quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Brilhantes por natureza - Parte 2












Eles são muito mais numerosos do que você pensa. Pode haver um superdotado no seu prédio, na escola ou até na sua casa.




por Claudio Angelo





O carioca que conquistou Harvard




Ricardo Tadeu Cabral de Soares enfrentou sua primeira batalha judicial quando tinha apenas 12 anos de idade. Enquanto cursava a 8ª série do Primeiro Grau, ele foi o primeiro colocado no vestibular para Direito numa faculdade particular do Rio de Janeiro. Mas era jovem demais para ter a matrícula aceita. Seu pai, o advogado e arquiteto José Paulo de Soares, precisou recorrer à Justiça para conseguir uma liminar que permitisse ao garoto freqüentar a universidade à noite e a escola de manhã. A decisão só saiu depois que ele convenceu o juiz de que o filho era superdotado.




Não foi difícil argumentar. Afinal, um menino que começou a ler aos 3 anos de idade, escreveu um livro aos 9 e aos 11 desenvolveu um programa de computador que dava prognósticos de turfe com 90% de acerto não poderia mesmo ser normal. Assim, em 1988, Ricardo virou o mais jovem universitário brasileiro. Quatro anos depois, entrou para o Livro Guiness dos Recordes como o mais jovem advogado do mundo. Aos 18, concluiu o mestrado em Direito na renomadíssima universidade norte-americana Harvard, uma das maiores concentrações de superdotados no planeta. E se tornou o mais jovem mestrando em Ciências Jurídicas nos 362 anos de história daquela universidade. “Ele sempre foi precoce em tudo”, disse à SUPER o pai coruja, dias antes de embarcar para os Estados Unidos, onde a irmã de Ricardo, Marcelle, de 22 anos – que, aliás, também é superdotada –, acaba de concluir o mestrado em Administração de Empresas.



Hoje, aos 23 anos, casado e com um filho, Ricardo é diretor jurídico de uma grande indústria de bebidas no Rio e comanda funcionários com o dobro da sua idade. “Nunca me senti diferente das outras pessoas. Só tive um pouco de visão”, minimiza. Não acho que tenha perdido a minha infância. Ao contrário. Dá até alívio chegar aonde cheguei, num mercado tão competitivo.”



O desafio de educar os minigênios (sic)



Sexta-feira à tarde. Os alunos da 5ª série se reúnem no laboratório. A aula: Mecatrônica e Circuitos Eletrônicos. A cena é um tanto incomum para um Primeiro Grau. Mas essa não é uma 5ª série qualquer. É uma turma de superdotados, que recebe educação diferenciada numa escola particular de São Paulo.




“A superdotação é um potencial hereditário, mas que só se realiza num ambiente propício. A falta de estímulo pode bloqueá-la”, disse à SUPER a psicóloga Cristina Cupertino, coordenadora do Programa de Orientação e Identificação do Talento do Colégio Objetivo. Segundo ela, a escola comum é, muitas vezes, um estorvo para o desenvolvimento do talento. Obrigado a seguir o mesmo programa dos colegas, o superdotado se frustra. Ou, pior, nem sequer chega a descobrir para que servem suas habilidades.



Por isso, é vital saber como detectar uma criança-prodígio e ajudá-la a se desenvolver. É o que aconteceu, numa escola de Brasília, com o garoto malaio Huat-Chye Lim, que aprendeu a ler aos 2 anos de idade. Ao perceber que o aluno era diferente dos demais, a diretoria da escola resolveu criar um programa especial, só para ele. No ano passado, aos 14 anos, Huat-Chye ingressou no curso de Computação na seleta Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Mas nem todo mundo tem a mesma sorte. “Na população infantil brasileira, temos milhões de gênios em potencial”, afirma o fisiologista Gilberto Xavier, professor da Universidade de São Paulo. “Mas ninguém vai chegar lá cortando cana no campo.” Segundo a ABSD, apenas 2 470 superdotados têm atendimento especial no Brasil, em sete Estados. Os principais programas estão em Brasília e em Lavras (MG), onde são atendidas cerca de 700 crianças. Em Lavras, as aulas especiais do Centro para o Desenvolvimento do Potencial e Talento (Cedet) são voltadas para as habilidades específicas de cada criança. “A nossa preocupação é criar uma escola desafiadora, onde o aluno não procure ‘aquela’ resposta certa, mas fique livre para buscar as próprias soluções”, explica Zenita Guenther, do Cedet. Não é preciso ser superdotado para perceber que aí está um exemplo que merece ser seguido.



Seu filho é superdotado ?



Este teste foi criado pelo psicólogo francês Jean-Charles Terrassier para identificar superdotados entre crianças de 6 a 12 anos. Se o seu filho fizer mais do que 20 pontos (num total de 39), ele tem, provavelmente, uma inteligênciaacima da média. Para cada resposta positiva, você deve somar os pontos correspondentes.



CRIANÇA...


1.      ...aprendeu a ler antes de entrar na escola?

(Sozinha: 7 pontos / Com ajuda: 5 pontos)



2.    ...lê muitos livros rapidamente?

(2 pontos)

3.    ...manifesta interesse por enciclopédias e dicionários ?

(2 pontos)

4.    ...prefere a companhia de crianças mais velhas ?

(2 pontos)

5.     ...gosta de conversar com adultos ?


(2 pontos)

6.    ...faz perguntas variadas e originais ?

(2 pontos)


7.     ...quer sempre saber o “porquê” de tudo ?

(1 ponto)


8.    ...faz observações de extrema perspicácia sobre assuntos que lhe interessam ?

(2 pontos)

9.    ...tem grande capacidade de fazer críticas e de julgar seus pares ?

(1 ponto)

10.                        ...manifesta tédio diante de atividades rotineiras ou repetitivas ?

(1 ponto)

11.  ...é muito sensível a injustiças, mesmo se a vítima não é ela ?

(1 ponto)

12....tem enorme senso de humor ?

(2 pontos)

13....usa um vocabulário rico para fazer reflexões profundas ?

(2 pontos)

14....adora jogos de estratégia e de desafio, e se sai muito bem neles ?

(2 pontos)

15. ...é querida pelos colegas de escolar ?

(1 ponto)

16....prefere trabalhar sozinha ?

(2 pontos)

17. ...tem interesse pelo Universo e pela Pré-História ?

(2 pontos)

18....tira boas notas sem estudar ?

(2 pontos)

19....tem uma grande sensibilidade para a música e para as artes ?

(2 pontos)

20.                      ...está sempre mudando de hobby ?

(1 ponto)



No foco de Hollywood




O pessimismo dos superdotados em relação ao futuro da humanidade é tema freqüente de filmes de Hollywood. Em Mentes que Brilham (foto), de 1992,o protagonista Fred Tate tem úlcera aos 7 anos, de tanto ler sobre guerras e catástrofes. Em Gênio Indomável, de 1997, o prodígio Will Hunting, interpretado por Matt Damon, se recusa a trabalhar para o governo norte-americano para não ter de desenvolver armamentos.




Minutinho brilhante


Os irmãos Tomás e Gustavo Martins podem não ser Spielbergs, mas já conseguiram ao menos uma proeza como cineastas. Em 1997, em São Paulo, eles venceram o Minutinho, categoria do Festival Mundial do Minuto – que premia filmes com 1 minuto de duração – para menores de 15 anos. “Como não sabíamos nada sobre cinema, resolvemos fazer um filme sobre como fazer um filme”, conta Gustavo, 15. Os jurados adoraram. Mas a dupla vai além das telas. Gustavo é escritor e já tem cinco livros infantis publicados. Tomás, de 16 anos, é desenhista. Este ano eles apontam de novo a câmera para o Festival do Minuto. Desta vez o de gente grande.


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