Excelente ponto de
vista do articulista do Jornal “ A Folha de São Paulo”, do Professor HÉLIO
SCHWARTSMAN, de 27/04/2012, no Caderno Opinião, A2, sobre a
polêmica que se instaurou em nosso sistema educacional e o critério de classificação
para ingresso no primeiro ano do ensino fundamental. Muito sensato e coerente o
ponto de vista do articulista sobre este assunto por ele abordado, de tanta
importância para o nosso público.
HÉLIO SCHWARTSMAN
SÃO PAULO -
Crianças que completam seis anos após o dia 31 de março devem ser impedidas de
ingressar no primeiro ano do ensino fundamental, como quer o Conselho Federal
de Educação? Ou a data-limite deve ser 30 de junho, como professa seu congênere
paulista? Ou ainda 31 de dezembro, como acaba de determinar a Justiça Federal ?
Ignorando a bizantina guerra de
liminares e os conflitos de competência, eu diria que, se há um absurdo nessa
história, é a pretensão dos conselhos de estabelecer regras rígidas que tenham
validade universal.
Não estou advogando pelo vale-tudo. O processo de alfabetização, ao
contrário da linguagem oral, não vem naturalmente. A escrita precisa ser
ensinada e exige uma maturidade neurológica (cognitiva e motora) que só surge
lá pelos seis anos de idade.
Esse recorte, é claro, resulta de uma
média, e médias, como se sabe, são traiçoeiras. Basta lembrar que, na média, a
humanidade tem um testículo e um seio, ainda que seja raro encontrar alguém com
essas características. Analogamente, embora a média para a alfabetização seja de seis anos,
muitas crianças já estão prontas aos cinco, enquanto outras só desabrocham lá
pelos sete. Há ainda
os disléxicos graves que só aprendem com acompanhamento especial.
O único jeito de saber em qual categoria
cada aluno se encaixa é avaliando seu desenvolvimento psicomotor, o que
professores estão aptos a fazer, mas não burocratas lotados em Brasília ou nas
secretarias, que jamais viram o estudante em questão.
Uma explicação plausível para a
insistência dos conselhos em criar normas rígidas é que não confiam nas
escolas. É possível que tenham razão, mas, neste
caso, todo o sistema de ensino ficaria sob suspeição.
Há situações, como a definição da
maioridade penal, em que é muito difícil escapar a marcos decididos de forma
arbitrária. Descobrir se uma criança está pronta para cursar o ensino
fundamental não é uma delas.
Perfeita colocação, é isso mesmo!
ResponderExcluirApoiado! Cada criança é um indivíduo e deve ser visto como tal.
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