Superdotação, Asperger (TEA) e Dupla Excepcionalidade por Claudia Hakim

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Na pressa e na pressão


Este artigo vai no contra-fluxo do que muitas crianças superdotadas acadêmicas fazem, que é ler e escrever cedo. Mas, eu entendo que, pelo fato das crianças superdotadas serem "especialmente" diferentes, não devemos levar tanto em consideração o proposto por esta autora, pois entendo que ela dirige o seu artigo às crianças "normais" ....


Depois eu quero ouvir a opinião de vocês, leitores, se acham que este texto também pode sera aplicado para as crianças superdotadas.


ROSELY SAYÃO



Por que tanto desespero ? Saber ler, escrever e contar antes dos seis ou sete anos não quer dizer nada




RECEBO MUITAS, muitas perguntas e dúvidas de pais que têm filhos com seis anos, mais ou menos. Várias mensagens chegam em tom quase desesperado. O motivo? O processo de alfabetização dos filhos.


Vamos tentar acalmar esses pais com alguns esclarecimentos importantes para que, um pouco mais tranquilos, eles não pressionem tanto seus filhos.


De partida, é bom avisar: a criança tem tempo de sobra para se desenvolver nesse processo. Qual o prazo? No ensino fundamental, com duração de nove anos, esperamos que a maioria dos alunos esteja alfabetizada ao final do segundo ano.



Por isso, caro leitor, caso o seu filho esteja no primeiro ano, pode relaxar. Ele ainda tem pelo menos um ano e meio para se aprimorar no processo da leitura, primeiramente, e escrita.


Acontece que muitos pais foram convencidos pela sociedade de que é melhor a criança aprender o mais cedo possível a ler, escrever e trabalhar com números. Não é.



Já temos inúmeros estudos e pesquisas apontando que crianças precocemente introduzidas no ensino formal não se mostram, no futuro, mais avançadas nos estudos. Além disso, até demonstram menor curiosidade pelos estudos e menos criatividade nos trabalhos escolares do que suas colegas que se dedicaram a brincar nos anos da primeira infância.



Tem mais: as crianças massacradas por escolas e famílias para a vida escolar no estilo acadêmico antes dos sete anos desenvolvem mais doenças resultantes da ansiedade e da pressão, tais como estresse, desatenção, distúrbios alimentares e do sono, entre outras.




Veja, caro leitor, o resultado dessa ideia que a sociedade desenvolveu nos pais. Uma leitora, que coloco no grupo dos pais desesperados, conta que mudou de cidade e sua filha, matriculada no primeiro ano, já sabia ler e escrever muitas coisas. Mas agora, na transferência de escola, parece que regrediu e se esqueceu de muita coisa que havia aprendido.



O que nossa leitora não percebe é que, se a garotinha esqueceu, é porque não havia aprendido. Talvez tivesse sido treinada, condicionada ou coisa que o valha a escrever e ler algumas palavras. Quem se alfabetiza com sentido, ou seja, quem entende primeiramente a função social da leitura e da escrita, não se esquece com essa facilidade.


Outra mãe que tem a filha também no primeiro ano me escreveu reclamando da escola, por ter enviado muitas lições para serem feitas nas férias. Mas, de quebra, contou que a filha leva duas horas diariamente fazendo lições de casa e, três vezes por semana, ainda faz acompanhamento psicopedagógico por indicação da escola, por apresentar "dificuldades na alfabetização".
Fico penalizada com a vida que essa menina (como muitas outras) está levando. Quando será que ela brinca? Brincar é uma coisa que, até os seis anos, a criança deveria fazer o tempo todo.


O ensino formal de leitura e escrita e o trabalho com números podem ser iniciados aos sete anos sem prejuízo algum para a vida escolar futura dessas crianças. Por que tanta pressa? Saber ler, escrever e contar antes dos seis, sete anos não significa absolutamente nada.


O que significa muito no futuro desenvolvimento do chamado processo de letramento é a criança aprender, desde bebê, o prazer da leitura. Contar histórias para ela, dar livros bonitos para ela brincar e "ler", conversar bastante com ela para que amplie seu vocabulário, ouvir com atenção as histórias que ela gosta de contar e brincar com os sons das palavras são alguns exemplos de como os pais podem ajudar no desenvolvimento de seus filhos.


Mas sem pressão, por favor! As crianças agradecem.


ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha)

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