O descobrir de uma habilidade especial
Em Pinhais, alunos com altas habilidades/superdotação
recebem atendimento educacional especializado
“Estava
pintando e pensei: - Se eu usasse um pincel giratório, iria terminar mais
rápido e seria mais fácil”. Depois da constatação veio a ideia: “Posso usar um
escova de dente elétrica”. Este pequeno relato traduz a habilidade do pequeno
Fábio dos Santos Reszko Júnior, de oito anos, aluno da Sala de Recurso
Multifuncional de Pinhais, com altas habilidades/superdotação. Assim como ele
outras crianças, entre 5 e 10 anos de idade, são acompanhadas e recebem
Atendimento Educacional Especializado (AEE), nas dependências do CADS Helen
Keller. O objetivo do acompanhamento, entre outras coisas, é buscar a inclusão
destas crianças, que neste caso, possuem uma facilidade de aprendizagem além da
média.
Ao lado de Fábio, seus colegas falavam se suas
invenções, experiências químicas, pesquisas, descobertas. A vontade de conhecer
e entender eram evidentes entre aquelas crianças, mesmo assim não perdiam a
inocência natural à idade. Falantes e curiosas, alguns mais tímidos, todos
questionavam e participavam. Realmente surpreendem. Entre eles há os que
aprenderam a ler com dois anos de idade. Para se ter uma ideia, a pequena
Lindsay Moura, de 5 anos possui conhecimento acadêmico comparado à uma criança
de 8 anos de idade.
O que são as altas habilidades/superdotação?
São habilidades desenvolvidas acima da média dos
demais, normalmente possuem destaque em uma determinada área, para qual terão
um potencial de aprendizagem. Raquel explica que autores elencam algumas
inteligências, como a naturalística, a linguística, a sinestésica, a musical.
“Outros teóricos destacam como altas habilidades, a própria criatividade,
por isso não é possível afirmar que as altas habilidades são desta ou daquela
forma”, pondera.
A educadora destaca como características comuns a
curiosidade; flexibilidade de pensamento; senso crítico; gosto pelo desafio;
leitura voraz não uma leitura mecânica, mas sim uma leitura com compreensão.
Além disso, não gostam de rotina e buscam por desafio.
“Considero que é um potencial valoroso para a
sociedade, quando dei o exemplo da criança que está solucionando problemas
encontrados durante as atividades, certamente, ela irá transpor isso para sua
vida e de outras pessoas”, opina a professora da sala de recurso multifuncional
e que acompanha os alunos com altas habilidades/superdotação, Raquel Simas
O processo de aprendizagem
Mas porque falar de inclusão para alunos que não
possuem dificuldades? “Eles também precisam ser incluídos, já que se destacam
de uma forma acima da média em relação aos demais, o que por diversas maneiras
pode afastá-los dos colegas”, explica Raquel. “Assim como nós respeitamos e
desenvolvemos um trabalho com os alunos que apresentam dificuldades de
aprendizagem, as facilidades também precisam ser percebidas. É um processo de
inclusão”, reitera.
A educadora ressalta que o trabalho realizado por eles
é um complemento ao ensino regular, portanto os professores desempenham um
papel fundamental neste processo. “Enquanto mediador ele pode facilitar esta
relação, para evitar bulling,
por exemplo, também impedindo que a criança se sinta deslocada dentro do grupo.
Questões que podem influenciar nas questões comportamentais, se perdendo a
oportunidade de potencializar o que ela tem de bom”, acrescenta Raquel.
Buscando unir a escola, periodicamente são realizadas
reuniões com os professores visando orientá-los para que coloquem a alta
habilidade em uma evidência positiva, valorizando a criança naquilo que ela
traz de melhor. “Nós orientamos o professor para que trabalhe um conteúdo diversificado,
estimule a socialização entre os alunos para que ele se sinta parte integrante
daquele grupo”. Raquel afirma que a palavra chave é estimular, despertando a
curiosidade e a criatividade. “Existe um desafio: nunca esquecer que eles são
crianças, e a processo de maturidade, a vivência, são estágios que ele precisa
passar”, salienta.
A importância do acompanhamento
A coordenadora do CADS Helen Keller, Maria Luiza da
Fonseca salienta que o atendimento especializado visa o enriquecimento
curricular complementando o currículo da escola regular. “O objetivo é dar
condições para o pleno desenvolvimento pessoal, para que encontrem desafios
compatíveis com as suas capacidades. Neste sentido o profissional do AEE,
também realiza o apoio à inclusão desse aluno, na escola comum, orientando os
professores do ensino regular”, explica.
Segundo Raquel não existe uma idade determinada para
iniciar o acompanhamento. “Esta é uma conquista recente, em que as pesquisas
apontam para a importância de ter uma atenção especial”. Para a educadora o
município esta um passo a frente por ter a preocupação de olhar com respeito e
prestar o atendimento. “Este é o reconhecimento de que todas as crianças devem
ter seu desenvolvimento integral. Eu como pedagoga, profissional da educação há
mais de 25 anos, acredito no potencial humano”, defende.
Histórico municipal
O acompanhamento de educandos com altas
habilidades/superdotação existe em Pinhais desde o ano de 2009, quando foi
implantada a primeira Sala de Recurso Multifuncional no município. Ao ser
constada a crescente demanda de crianças que foram avaliadas com hipótese
diagnóstica de altas habilidades/superdotação, a partir de maio do ano de 2012,
em parceria com a Escola Municipal Antônio Andrade, começou a funcionar nas
dependências do CADS Helen Keller a sala de recurso multifuncional para
educandos com Altas Habilidades/superdotação, como um projeto piloto. “Os
alunos recebem atendimentos individuais ou em grupos, de acordo com a
especificidade, habilidade, potencialidade e área de interesse da criança.
Durante os atendimentos são exploradas diversas áreas do conhecimento”, explica
Maria Luiza.
A identificação é feita nas escolas quando é
reconhecida uma percepção mais aguçada, desenvoltura, fluência. Os professores
então encaminham o aluno para a Gerência de Educação Especial e Inclusão
Educacional de Pinhais, que faz o processo de avaliação para chegar a um
diagnóstico de possível altas habilidades, e aluno passe a frequentar as aulas
no CADS.
A família
Mensalmente são realizados encontros que reúnem a
família destes alunos, já que desempenham um papel importante no processo de
aprendizagem. “O intuito é de orientar os familiares na busca de alternativas
para ajudar no desenvolvimento pleno dessas crianças”, complementa Maria Luiza.
Estes são momentos para conversar e discutir sobre a educação dos filhos, e
também para que sejam orientados de como podem buscar meios, recursos e
experiências que facilitem e potencializem o desenvolvimento das capacidades e
talento deles.
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