Antonio Carlos da Costa Junior foi aprovado em 19º lugar para cursar direito na Universidade
Federal de Três Lagoas (UFMS) (Foto: Livia Tadioto/Divulgação)
Antonio Carlos da Costa Junior, de 15 anos, morador de Presidente Venceslau, conseguiu na
Justiça autorização para poder frequentar as aulas do curso de direito da
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), campus de Três Lagoas (MS).
Em 2013, quando ainda cursava o primeiro ano do ensino médio, ele prestou o
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovado entre os 20 melhores. Após
a divulgação do resultado, para ter o poder “pular” duas séries, os pais de
Júnior precisaram pedir uma antecipação de tutela, proferida nesta
segunda-feira (17), dia da matrícula.
“Eu estudo bastante desde a 8ª série. Sou bolsista em um colégio
particular onde meu pai é professor e decidi que faria medicina. Porém,
com o passar dos anos, percebi que não era isso que eu queria. Minha irmã
estudava direito na UFMS e durante algumas conversas decidi que era essa
carreira que eu queria seguir”, afirma o jovem universitário, que neste ano
tinha começado a cursar o segundo ano do ensino médio.
O pai de Antonio é professor, assim como a mãe dele. Jovem irá morar com as irmãs (Foto: Livia Tadioto/Divulgação)
Porém, a conquista precoce de Júnior quase não pode ser comemorada. “Precisava
entregar o certificado de conclusão de curso, mas era praticamente impossível
conseguir faltando quase dois anos para terminar o ensino médio. Tivemos que ir
atrás de um advogado, que conseguiu uma liminar na Justiça”, conta.
O documento foi motivo de ansiedade para toda a família. O pai de
Júnior, Antonio Carlos da Costa, conhecido como Toninho, de 50 anos, conta que
durante a espera, a expectativa foi grande. “Não conseguíamos
caracterizar um sentimento. Com a nota do Enem, tínhamos quase certeza de que
ele conseguiria a vaga. A parte dele já tinha sido feita, ficamos dependendo da
Justiça. Foram dias de ansiedade até sair o resultado da liminar. Felizmente
deu tudo certo e nesta quarta-feira [19], ele já poderá iniciar os estudos na
universidade. Mas a nossa ficha ainda não caiu”, relata o pai.
A juíza Daiane Thaís Souto Oliva de Souza, da 2ª Vara do Fórum de
Presidente Venceslau considerou plausível a capacidade intelectual do aluno,
“necessária para prosseguir com seus estudos em nível superior, embora conte
com somente 15 anos”. Segundo ela, “a idade isoladamente considerada, não
obstante a previsão expressa na Portaria 144/2012 do Ministério da Educação,
não pode constituir óbice intransponível ao acesso a níveis superiores de
ensino, segundo a capacidade de cada um”.
Filho de professores e irmão mais novo de duas estudantes de
universidades públicas, Júnior não esconde a ansiedade por ser o aluno mais
novo da sala. “Estou na expectativa, mas não tenho medo, não. Creio que estou
preparado para começar a faculdade”.
O pai, cheio de orgulho, conta que o adolescente sempre foi muito
esforçado e responsável. “O conhecimento dele é acima da média. Nos boletins,
grande parte das notas eram 10. Ele sempre estudou sozinho, se preparou com
antecedência para o Enem e o resultado foi esse: 19º lugar no curso de direito
da UFMS”.
O estudante também foi classificado para a segunda opção de curso
selecionada no Enem, na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS).
“Optei em ficar na UFMS para poder morar com as minhas irmãs. Elas já estudam
por lá, porém, como a mais velha mora em Ilha Solteira [SP], eu e a minha irmã
do meio vamos para lá também. São 45 minutos até a Universidade na cidade
vizinha”, diz.
Segundo os pais, apesar da confiança, eles só autorizaram a mudança do
adolescente devido ao cuidado que receberá das irmãs. “Se fosse em outro local,
ele não iria. Apesar de acreditarmos na maturidade dele, o Júnior é muito novo.
Com as irmãs, sabemos que ele estará em boas mãos”, comenta o pai.
Embora comemore a felicidade do filho, ele não deixa de afirmar que o
coração está apertado por deixa-lo sair de casa tão jovem. “ É complicado. Os
três estão indo embora e o ninho ficou totalmente vazio. Mas eu e a mãe deles
sabemos que é assim mesmo, eles têm que tocar a vida. Ele realmente queria
muito isso e está preparado para enfrentar os desafios que estão por vir. Em
virtude disso, aceitamos essa separação, mas não deixamos de monitorá-los e de
cuidar. Eles são as nossas joias”.
MEUS
COMENTÁRIOS :
Que
bom que o Judiciário do Estado do Mato Grosso do Sul tem reconhecido o talento
e o potencial destes jovens alunos e entendido que o sistema educacional não
deve funcionar somente com o critério etário, mas, também com o critério da
competência, para permitir o acesso ao ensino mais elevado ! Parabéns ao aluno,
aos seus pais e á Juíza pela brilhate decisão ! Espero que o restante do nosso
Judiciário brasileiro, em que eu advogo, siga esta tendência
jurisprudencial.
Nesta terça-feira (18), Antonio participou de uma
festa de despedida na escola onde era bolsista(Foto: Livia Tadioto/Divulgação)
festa de despedida na escola onde era bolsista(Foto: Livia Tadioto/Divulgação)
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