Fonte : Revista Conhecer
http://revistaconhecer.uol.com.br/historia/o_mais_forte_dos_homens_3.html
Algumas dessas diferenças de comportamento e tecnologia podem ter surgido
porque as duas espécies pensavam de maneiras diferentes. Comparando os
formatos dos crânios, arqueólogos provaram que os Neandertais tinham cérebros
de tamanhos semelhantes aos dos Homo
sapiens , mas com um lóbulo
occipital maior. Esta região, localizada na parte de trás do cérebro, está
associada com o processamento visual, o que pode significar que os
Neandertais tinham uma visão mais aguçada e eram mais capazes de distinguir
objetos em lugares mal iluminados, como florestas escuras.
Os Homo sapiens , no entanto, tinham lobos temporais mais desenvolvidos (região ao lado do cérebro associada à escuta, à língua e memória de longo prazo). “Nós acreditamos que os Homo sapiens tinham um idioma significativamente mais complexo do que o dos Neandertais e foram capazes de compreender e discutir conceitos como passado e futuro distantes”, diz Stringer. Além disso, podemos ter sido capazes de falar mais cedo. Nos Homo sapiens , o trato respiratório superior era mais flexionado do que nos Neandertais, tornando-o mais eficiente na criação de uma grande variedade de sons rapidamente. Penny Spikins, um arqueólogo da Universidade de York, Reino Unido, sugeriu recentemente que os Homo sapiens também tiveram uma maior diversidade de tipos de cérebros do que os Neandertais. “Nossa pesquisa indica que parte do motivo dosHomo sapiens terem tido tanto sucesso é porque eles estavam dispostos a incluir pessoas com ‘diferentes’ mentes em sua sociedade - por exemplo, pessoas com autismo ou esquizofrenia”, explica ela. Uma análise recente do genoma do Neandertal apoia a “teoria das mentes diversas” de Spikins. Foi revelado que os Neandertais não carregavam os genes associados com o autismo ou esquizofrenia. “Parece razoável concluir que os Neandertais eram muito mais semelhantes entre si geneticamente e não estavam preparados para acomodar pessoas diferentes”, diz Spikins. Ao serem tolerantes com traços aparentemente prejudiciais, Homo sapiens adquiriram competências especializadas e uma população diversa que teve melhores condições de adaptação – e exploração – de diferentes ambientes. Por exemplo, pessoas com formas leves de autismo são muitas vezes altamente qualificadas em uma atividade em particular. Não é difícil perceber que características como atenção aos detalhes, memória excepcional, sede de conhecimento e hiperfoco podem levar a conquistas significativas em certos domínios”, diz Spikins. Ferramentas de maior precisão, novas tecnologias de caça e o desenvolvimento de uma comunicação simbólica podem, juntas, terem incentivado as pessoas a “pensar fora da caixa”.
Enquanto isso, pessoas dispostas a levar uma existência isolada podem
ter se tornado exploradores, descobrindo novas terras e recursos.Maneiras
incomuns de pensamento poderiam também ter ajudado as pessoas a desenvolverem
novas formas de resolver as tensões sociais. “Xamanismo, música e dança
ajudaram as pessoas a se conectarem”, diz Spikin.
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