sábado, 10 de setembro de 2011

Mais um conceito sobre superdotação...





Joseph Renzulli, renomado pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre o Superdotado e Talentoso da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos, em seu Modelo dos Três anéis, considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de traços :

a) habilidade acima da média em alguma área do conhecimento (em relação aos pares da mesma idade e origem social e cultural) ;


b) comprometimento com a tarefa (implica em motivação, vontade de realizar uma tarefa, perseverança e concentração) ;


c) criatividade (pensar em algo diferente, ver novos significados e implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em outro).


Nem sempre a criança apresenta este conjunto de traços desenvolvidos igualmente, mas, se lhe forem dadas oportunidades, poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu potencial.




Renzulli discute ainda a importância de se entender a superdotação como um comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas (naquelas que apresentam alguma habilidade superior à média da população), em certas ocasiões e sob certas circunstâncias (e não em todas as circunstâncias da vida de uma pessoa) [Renzulli & Reis, 1997].


Esta diferenciação é importante, pois este autor, ao considerar a superdotação como um comportamento a ser desenvolvido, retira a discussão da questão, muitas vezes estéril, de se rotular uma criança como superdotada ou não, para enfocá-la na necessidade de se oferecer oportunidades educacionais fundamentais e variadas para que um número maior de crianças possa desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação.


Deste ponto de vista, segue-se que tais comportamentos podem e devem ser desenvolvidos naquelas pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou apresentam maiores resultados em testes de QI.


Frequentemente se confundem termos como precocidade, "criança prodígio”, gênio ou “hiperatividade” com as Altas Habilidades/Superdotação.


Chamamos de precoce a criança que apresenta alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do saber ou do fazer como, por exemplo, na música, na matemática, na linguagem, na leitura, nas habilidades motoras. As crianças precoces tendem a se equiparar com seus pares, à medida que passa o tempo. A criança com Altas Habilidades/superdotação pode apresentar precocidade em alguma área, mas os dois termos não são sinônimos.


A “criança prodígio” é aquela que apresenta um desenvolvimento, em alguma área do saber ou do fazer humano, equivalente ao de um adulto especialista na área. Um exemplo foi a atriz Shirley Temple (que chegou a ser cogitada para a personagem do filme “O Mágico de Oz”, interpretada por Judy Garland). Entretanto, a atriz não teve uma performance tão destacada depois que se tornou adulta. Esse termo, portanto, não é equivalente de altas habilidades/superdotação.


Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres, são exemplos de gênios, termo este reservado para aqueles que deram contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. Certamente os gênios foram pessoas com altas habilidades/superdotação, mas não toda pessoa com altas habilidades/superdotação será necessariamente um gênio. Portanto, esses termos também não são sinônimos.


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de origem genética, causado por alterações no funcionamento e nas conexões de alguns neurotransmissores. Os sintomas comuns do TDHA (desatenção, impulsividade e hiperatividade), muitas vezes, levam a diagnosticar uma criança com Altas Habilidades/Superdotação como “hiperativa” equivocadamente. Entretanto, sob hipótese alguma o TDAH é sinônimo de Altas Habilidades/Superdotação.


As pessoas que marcaram a história por suas contribuições ao conhecimento e à cultura não são lembradas pelas notas que obtiveram na escola ou pela quantidade de informações que conseguiam memorizar, mas sim pela qualidade de suas produções criativas, expressas em concertos, ensaios, filmes, descobertas científicas, etc.
[Renzulli & Reis, 1985]

Um comentário:

  1. Eu gosto muito deste conceito atribuído por Renzulli, de atribuir a superdotação a um comportamento, que pode vir ou não a ser desenvolvido, ao invés de rotular a criança como superdotada ou não.

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