terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Diagnóstico é complexo e depende da atenção do docente

Foto: Edi Vasconcelos



INTERESSE ESPECÍFICO - Antes disperso, hoje Guilherme usa seu dote nas artes para ilustrar explicações coletivas. Foto: Edi Vasconcelos



Cinthia Rodrigues (novaescola@atleitor.com.br)






Mesmo nos casos em que não há a certeza de que o estudante tem altas habilidades, o estímulo do professor é bem-vindo. Foi o que pensou Sandra Nogueira quando percebeu o talento de Guilherme Oliveira de Souza, seu aluno da 7ª série da EE Odylo de Brito Ramos, em Teresina. Ela passava pelas fileiras quando notou um desenho muito bom no caderno. "Vi que ele tinha feito um em cada página. Era o conteúdo das aulas na frente e um desenho no verso." 




Ela conversou com o garoto, tido como desinteressado pela maioria dos professores, e percebeu sua paixão por imagens. Nas semanas seguintes, apresentou materiais especiais, como pastel a óleo, bico de pena, nanquim e papel apropriado para desenho. "Ele aprendeu vários estilos", conta. Em História da Arte, Guilherme também se destaca. Quando Sandra pede um exemplo de pintura da fase que está sendo estudada, todos colam figuras recortadas - Guilherme reproduz. Em Ciências, ele ajudou a todos ao desenhar em uma parede uma grande flor decomposta, com todas as suas partes (veja foto acima). 





Recentemente, quando o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades do Piauí esteve na escola e pediu aos educadores que ficassem atentos à possibilidade de alguns alunos terem altas habilidades, a professora indicou o garoto (que havia chegado até a 7ª série sem ser descoberto). "Agora, os colegas comentam que ele tem estado mais presente também nas outras disciplinas", afirma ela. 





Denise Fleith, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (Unb), tem pós-doutorado em altas habilidades no Reino Unido e é formadora de novos especialistas no Brasil. Ela também defende a criação de salas de recurso e acredita que o professor da classe regular pode contribuir com o enriquecimento do currículo. "Ele pode e deve apresentar ao aluno caminhos para o desenvolvimento de seu potencial, desde materiais para pesquisa até contatos de estudiosos dos assuntos."




  
Como identificar a superdotação




Reserve alguns minutos para listar os nomes dos alunos que logo vêm à sua mente quando você lê as descrições abaixo. Utilize essa lista (preparada pelo MEC) como uma "associação livre" e de forma rápida. É provável que você encontre mais do que um estudante em cada item. Quem exibir consistentemente vários dos comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades. 



1 Aprende fácil e rapidamente. 


2 É original, imaginativo, criativo, não convencional. 


3 Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns. 


4 Pensa de forma incomum para resolver problemas. 


5 É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado). 


6 Persuasivo, é capaz de influenciar os outros. 


7 Mostra senso comum e pode não tolerar tolices. 


8 Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas. 


9 Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes. 


10 É esperto ao fazer coisas com materiais comuns. 


11 Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.). 


12 Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.).
 

13 Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente. 


14 Aprende facilmente novas línguas. 


15 Trabalhador independente. 


16 Tem bom julgamento, é lógico. 


17 É flexível e aberto. 


18 Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica. 


19 Mostra sacadas e percepções incomuns. 



20 Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros. 


21 Apresenta excelente senso de humor. 


22 Resiste à rotina e à repetição. 


23 Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa. 


24 É sensível à verdade e à honra.




Reportagem sugerida por seis leitores: Edilene Neves da Silva Dourado, São Paulo, SP, Eusilene Lisboa Azevedo, Belém, PA, Leila Aparecida de Oliveira Barros Cardoso, Campo Grande, MS, Ricardo Mello, Guará, DF, Vanessa Correa dos Santos, São José dos Campos, SP, e Vanessa Moreno Marques, Araras, SP







Um comentário:

  1. Claudia, esta lista do MEC deveria ser material obrigatório do professor. Ter esta lista em mãos significa muitas possibilidades de alunos identificados e atendidos como no caso do garoto Guilherme. E é tão simples...

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