Extraído do site do
Jornal A Folha de São Paulo datado de 10/10/2.012 : http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/71268-quotescolas-nao-devem-adotar-tablet-so-porque-e-modaquot.shtml
"Escolas não
devem adotar tablet só porque é moda"
Debate da 'Folhinha' trouxe opiniões radicalmente
opostas sobre o uso do aparelho durante a infância
Embate entre professor contrário ao uso de
tecnologia por crianças e psicóloga favorável mobilizou a plateia
COLABORAÇÃO PARA
A FOLHA
O tablet não deve ser
usado por escolas só porque "é moda". Para que o aparelho entre em
sala de aula, é preciso antes desenvolver um projeto pedagógico para seu uso e
preparar o professor.
Essa foi uma das
sugestões do debate "Tablet na Infância - Educação e Entretenimento",
realizado anteontem, no Teatro Folha, em São Paulo. O encontro, promovido pela
"Folhinha", teve parceria do Instituto Ayrton Senna e foi acompanhado
por 190 pessoas, a maioria professores e pais. Durou quase três horas e foi
caloroso, com embate entre ideias opostas e manifestação da plateia.
"Se a escola
pede tablet no material escolar, o ideal é que tenha um plano pedagógico. Se
não sabe como será usado, recomendo que o pai não compre. E mais: eu tiraria
meu filho de uma escola assim", disse Thiago Tavares, presidente da
SaferNet Brasil, ONG que trabalha com segurança na internet.
Outro alerta é que o
tablet não tenha acesso 3G e funcione pela rede da escola, o que possibilita um
maior controle da navegação do aluno.
O conflito de
opiniões entre a psicóloga Andrea Jotta, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia
em Informática da PUC-SP, e Valdemar W. Setzer, professor do departamento de
Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da USP,
mobilizou a plateia
Setzer foi o único
debatedor radicalmente contra o uso de aparelhos eletrônicos e da internet na
educação infantil. "Spam existe porque adultos são inocentes e caem.
Agora, imagine criança!", exclamou ele. "Elas são ingênuas e estão
sendo usadas para testar tecnologias", disse.
Para Setzer, as
crianças devem ser incentivadas a brincar com produtos não eletrônicos. Jotta
discordou do professor em diversas ocasiões -e chegou a ser interpelada por uma
espectadora, que defendeu Setzer. "As crianças dão conta de desenhar no
tablet, no papel, de conversar com as pessoas ao vivo e no mundo virtual. Se os
adultos conseguem educar essas crianças é outro ponto. O descontrole que a
gente vê é do adulto", afirmou Jotta.
Mas todos concordaram
em um ponto: a participação ativa dos educadores no desenvolvimento das
crianças. "Pais e professores têm que estar perto das crianças. Eu me
preocupo mais com isso do que com o uso de tablet e internet", disse
Adriana Martinelli, coordenadora da área de tecnologia e educação do Instituto
Ayrton Senna.
Convidada à
discussão, a psicóloga Rosely Sayão, colunista daFolha, não pôde
comparecer.
O debate foi mediado
pela editora da "Folhinha", Laura Mattos, e pelo editor do caderno
"Tec", Leonardo Cruz.
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