Mariana Milani – Psicóloga
Geralmente, quando
pensamos em superdotados, imaginamos aquele garoto “nerd” de óculos, estudioso
ou aquele geniozinho cientista. Acontece que esses
estereótipos nem sempre revelam um superdotado e, certamente, não abarcam a
totalidade de perfis de pessoas superdotadas. Os Portadores de
Altas Habilidades, como também podem ser chamados os superdotados, são curiosos, criativos e
aprendem tarefas com facilidade. Muitas vezes, surpreendem os
pais com habilidades precoces, vocabulário avançado em comparação com crianças
da sua idade e raciocínios complexos.
Ser um superdotado, ou Portador
de Alta Habilidade (PAH), significa situar-se acima da média das
pessoas em relação a alguma habilidade relevante. As características
pessoais dos superdotados variam muito, mas existem alguns traços comuns
entre eles.
Confira algumas características de superdotados :
·
Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações ;
·
Criatividade ;
·
Capacidade para analisar e resolver problemas ;
·
Independência de pensamento ;
·
Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática ou
outros talentos ;
·
Curiosidade e senso crítico exagerados ;
·
Senso de humor ;
·
Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais ;
·
Bom relacionamento social e liderança ;
·
Aborrecimento com a rotina ;
·
Hipersensibilidade.
Problemas comuns :
O que poucas pessoas
sabem é que as crianças superdotadas nem sempre são bem-sucedidas. Se a inteligência
privilegiada as ajuda a compreender mais facilmente problemas e situações, a falta de
orientação pode atrapalhar o desenvolvimento psicológico e criar uma barreira para
a inserção social. Pois, apesar da mente rápida, para o bom desenvolvimento
emocional, essas crianças precisam das mesmas coisas que as outras (às vezes
em maior quantidade) : acolhimento, compreensão, sentimento de pertencer ao
grupo (escola, família) e nem sempre isso ocorre pois, em primeiro
lugar, elas são diferentes do grupo e percebem isso rapidamente; depois, a superdotação
pode provocar desconforto nas pessoas (familiares, colegas, professores, etc.) que se relacionam com
a criança, até mesmo sentimento de inferioridade, e isso pode prejudicar o
relacionamento.
Muitos superdotados olham o
mundo através de lentes de aumento e por serem
diferentes da maioria, enfrentam dificuldades em se adaptar a um mundo que não
foi feito para pessoas como eles. Outros, procuram diminuir a
expressão do seu talento, procurando ficar mais parecidos com o grupo e isso
pode acabar gerando apatia e desmotivação.
O resultado são
adultos que desperdiçam potencial intelectual por dificuldade de se
relacionar com o mundo exterior.
Alguns superdotados
passam por dificuldades no relacionamento social. Muitas vezes procuram
a companhia de pessoas mais velhas, na tentativa de encontrar parceiros com o
mesmo nível intelectual ou o mesmo tipo de interesses. O medo de
não ser aceito, especialmente na adolescência, pode levá-lo à ansiedade e a um maior
envolvimento com atividades individuais.
Por outro lado, algumas
crianças superdotadas precisam ficar sozinhas, talvez mais do que as
outras crianças, para satisfazer seus interesses pessoais. Os
pais precisam compreender e aceitar essa necessidade, desde que ela não
se transforme num isolamento total.
A resistência em
aceitar regras é normal entre os superdotados, pois muitas
vezes eles não as consideram justas nem necessárias, ou não compreendem o seu
objetivo. Os pais devem analisar os limites que estão impondo e explicar ao
filho os motivos dessa conduta.
Outra dificuldade que a família
costuma enfrentar é a falta de tolerância do superdotado.
Ela deve ajudá-lo no processo de autoconhecimento, fazendo-o perceber que a
convivência em sociedade exige esforço e compreensão de todas as pessoas.
A enorme curiosidade faz com que os PAHs
procurem campos pouco explorados pelos outros, apresentando interesses
exóticos. Isso pode acarretar dificuldades operacionais para a família. A
solução é conversar com a criança ou adolescente e explicar quais são os
limites de tempo, financeiros, por exemplo, que se apresentam. Como podem ser extremamente exigentes
com seu desempenho, e igualmente criativos, talvez encontrem, junto com
seus pais uma solução.
Os Portadores de Altas
Habilidades podem ser classificados em diversos tipos, enquadrando-se em
um ou mais de um, de acordo com o Ministério da Educação e da Cultura.
· intelectual: costuma
ser flexível, independente e mostra fluência de pensamento, produção
intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas;
· social: revela
capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa,
sociabilidade expressiva, poder de persuasão;
· acadêmico:
demonstra boa capacidade de produção, atenção, concentração, memória, interesse
e motivação pelas tarefas acadêmicas;
· criativo:
tem facilidade para encontrar soluções diferentes e inovadoras. Exprime-se bem,
é fluente, original e flexível;
· psicomotricinestésico:
destaca-se pela habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras,
agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras;
· especialmente talentoso:
esse indivíduo tende a se destacar nas artes plásticas, musicais, literárias e
dramáticas, revelando uma capacidade acima da média das pessoas em geral.
Conclusão:
Os pais precisam
identificar, o quanto antes, a superdotação do filho e dar instrumentos
para que ele possa colocar seu talento em prática. A observação da criança e a aplicação de testes
de inteligência podem ser muito úteis. Um psicólogo pode
ajudar e orientar os pais nesse processo.
Os pais de um superdotado
precisam ser claros com seu filho, explicando que ele tem um talento
especial, mas que não é melhor do que os outros. É importante ressaltar que
no grupo social é a diversidade de talentos que traz a diversão e o
desenvolvimento e que cada pessoa tem uma contribuição valiosa a dar.
Ele precisa ter a
certeza de que seus pais o compreendem e de que poderá falar quando quiser
sobre suas dificuldades. Dessa forma a família o ajudará a desenvolver uma boa
auto-estima.
Estimular a
convivência com outras crianças, encontrando amigos capazes de desenvolver e
compartilhar determinadas atividades e descobrindo os
talentos complementares dos outros, também faz parte do papel dos pais.
Além disso, os pais precisam
acompanhar seu filho na busca de materiais e informações que o ajudem a dar
vazão à sua curiosidade. Se ele se gostar de ciência ou história, por exemplo,
pais e professores deverão ajudá-lo a encontrar livros, sites e estudos interessantes
sobre o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário