um estudo piloto com crianças de uma
instituição de ensino regular e uma instituição destinada a crianças com
problemas auditivos. Os resultados indicaram boa qualidade psicométrica do
teste e todos os subtestes apresentaram índices de fidedignidade satisfatórios.
Após o estudo piloto, os estudos de normatização e validação foram iniciados.
O
processo de normatização foi realizado com uma amostra nacional composta por
1.200 crianças de 3 anos e 3 meses a 7 anos e 9 meses de idade. As crianças que
participaram do estudo eram provenientes de todas as regiões brasileiras, de 13
estados diferentes.
Cada grupo de idade foi representado por uma amostra de 120
crianças, que foi estratificada segundo o sexo, situação educacional e
variáveis demográficas. Um passo de fundamental importância na normatização foi
a transformação dos escores brutos em escores distribuídos normalmente com
média e desvio fixos. Tais transformações geralmente são efetuadas
separadamente para cada grupo de idade. Não obstante, na pesquisa atual um
método diferente foi utilizado: as distribuições dos escores para todos os
grupos de idade foram ajustadas simultaneamente como uma função contínua da
idade.
O procedimento de ajuste foi usado a fim de minimizar as diferenças
entre a distribuição observada e a distribuição populacional estimada. O método
foi desenvolvido na Holanda para a normatização do SON-R 5½-17, sendo também
utilizado para a normatização do SON-R 2½-7. A grande vantagem de sua
utilização é que o uso da informação de todos os grupos simultaneamente torna a
normatização mais precisa.
Outro benefício essencial desse método é a
possibilidade de calcular escores normatizados para cada idade exata na faixa
pesquisada. Uma vez finalizada a normatização foi verificada a fidedignidade do
teste: o índice médio de consistência interna dos subtestes foi 0,79. O
subteste Categorias mostrou a fidedignidade média mais alta (0,81) e Situações
a mais baixa (0,77). A fidedignidade média do SON-R QI foi 0,92. A validade de
construto do teste foi verificada por meio da Análise Fatorial Confirmatória e
da solução Schmid-Leiman.
Os resultados obtidos embasam a distinção que é feita
no SON-R 2½-7[a] entre a Escala de Execução e a Escala de Raciocínio bem como
um fator geral. A validade convergente do SON-R 2½-7[a] foi verificada com os
seguintes testes de inteligência: Wechsler Preschool and Primary Scale of
Intelligence-Third Edition (WPPSI-III), a Escala Wechsler de Inteligência para
Crianças-Terceira Edição (WISC-III), a Escala de Maturidade Mental Columbia
(EMMC) e as Matrizes Progressivas Coloridas (MPC) de Raven.
Com esses testes o
SON-R 2½-7[a] mostrou os seguintes coeficientes de validação: 0,75, 0,67, 0,68
e 0,56, respectivamente. O alto índice de correlação com o WPPSI-III (0,75)
sugere que o SON-R 2½-7[a] está medindo de forma mais ampla o construto de inteligência
que as MPC de Raven e a EMMC.
Assim, o presente estudo disponibiliza um
instrumento de avaliação de habilidades cognitivas válido, fidedigno e com
normas brasileiras para a avaliação de crianças pré-escolares, sendo o mesmo
capaz de contribuir para diagnósticos clínicos de atrasos ou dificuldades
específicas do desenvolvimento cognitivo de crianças em faixa etária
prioritária para intervenção precoce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário