Primogênito de família de classe média de Guarulhos nunca esteve nos EUA e agora busca complemento de bolsa
Amigos, namorada e família afirmam que Luis sabe dividir os momentos de estudar e de se divertir
Na manhã de
sexta-feira, havia um "intruso" na sala dos professores do Colégio
Mater Amabilis, em Guarulhos. Aos 17 anos, Luis Fernando Machado Poletti Valle
era o centro das atenções. Os professores entravam e iam direto parabenizá-lo
pela conquista do dia anterior: na quinta-feira, ele recebeu a carta de
aceitação de duas das mais prestigiadas universidades do mundo, Yale e
Columbia, ambas nos Estados Unidos. Antes disso, já havia sido aprovado em
todos os vestibulares que prestou no Brasil: USP, Unicamp, Unesp, ITA, IME e
UFRJ.
Na sexta,
Luis Fernando visitava a escola em que estudou do 3.º ano do ensino fundamental
até o último do ensino médio. À tarde, participou de uma conversa com os alunos
do curso preparatório para o vestibular do ITA. "É legal que agora me veem
como modelo e eu consegui, de algum jeito, mostrar coisas boas", contou.
Primogênito
de uma família de classe média de Guarulhos, Luis Fernando mora com os pais e a
irmã de 13 anos e nunca esteve nos Estados Unidos, embora já tenha viajado para
o exterior por causa de olimpíadas escolares. Dono de 36 medalhas - entre
competições de Química, Física, Português, História, Astronomia e Geografia -,
já esteve na República Dominicana, na Colômbia e na Grécia. Em uma dessas
viagens, aproveitou para conhecer Roma. "Achei a Itália e a Grécia muito
impressionantes. Mas o lugar no mundo que eu mais quero conhecer é New
Haven", conta.
Clique aqui, para assistir a entrevista do Luis Fernando :
É nesta
cidade do Estado de Connecticut que fica o câmpus de Yale, universidade na qual
Luis Fernando pretende estudar e formar-se físico. Para chegar lá, no entanto,
ainda precisa conseguir um complemento para a bolsa de US$ 46 mil anuais que já
conseguiu da própria universidade - o curso custa US$ 68 mil anuais.
"Quero
uma universidade que forme bem em Humanas e Exatas, e Yale é uma das poucas que
já no primeiro ano têm créditos em todas as áreas. Sinto muita falta disso na
Poli", justifica. Aprovado em Engenharia Elétrica, ele começou a cursar a
Poli em fevereiro deste ano, mas, embora a mudança para os Estados Unidos só
deva acontecer em agosto, não pretende abandonar totalmente o câmpus da
universidade paulista até lá. "Apesar de achar a Poli muito técnica, quero
aproveitar o ambiente universitário. Lá tem gente com todo tipo de formação e
opinião. E isso é incrível", explica.
Leitor
voraz - aprendeu a ler sozinho, com os gibis da Turma da Mônica, e hoje se
divide entre livros de filosofia e quadrinhos -, Luis Fernando gosta de visitar
sites internacionais para se informar sobre assuntos como a crise da Crimeia.
"Eu me interesso muito por conflitos geopolíticos."
'Menino
Olimpíada'. "Eu não tinha ideia da capacidade
intelectual do Luis, até que ele começou a achar o conteúdo da escola fácil e a
procurar mais conhecimento. Isso aconteceu no 3.º ano do ensino fundamental e
percebemos que ele precisava de uma escola mais forte", conta o pai,
Adilson Poletti Valle, de 48 anos. Contador, sempre estudou em escolas públicas
e fez o ensino superior nas Faculdades Integradas de Guarulhos. A mãe, Ewelise,
de 42 anos, parou de estudar no ensino médio. Nenhum deles fala inglês.
Mas,
apesar da dedicação aos estudos - o que o fez ser conhecido como "Menino
Olimpíada" na escola -, professores e amigos garantem que Luis Fernando
faz muito além de esmiuçar livros de Física e Cálculo. "Ele sabe dividir
muito bem os momentos de estudar e sair com os amigos. Não é retraído, como
muita gente pode imaginar. Nos fins de semana, a gente sempre joga futebol e
videogame", diz o amigo Guilherme Araújo, de 18 anos, estudante de
Engenharia da Computação na Unicamp. "Ele tem vontade de sempre estar em
contato com coisas novas e de aprender mais, mas isso não é só com assuntos
acadêmicos", destaca a namorada, Eliaris Alvares, de 18 anos.
"Decidi
aumentar o tempo que gasto, ou melhor, que invisto em filmes, por exemplo.
Porque percebi que cultura não é só Schopenhauer", diz ele, que conta ter
gostado de obras como A Origem, Across the Universe e O Show de Truman. Fã de
rock, gosta de bandas como Metallica e Foo Fighters e, no próximo fim de
semana, vai a um show pela primeira vez. "Vou com a Eliaris ao
Lollapalooza. Queremos ver principalmente o Muse, de quem ela é fã."
"O
Luis não é um 'robozinho', é ser humano", resume a coordenadora geral do
Mater, Margaret Cristina Toba.
Você é muito articulado, Luis Fernando ! Que graça a sua entrevista ! Parabéns e muito sucesso na sua vida acadêmica lá fora e profissional !
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