Alto grau de
curiosidade, boa memória, atenção concentrada, facilidade de aprendizagem e
vocabulário avançado para a idade, estão entre as características das crianças
que possuem altas habilidades, segundo o Ministério da Educação (MEC).
Arte:
Júnior Lima
Manaus
- Pelo menos 54 alunos da rede
pública de ensino do Amazonas são considerados ‘superdotados’. A
Secretaria de Estado de Educação (Seduc) estima, também, que cerca de 20%
dos alunos da rede possuam alto desempenho em alguma área do conhecimento que
ainda não foi identificada.
Alto
grau de curiosidade, boa memória, atenção concentrada, facilidade de
aprendizagem e vocabulário avançado para a idade, estão entre as
características das crianças que possuem altas habilidades, segundo o Ministério
da Educação (MEC).
Para
algumas pessoas, o superdotado seria o gênio, aquela criança que apresenta um
desempenho extraordinário e ímpar em um determinado campo do conhecimento. Para
outros, seria um jovem inventor que surpreende pelo registro de novas patentes;
para outros, ainda, seria aquele aluno que é o melhor da classe, ou a criança
precoce, que aprende a ler sem ajuda.
De
acordo com a assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Semed),
atual responsável pelo acompanhamento de 30 alunos com altas habilidades do
Ensino Fundamental da capital, Carlene Martins, o termo superdotado sugere a
presença de um talento, seja na área musical, literária, de artes plásticas ou
na área acadêmica.
Segundo
Martins, ainda é muito comum que a criança com altas habilidades seja encarada
como um gênio, mas a maioria dos alunos atendidos pela Semed com essas
características apresenta algum tipo de déficit no aprendizado.
A
gerente de atendimento educacional específico da Seduc, Lenice Salerno, disse
que em um dos casos emblemáticos avaliados pelo Núcleo de Atividades de Altas
Habilidades/ Superdotação (Naah/s), um aluno do 9º ano da rede estadual de
ensino possuía alto domínio em, pelo menos, cinco instrumentos musicais,
incluindo violino, mas também apresentava um histórico de baixas notas.
Salerno explica que a primeira fase do processo de identificação do aluno superdotado cabe ao professor dentro de sala de aula, que por meio de um formação especial aprendeu a ter um olhar diferenciado para as características de cada estudante.
Salerno explica que a primeira fase do processo de identificação do aluno superdotado cabe ao professor dentro de sala de aula, que por meio de um formação especial aprendeu a ter um olhar diferenciado para as características de cada estudante.
Os
pais e responsáveis também possuem um papel importante, na avaliação da
assessora pedagógica da Semed. “Dentro de casa o pai já percebe que seu filho
possui características acima da média, percebe que o filho é inquieto, curioso
e isso pode ser conversado com a escola”, orientou Martins.
Dom
especial
Com
4 anos de idade, Louise Gabriele de Oliveira, hoje com 9 anos, já demonstrava,
segundo a mãe, a dona de casa Lilian de Oliveira, 33, um dom especial para a
área artística.
“Eu
e o pai dela ficávamos impressionados. Como uma menina daquela idade conseguia
desenhar as expressões faciais tão bem? E os traços foram mudando e ela foi
assumindo uma identidade no desenho dela”, relatou a mãe.
Louise
foi reconhecida como uma aluna com altas habilidades por meio de um colega de
sala, que também apresentou a superdotação para a área das artes.
Há quase três anos no projeto, o colega de sala de Louise, Andrei Emanuel de Souza Costa, também de 9 anos, tinha dificuldades no aprendizado e na capacidade de concentração, segundo assessora pedagógica da Semed, Carlene Martins, com a integração do aluno no projeto de altas habilidades Andrei passou a ser aluno destaque no colégio, inclusive em outras disciplinas.
Há quase três anos no projeto, o colega de sala de Louise, Andrei Emanuel de Souza Costa, também de 9 anos, tinha dificuldades no aprendizado e na capacidade de concentração, segundo assessora pedagógica da Semed, Carlene Martins, com a integração do aluno no projeto de altas habilidades Andrei passou a ser aluno destaque no colégio, inclusive em outras disciplinas.
A
mãe de Andrei, Maria Aparecida de Souza, 43, conta que o filho sempre gostou
muito de desenhar e que um professor de Educação Física foi o primeiro a
observar o talento do aluno.
Habilidoso
com o desenho, o menino consegue elaborar histórias em quadrinhos com
facilidade, todas trazendo mensagens morais.
Quando
perguntados sobre o que gostariam de ser quando fossem adultos, o estudante de
apenas 9 anos afirma que deseja ser um grande desenvolvedor de jogos. “Antes eu
pensava em ser desenhista, mas desenhista eu já sou, né? Agora, quando desenho
fico imaginando como seria a minha vida se eu pudesse elaborar jogos online, se
eu pudesse ter minha própria história em quadrinhos”, disse.
Louise,
que possui maior facilidade no desenho de pessoas, diz que pretende ser
estilista quando crescer. “Quero apresentar meu trabalho em grandes desfiles”,
relatou.
Para
a Martins, o principal diferencial das crianças superdotadas é a evolução da
habilidade especial. Ela explica que muitas crianças desenham bem ou possuem
destaque academicamente, mas estagnam ao longo do tempo.
Os
pais dos estudantes também sentiram a evolução rápida das crianças. “Antes ela
ficava nas cores básicas, agora tenho que estar sempre atrás de cores novas que
eu nem conhecia, não pode faltar papel, além dos estudos que hoje eles são
alunos destaque”, disse.
Amparados
por lei
A
inclusão dos superdotados na educação especial é amparada pela Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, de 1996, e pelo Plano Nacional
de Educação, de 2001.
Atualmente, a Seduc e a Semed trabalham a suplementação das habilidades dos estudantes no contraturno.
De acordo com a gerente de atendimento educacional específico da Seduc, Lenice Salerno, conforme a necessidade demonstrada pelo aluno, ele é encaminhado para uma das instituições parceiras.
“Comprovada
a alta habilidade do aluno cabe ao núcleo encaminhá-lo para a instituição
parceira capaz de auxilia-lo no desenvolvimento de sua aptidão no contraturno,
como atividade suplementar”, explicou.
Entre
as instituições parceiras do núcleo, atualmente, estão o Liceu de Artes e
Ofícios Cláudio Santoro, o Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam) e a Fundação Vila Olímpica (FVO).
As
crianças com altas habilidades da rede municipal são atendidas por professores
que buscam aperfeiçoar o talento dos estudantes que possuem superdotação.
“Quando
temos um aluno com habilidades para matemática um professor trabalha essa
criança para a sua evolução. O mesmo acontece com a Língua Portuguesa, com a
área artística. É preciso alimentar essa sede de conhecimento que eles têm,
constantemente”, disse Martins.
Para
Salerno, manter o interesse dos alunos com altas habilidades é o maior desafio.
Ela explica que muitas vezes o estudante perde a vontade de estudar nas aulas
porque deixam de se sentir desafiados.
“Nós
temos uma aluna que estuda a primeira série, mas sabe de conteúdo da segunda.
Então esse professor se passa uma avaliação com cinco questões para turma, pra
essa aluna ele tem que passar dez. Tem que estimular o conhecimento porque o
diferencial desse aluno é que se a prova valesse dez ele tiraria 12 sempre”,
explicou a gerente.
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