Artigo extraído do livro "Superdotación y Asperger", da Autora e Psicóloga Yolanda Benito, Editora Fundamentos Psicopedagógicos, escrito em espanhol e por mim traduzido.
ESTUDO
DE CASO
SAMUEL,
4 ANOS E 8 MESES. JULHO DE 2.006 “Hoje eu vim aqui para que me coloque
óculos, porque um menino da minha classe usa óculos e eu quero coloca-lo para
que para que pensem que eu sou outro garoto” (sobre a ida dele ao
oftalmologista, a seu pedido).
Samuel,
quando veio á consulta, havia sido previamente diagnosticado como aluno
superdotado. Não havia sido diagnosticado o transtorno de Asperger, as
dificuldades adaptativas e de comportamento que Samuel manifestava, pois eram
consideradas como parte de comportamento que pode ter um aluno superdotado que
se entendia em sala de aula.
No informe
realizado pela Psicóloga Clínica da Universidade de Saúde Mental Infanto
Juvenil do Hospital Universitário, com data de 2.005 reconhece a seguinte
valoração : “Samuel apresenta um quoeficiente intelectual que se engloba dentro
do grupo muito superior, baseando-se nas provas realizadas. Observou-se que
houve uma certa distração na realização das provas e uma tendência a ignorar as
instruções fazendo outras tarefas que pareciam a si mais interessantes.
No informe de
avaliação, realizado em 2.008 pela Equipe de Orientação Educativa e
Psicopedagógica com data de 2.006, as conclusões foram :
“De acordo com a
categorização de base de dados ATDI proposto pela Conselheira de Educação, as necessidades
educativas de Samuel incluem :
- Grupo :
Superdotado
- Tipologia :
Precocidade Intelectual
Pontos Fortes :
Capacidade de aprendizagem rápida, boa compreensão e fluidez verbal, facilidade
para assimilar experiências, um desenvolvimento generalizado na maioria das
provas acima de sua idade.
Pontos deficientes
: motricidade fina, habilidades perceptiva visual e motora.
Processos de
atenção : é difícil centrar-se em uma tarefa e manter a atenção sobre ela,
tende a trocar continuamente o seu objeto de atenção. Resiste a trocar de atividade
quando é de seu agrado.
Processo
auto-regulatório : Não pode permanecer quieto por muito tempo ; excitado e em
certos momentos impulsivo, fantasia muito , se ilude, uma conduta geral
explosiva, não se pode anteceder.
O motivo da
consulta é : O problema começou no primeiro ano da escola. A criança se adaptou
muito mal, começou a mostrar-se agressivo, a desobedecer mais do que o
habitual, até o ponto de que havia momentos em que era impossível conseguir que
fizesse algo e dizia que não, inclusive as coisas que disse que sabia e que
gostava.
Custa muito a
aceitar as regras, é muito ranzinza, é absolutamente intolerante as frustrações,
não sabe lidar com os seus iguais (pares) e, em consequência tinha problemas
terríveis para se adaptar a escola e estes problemas resultaram em casa em má
conduta e a sensação de que sempre está em tensão, medindo forças com qualquer
um e pensa que as pessoas riem dele e não o querem. Um exemplo : Um dia,
chega em casa e disse que não estava se sentindo bem. Depois de muito insistir
e perguntar (e fazia como se não estivesse realmente se sentindo bem), eu o
levei ao pediatra e ele me recomendou para um oftalmologista. O oftalmologista
fez as provas de praxe e encatandora disse a ele com toda a doçura que a sua
vista estava boa e que não era preciso usar óculos. Ele , então, se põe sério e
contesta : -Hoje, eu vim aqui para que me colocasse óculos, porque um garoto da
minha classe os usa e eu quero coloca-los para que pensem que eu sou outro
menino”...
Segundo o pai, o
motivo da consulta era “o maior problema é a causa da agressividade de
Samuel, isto junto com a desobediência e a falta de flexibilidade, fazem com que
seja muito difícil de conviver com ele. Cada vez, ele tem mais força e temos
receio de que algumas de suas explosões prejudique alguém’.
Por outro lado, é
um problema a sua falta de observação das convenções sociais, esse descaramento
que para meninos mais velho parece muito gracioso, faz com que se meta e nos
meta em situações complicadas e que os demais meninos tendem a ficarem longe
dele”.
Desenvolvimento
evolutivo : Samuel andou aos 10 meses, com um ano falou a sua
primeira palavra, com um ano e meio era capaz de manter um diálogo. Sempre foi
considerado como um menino muito esperto, atento, observador e com boa memória.
Algumas de suas aprendizagens foi precoce : aos 18 meses contava até 10, com 2
anos conhecia as cores, com dois anos e meio sabia o abecedário e aos 3 anos
aprendeu a jogar xadrez. Já mostrava curiosidade pelas coisas, fazia perguntas
exploradoras, o vocabulário era adiantado. Começou a ler aos dois anos e meio,
mas, atualmente, não lê um livro com facilidade. Tem interesse pela ortografia
das palavras, desde os dois anos e meio.
Fazia fileiras de
carros perfeitas nos jogos.
Manifestou interesse
precoce pelo tempo, as horas do relógio, a torração dos planetas, Aprendeu a
contar as horas no relógio aos dois anos e meio.
Está agressivo ;
bate nas pessoas por qualquer motivo, ou mesmo sem motivos, é agressivo
verbalmente também. Não consegue representar um personagem. Pede que
representemos para ele. Pede que leiamos para ele.
Os prêmios e
castigos que damos nele parece que não funcionam. As vezes gagueja. É
desobediente, irritável, nervoso, mimado, discute com facilidade. Perde as
estribeiras facilmente, se magoa facilmente, pede ajuda para coisas que pode
fazer sozinho. Fala excessivamente, não termina as coisas que começa, é excitável,
impulsivo, troca constantemente de atividade. É destrutivo, as vezes com as coisas,
é questionador e exigente.
Os pais observaram
que ele é distraído e tem gaguejado. Gosta de tudo muito frio. Banho frio,
comida fria.
As vezes são
observados movimentos estereotipados. Está sempre se movimentando (agitado). As
vezes repete parte de um diálogo, um conto e outras não.
Tem manias com os
granulados das comidas. Quando come a salada, tem que comê-la com um garfo e a
carne com outro garfo.
O texto sobre as
descrições de Samuel é imenso, mas, desde que ele entrou no Colégio, aos 3
anos, ele tem problemas de agressividade, bate, morde, belisca os outros. É
dependente da professora e carinhoso com ela. Mas, chegou, inclusive, a agredir
os professores.
Tem dificuldade de
se relacionar socialmente. Não guarda o nome de nenhum colega ou professor. Não
mede as palavras. Fala sem pensar. Não gosta de jogar ou brincar com os meninos
de sua idade e gosta de conversar com os meninos mais velhos, mas, somente
sobre os assuntos de seu interesse.
Os testes de QI
dele deram entre 140 a 156.
Foram realizadas
várias provas de avaliação em Samuel, avaliando : O desenvolvimento de sua
linguagem, o aprendizado dos conceitos básicos, a capacidade de raciocínio
lógico. Escalas de conduta, escala de depressão, escala de agressividade,
escala de hiperatividade, e obteve pontuação alta para : agressividade,
hiperatividade, depressão e atipicidade (indicador de problema de conduta, como
morder a roupa, ingerir coisas não comestíveis, Escala de ansiedade (a
preocupação excessiva é uma característica central dos transtornos de
ansiedade).
Escala de adaptação
que mede a capacidade de adaptar-se a mudanças de rotina e a novos professores,
troca de uma tarefa para outra e compartilhar jogos ou pertences com outros
garotos. A pontuação de Samuel foi baixa nesta escala.
Nas Escalas de BASC
foi observado graves problemas comportamentais de Samuel e uma baixa capacidade
nas escalas de adaptação e habilidades sociais.
CONCLUSÃO
: Considerando o
conjunto de valorização Samuel é uma criança de 4 anos e 8 meses de
inteligência excepcional (superdotação intelectual) com excepcional capacidade
para a aprendizagem.
A idade mental de 7
anos e 8 meses na prova de Stanfor-Binet prova recomendada a nível mundial para
medir inteligência superior.
O nosso Diagnóstico
, segundo a DSM-IV-TR, Samuel apresenta Transtorno de Asperger. A desarmonia
observada nos comportamentos e a inadaptação de Samuel NÃO É DEVIDO Á SUA EXCEPCIONAL INTELIGÊNCIA, dado que existem
crianças com a mesma capacidade ou superior e que não apresentam as dificuldade
de adaptação e desajustes emocionais que se observam em Samuel.
O transtorno de Asperger se caracteriza por dificuldade qualitativas de inteiração
social. Samuel apresenta dificuldade com as relações interpessoais,
especialmente em grupo. Samuel não compreende as convenções e as interações sociais
e estabelece mais facilmente relações com as crianças mais velhas do que ele.
As crianças com Transtorno de Asperger são carinhosos e podem estabelecer laços afetivos com sua família,
podem ser carinhosos, porém de acordo com as suas condições. : com pessoas
selecionadas e quando eles querem. O Transtorno de Asperger se caracteriza por
ter um bom prognóstico, pois conseguem trabalhar, ter a sua própria família e
crianças, deenvolver-se em atividades profissionais , sempre centradas em seus
interesses específicos. Alguns conservam condutas extravagantes que aparecem na
infância.
As relações de
Samuel são com meninos superdotados de idades parecidas no programa de
enriquecimento extracurricular. Custa-lhe manter uma conversa que não está
relacionada com o seu tema de interesse. Mostra uma resposta especial a
estímulos auditivos, mostra uma sensibilidade diminuída a dor e a frio, mostra
sintomas de hiperatividade e negativismo e tem observado movimentos estereotipados.
As
crianças superdotadas convencionais manifestam desejos de se relacionar com
crianças mais velhas ou adultas, mas diferentemente das crianças com Transtorno
de Asperger são capazes de fazer amigos, seja de uma idade ou de outra,
entendem as convenções sociais, mostram interesse pelo que acontece ao seu
redor, fazem jogos simbólicos, se desenvolvem mais cedo do que as crianças
normais, não apresentam problemas de comunicação, se lêem precocemente, não é
uma leitura mecânica, também compreensiva e são capazes de entender os
sentimentos dos outros.
De um
modo geral, nos primeiros anos de vida, o interesse das crianças superdotadas
convencionais é restritivo e ocasionalmente apresentam interesse obsessivo em
alguns temas : os números, as letras, a geografia, as bandeiras, o universo, os
sinais de tráfego, etc, mas a diferença das crianças SD convencionais para as crianças
superdotadas com Asperger é que quando eles (SD convencionais) ficam mais
velhos, a partir dos 6 anos, aproximadamente, o campo de interesse deles se
abre e não mostram interesses e nem atividades restritivas. Por outro lado, crianças SD convencionais tb podem ter
dificuldade de adaptação escolar, mas conseguem manter relações de amizades nos
outros lugares que frequentam, no parque, com a família, nas aulas extra
curriculares e conseguem a aceitação dos adultos.
Normalmente, os pais recorrem a numeroso especialistas até que conseguem
um diagnóstico adequado ( de Asperger), em outras ocasiões ocorre que os pais não
aceitam o diagnóstico ( de Asperger), marcando outras consultas, em outros
médicos, esperando sempre que o médico (especialista) anterior tenha se
confundido. Normalmente custam a aceitar a validez da sintomatologia expressada,
tendendo a analisar cada sintoma em separado, tirando a importância, lhes é
difícil admitir que o diagóstico tenha sentido em seu conjunto e que um sintoma
por si só não é significativo, frente ao conjunto de todos os elos que estabelecem
o diagnóstico.
As preocupações frente a um diagnóstico errôneo são legítimas, se
apresenta um desafio, tanto igual como contrário, reconhecer que, mesmo que
alguns alunos superdotados não tenham a Síndrome de Asperger, outros a têm.
Normalmente, para os pais, a primeira excepcionalidade que eles
identificam em seus filhos é a superdotação, quando criança, na forma de uma
habilidade verbal avançada, um traço compartilhado pelos alunos superdotados e
os que apresentam Asperger.
A maioria das
crianças superdotadas, que têm sido pela Autora do livro avaliadas, são
crianças sem transtornos associados. Os transtornos associados, com maior frequência
são TDAH, Transtorno de Aprendizagem e
transtorno de Ansiedade.
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